Margareth Maciel de Almeida Santos
Advogada e doutoranda em Ciências Sociais.
Pesquisadora CNPQ.
Continuando o assunto das Olímpiadas, pois aqui no Rio, o clima é esse… Não poderia perder a oportunidade de contar para vocês o que me aconteceu.
Estávamos indo para o parque olímpico, eu e minha filha, assistir a partida de Brasil e China, modalidade polo aquático. Infelizmente, vocês já devem saber do resultado, mas vou contar: Brasil perdeu. Mesmo assim parabenizo as atletas, fizeram de tudo para vencermos.
O contexto do artigo é a nossa entrada no parque, a segurança. Havia duas entradas, uma para quem carregava bolsa e outra para quem fosse sem. Havíamos levado, e ao passar pelo raio x acusou a presença de um objeto comprido dentro de minha bolsa. Fiquei assustada quando um policial federal me “solicitou” para que eu a abrisse. No momento, não entendi a “solicitação”, pois tinha certeza que não portava qualquer tipo de arma. Eles me relataram que havia em minha bolsa um objeto comprido e que teria um metal na ponta. Mais assustada fiquei, não me recordava de que carregava uma escova de cabelo. Ela me acompanha por todos os lugares para onde vou. Esse era o problema o cabo da escova com um metal na ponta. Hoje posso rir da situação, mas no momento foi constrangedor. Nunca pensava que aquela escova de cabelo que me acompanhava para todos os lugares poderia me fazer passar por tal constrangimento.
Passei a pensar em toda aquela segurança no parque olímpico, embora fosse baixo o risco de um ataque terrorista. Afinal o Brasil está recebendo pessoas de todo o mundo e todo o planeta é alvo do terrorismo islâmico. Eu me lembrei do 11 de setembro de 2001.
Depois de uma reportagem que foi exibida no Fantástico, revelou-se que havia a presença de quatro pessoas envolvidas comprovadamente com o terrorismo internacional que pretendiam vir ao Brasil para os jogos olímpicos do Rio, mas tiveram seus credenciamentos e entrada no país negado pela Polícia Federal. Foi o meu consolo!
No entanto, ataques ocorridos em Paris, que mataram muitas pessoas, ameaça terrorista durante a final da Copa do Mundo de 2014, Estado Islâmico que reivindicou atentado em Bruxelas, são fatos que significam que qualquer ação terrorista põe em cheque os procedimentos de segurança adotados por países, mesmo que estes se integram ao primeiro mundo.
O Brasil tem falhas de segurança muito graves, pois a violência aumenta enquanto o nosso país vive em sua história republicana momentos cruciais, sociedade dividida, Estado fraco, crise de credibilidade, além de políticos e empresários de peso na cadeia, acusados de corrupção.
Eu não me sinto preparada para entender, o porquê de tantas pessoas matarem e morrerem por determinadas causas, sejam elas políticas, econômicas ou culturais? Quais são realmente as ideologias que movem as práticas terroristas e quais são os discursos construídos sobre essa prática?
Sabemos que o terrorismo que envolve organizações criminosas pratica a violência por fins econômicos e religiosos. Mas o que tem por trás disso?
O lado bom é que a olímpiada realizada no Rio de Janeiro, ano 2016, chegou ao fim, entrando para a história sem registrar atentados terroristas como ocorreu nas Olímpiadas de Munique em 1972.
O fato que me deixou “aterrorizada” foram os atletas americanos ao inventarem que foram assaltados. Será que a estória inventada foi respaldada na fragilidade do esquema de segurança do Brasil? Até se esqueceram das câmeras de segurança, que demonstrou os horários diferentes dos que foram relatados por eles, além de denunciarem que estes se encontravam com os seus pertences ao passar pela Polícia Federal.
O caso inventado pelos referidos atletas teve um desfecho trágico para estes, e a verdade veio à tona. Segundo a Globo News, os atletas foram indiciados por falsa comunicação de crime.
Eles pedem desculpas à polícia pelo transtorno e pela repercussão causada por toda polêmica.
Isso bastaria?
Nos Estados Unidos, a reação ao caso nas redes sociais foi de críticas ao Brasil, como também comentários irônicos sobre a situação dos atletas. O jornal The New York Times, destaca que o “Brasil retira nadadores americanos de voo para casa”. A colunista de esportes do USA Today, o maior jornal de circulação nos Estados Unidos, Nancy Armour fez uma série de duras críticas à atuação das autoridades brasileiras no caso. Ela diz que “a polícia brasileira não é exatamente conhecida pela sua contenção ou confiabilidade. Mentir para a polícia é ruim. A polícia mentir é uma diferença de opinião. Esta deveria ter maiores preocupações em uma cidade onde o crime nas ruas é desenfreado e bairros inteiros são dominados por traficantes e gangues”.
Eu me pergunto:- o que as pessoas têm na cabeça?
Sem ter como fazer comparações entre terrorismo e o ato dos atletas em mentir, inventado um suposto assalto, posso dizer que para mim é impossível entender o terrorismo como também é difícil entender a necessidade que as pessoas têm de inventar histórias.
Vai entender a cabeça dos homens!