Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ.
Segundo os cálculos do economista Daniel Duque, no primeiro trimestre de 2018 o processo de aumento da desigualdade teve prosseguimento no país: “os 40 % mais pobres da população perderam renda enquanto camadas intermediárias e de rendimento mais alto recuperaram ganhos”. Conforme ainda divulgado pelo referido economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, “a renda média mensal dos 20% mais vulneráveis caiu de R$ 400 no primeiro trimestre de 2017 para R$380 neste ano- recuo de 5%. Na ponta superior, os 20% mais ricos viram seu ganho médio mensal passar de R$5.579 para R$6.131, alta de 10,8% na comparação atual”.
Ele explica que “as classes média e alta do Brasil estão conseguindo recuperar a renda do trabalho, só que a base da pirâmide ainda está amargando perdas”. Os empregados que são os mais dispensados são aqueles menos qualificados que gera uma redução da demanda relativa por trabalho pouco qualificado e isso vai comprimindo os salários mais baixos.
Diante disso eu me questiono se a crise em nosso país pode ter passado?
Quinta-feira (24) eu saí para jantar e conversando com o garçom que nos atendeu, ele nos falou em um tom de desânimo que está faltando alimentos nos restaurantes para atender os consumidores. Com a queda de fornecimento das refeições, eles estão com medo de serem mandados embora. Me disse ainda em um tom de tristeza: – com essa greve dos caminhoneiros tudo pode acontecer! Que insegurança!
Pode-se dizer que as indústrias de automobilísticas e de autopeças, junto com o setor de alimentos, foram as primeiras afetadas pela greve de caminhoneiros. Não sabemos até quando essa greve possa se estender já que a Polícia Federal aderiu aos caminhoneiros. No entanto, já estamos vivendo o resultado dessa greve. O efeito é rápido demais! Minha filha se casou ontem e quantas pessoas deixaram de estar presente nesse momento tão importante para mim e para ela? A greve afeta também o emocional, um complexo de coisas, vai além das perdas na indústria automobilística que irão refletir nos resultados da produção industrial do país. O prejuízo é imenso.
Mas de quem é a culpa desse caos que estamos vivendo?
A solução da crise política e econômica que assola nosso país passa pelo resgate da confiança da população nas instituições. Há a necessidade da mobilização de todos, para que ocorra a melhoria do ambiente dos negócios. Isso é democracia, pois se o Congresso Nacional reflete os desejos da sociedade, é a própria sociedade que deve transformar o Congresso. Não podemos ficar submetidos pelos órgãos de controle que não tem compromisso com as realizações, que não querem sair do imobilismo.
Quando os candidatos prometem algo na campanha e depois que eleito não cumprem o que prometeram passam a serem punidos pelos próprios eleitores. Estamos em uma enorme desesperança, sem presidente e sem ordem! São os políticos os responsáveis quando mudam a politica, quando jogam o país na crise.
Penso que o caminho mais viável consiste em fincarmos trincheiras com o intuito de eleger candidatos que realmente tenham o desejo de aumentar o emprego, diminuir a queda na renda familiar, diminuir a inadimplência e redução do Produto Interno Bruto que desafia os empresários de todos os setores.
O respeito, a transparência e o diálogo são premissas para qualquer relação que estabelecemos.
Paz e Bem!