Qual é o PODER da igreja de Jesus?
Existem pelo menos dois tipos de poder: o poder natural, espontâneo, e o poder ‘forçado’ (roubado?), que sempre é alheio à nossa natureza, e que opera com segundas intenções, nem sempre identificáveis – geralmente maliciosas, maléficas, condenáveis.
O poder natural ocorre como resultado de princípios internos, que até podem se parecer como impulsos ou inclinações, algo que é normal, isento de pre-meditação ou de um estímulo externo.
Qual é o poder de uma árvore?
Uma árvore muda um ambiente, trazendo vida, seja em forma de cores, seja no exalar do oxigênio – sem o qual não há vida.
Quando penso no movimento que Jesus criou, reconheço essa naturalidade, espontaneidade, mas também, esse poder de transformação, de exalar o oxigênio indispensável à vida. Uma ou duas gerações após os acontecimentos descritos por Lucas, o teólogo Justino Mártir (100-165) resumia assim o apelo da comunidade cristã:
Aqueles que outrora se satisfaziam em fornicação agora abraçam unicamente a castidade; nós, que outrora tínhamos o maior prazer em acumular riquezas e propriedades, agora compartilhamos com aqueles em necessidade; nós que antigamente vivíamos cheios de ódio e desejos de matar ao próximo, e de nenhuma forma nos associaríamos com homens de outras culturas por causa de seus costumes diferentes, agora, desde a vinda de Cristo, vivemos familiarmente com eles e oramos por nossos inimigos.
Que descrição perfeita! Mas, uma igreja comandada por seres humanos pode perder essas principais características do poder original. Os que a lideram podem perder o foco inicial e primordial, que ela foi plantada para trazer luz, vida, esperança, ajuda, uma nova oportunidade, ou chance para quem perdeu o rumo, ou a conexão com suas origens.
Uma árvore verdadeira nunca se ‘perde’ quanto a sua missão: está no mundo para trazer vida, trazer frutos que fomentam a vida.
Tenho relatado aqui minha experiência recente com uma igreja que tem essas características de árvore, e que está crescendo tanto no seu lugar de origem como em qualquer lugar onde as “notícias” sobre ela são espalhadas.
Existe algo muito especial sobre notícias: elas são como sementes. Se a semente é boa, e o terreno é fértil, ela vai germinar, e produzir o mesmo fruto bom. Foi assim com o movimento de Jesus: nasceu e cresceu naturalmente, com as mesmas características, com o mesmo poder que ele, o Senhor e Messias, tinha.
Jesus é essa árvore original, e ele planta árvores iguais a ele onde quer que ele é levado. É um privilégio muito grande fazer parte deste movimento. Pois o mundo precisa de transformação.
Estamos em meio a uma guerra fraticida horrível, na qual não existe consideração pela vida – não importa se é inocente, se é frágil, se um dia pudesse se tornar num grande descobridor, inventor ou benfeitor da humanidade – nada importa.
A guerra é cega – ela pensa numa coisa apenas: como posso ter mais, mais influência, maior domínio, mais poder. Como posso conquistar mais território, mais facilidades para mim, para os meus, para o meu país, para a minha nação: MAIS, MAIS, MAIS.
A guerra é irracional. A guerra é louca. Os argumentos da guerra vão numa direção apenas, são egoístas, totalmente não-éticos. Na guerra o indivíduo é vítima, ou instrumento para matar. Mas seu valor pessoal não conta, não existe.
Jesus veio instaurar uma forma de conquista diferente: que respeita cada indivíduo, que restaura até o criminoso, que devolve a dignidade àquele que a perdeu. Jesus traz vida a uma comunidade, e a todos convoca para essa transformação.
Soube, entrementes, algo muito triste. Pela Rádio de France ouvi que o líder (Patriarca) da igreja da Rússia abençoou os soldados russos, ou, para ser bem claro, essa guerra. O líder (ou Patriarca) da mesma igreja, mas sediado na Ucrânia, lhe implorou para não o fazer. Infelizmente, ele o fez.
O Papa Francisco também entrou em cena, indo à Embaixada Russa no Vaticano e pediu que crianças, velhos, mulheres fossem poupados. Teve algum efeito?
Assim tem sido a história da humanidade: chega o momento em que a única coisa que a igreja consegue fazer é “abençoar” ou “santificar” (dar uma auréola de santidade?) às ações e atos injustos dos governantes. Enquanto isso, muitas vidas são perdidas, prejudicadas, perenemente perturbadas – uma posição totalmente contrária à daquele que iniciou esse movimento que chamamos de “igreja”.
Jesus falou aos discípulos e a todos nós QUE DEVERÍAMOS SER DIFERENTES – e com certeza, pela vida que ele levou, e como ele enfrentou as autoridades, foi uma atitude completamente diferenciada!!!!
Me perdoem se eu levanto esse tipo de pergunta aqui nesse nosso jornal, mas o fato é que O ERRADO NA IGREJA começa em cada um de nós. Embora nosso Mestre, Senhor e Deus disse enfaticamente que NÓS seríamos DIFERENTES! E ONDE ESSA DIFERENÇA VAI COMEÇAR A APARECER? OBVIAMENTE, lá em casa, em meio a meus familiares, lá na comunidade, em meio a meus irmãos e irmãs! Aí – se os relacionamentos tenderem para conflitos, brigas, GUERRA – será uma espécie de “treinamento” prático, útil, e até definitivo diante de situações maiores, inclusive de uma guerra fatídica.
Por isso, acho muito oportuna a pergunta: Como seria o mundo se a igreja que existe fosse realmente a árvore que Jesus plantou?
Como estaria o mundo hoje se as árvores plantadas, digo, igrejas, que inclusive carregam o nome do Salvador, não tivessem sido mal influenciadas, dominadas, controladas pelo inimigo da humanidade – que opera igualmente em todo mundo, na Rússia, nos EUA, na UE, no Japão, na China e no Brasil também?
Estamos lidando com um inimigo que sempre esteve presente, e que continua muito vivo, e cheio de vigor.
TEMOS DE voltar ao início do verdadeiro movimento de Jesus. Não podemos continuar a fazer o jogo do inimigo. E temos de começar conosco, com nossa família, com nossa comunidade.
Precisamos diagnosticar qual é o tipo de poder que impera na igreja à qual pertencemos. É mais que urgente e necessário que não nos alinhemos a campanhas do “bem” que trazem, promovem, inspiram o mal.
Escrevo para as lideranças. Mas também para todo e qualquer um, pois cada um de nós é um líder, não importa quantos liderados nos sigam!
Jesus trouxe o poder natural, espontâneo, transformador de ambientes, de vidas a este mundo – ELE não é apenas poderoso, mas também poderoso para transformar a cada um de nós.
Nosso alvo deve ser – sermos, representarmos a árvore que traz frutos de paz, de justiça, de esperança, de fé.
Se você, cara leitora, caro leitor, quiser dar a sua opinião sobre o assunto, você pode me escrever. O endereço é:
Estejamos vigilantes – que em nenhum lugar e nunca irradiemos o mal, a guerra.
Muita paz em sua vida, em sua família, em sua igreja!
Sejamos árvores que dão frutos bons, agradáveis – que trazem alegria, perdão, reconciliação, esperança – paz. Não custa nada, não! É só seguir o Mestre!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum