O ano começou e a luta para começar a colocar as coisas que viemos deixando de lado recomeçou. Motivados pela mudança de ano muitos de nós começa no mês de dezembro a adiar as coisas dizendo “no início do ano eu começo” “no inicio do ano eu faço” e por aí vamos procrastinando varias coisas importantes. A neurociência explica o que acontece com o seu cérebro quando você procrastina. Ano passado foi publicado na revista Galileu um vídeo de um pesquisador explicando que existem dois mecanismos importantes no cérebro que colaboram para que um indivíduo procrastine. O primeiro é o sistema límbico, que é conectado com a parte do cérebro ligada ao prazer. “Quando você sente vontade de algo, quando realmente quer conseguir fazer alguma coisa, é o sistema límbico que está controlando esse processo”, afirma ele. “O problema é que esse sistema só liga para prazeres e dores muito imediatas.” Ou seja, para planos de longo prazo esse sistema motivacional não ascende no cérebro. E nem raramente fazemos coisas prazerosas a todo instante.
Já o segundo é o córtex pré-frontal, que tenta controlar as vontades e o impulso do sistema límbico. É ele quem faz planos a longo prazo. Segundo as palavras do pesquisador a maior fraqueza do córtex pré-frontal seria seu “cansaço”. Ele ficaria cansado rapidamente. “Isso quer dizer que, quando nós procrastinamos, o córtex pré-frontal planeja o futuro, mas o sistema límbico intervém, pedindo uma ação que traga prazer instantâneo”. É como se nosso cérebro entrasse numa queda de braço, o córtex pré-frontal planeja coisas a serem executadas enquanto faz milhões de decisões ele começa a se cansar e aí o sistema límbico entra em cena tentando relaxar as coisas e te oferecendo no lugar dos planos traçados uma atividade imediatamente prazerosa. Por exemplo: ‘Tá deixa eu parar esse artigo aqui e ir na geladeira verificar se não tem nada para eu beber…’ Percebam que nesse exemplo eu nem estou exatamente com sede, mas em busca de algo gostoso para me poupar de algo trabalhoso que esta sendo executando.
Um psicólogo da Universidade Carleton, no Canadá, está realizando trabalhos e pesquisas em busca de “intervenções” com as quais pretende ajudar as pessoas a pararem de procrastinar. Durante uma entrevista em meados do ano passado ele falou sobre algumas atitudes que ajudam no processo. Saiba quais são elas:
1 – Quebre uma grande meta em pequenas tarefas. Em vez de ir em direção a um grande acontecimento, estipule objetivos menores que te ajudarão a chegar na linha de chegada. O ideal é marcar quando você pretende começar e acabar a tarefa, e ficar de olho no caminho que fará para terminá-la.
2 – Lembre-se de como as pequenas tarefas te ajudarão a chegar a um determinado lugar. Ou seja, deixar algo para mais tarde não tornará sua vida melhor, só te deixará mais cansado e ansioso. Quanto mais cedo você começar e se organizar para realizar uma tarefa, mais chances tem de fazer tudo com calma e atenção.
3 – Crie barreiras para a procrastinação. Deslogar de todas as redes sociais e deixar seu celular no modo avião do outro lado da sala podem ser boas formas de começar. Afaste tudo aquilo que pode ser uma potencial distração e foque no que tem que ser feito. Você será mais eficiente assim.
4 – Desenvolva um sistema de pequenas recompensas. Esses minipresentes podem servir de motivação para o seu trabalho. Toda vez que você terminar uma tarefa, desfrute de uma recompensa: de um intervalo de alguns minutos até uma xícara de café, vale tudo — desde que você não se perca no meio e esqueça de fazer o resto dos trabalhos.
5 – Comece. A dica mais simples também é verdadeira: antes de qualquer coisa, você precisa começar a fazer o que precisa. Senão acaba voltando para o ciclo vicioso do início da matéria e dará início à procrastinação.
Este é o início de 2017. Estamos no 5° dia de 365 dias. Dá muito tempo para treinarmos nossa recusa as tentações do sistema límbico. Eu mesma decidi apenas ir na geladeira em busca da minha bebida depois que acabasse a coluna. E agora concluída minha tarefa vou atrás do meu prêmio. Bom Ano para Todos!
Luciana Azevedo Damasceno – Neuropisicóloga e Terapeuta Cognitivo-Comportamental formada pela PUC Rio. Elogios, dúvidas e sugestões: [email protected]