Uma atmosfera de aceitação, compreensão e bondade
Quando penso na primeira comunidade de seguidores de Jesus na cidade de Jerusalém, imagino que era um lugar com um ar refrescante e muito convidativo.
Ali ninguém se achava superior aos outros, e toda pessoa nova que aderia – por causa do amor que sentia muito presente – logo também exalava o mesmo perfume agradável. O Espírito Santo operava maravilhosamente entre eles.
Era um ambiente contagiante, refrescante, renovador!
Melhor ainda, eram pessoas que viviam no mar do amor de Deus revelado em Jesus Cristo, cujo exemplo de dar sua vida pelos seus irmãos, e por todos que o aceitam, era e sempre foi e é muito transformador.
Os líderes religiosos de sua época Jesus criticou duramente por colocarem “fardos pesados” sobre os fiéis. Por cima disso, eram exigências que eles mesmos não cumpriam! Chamou-os de hipócritas, falsos, e até de “sepulcros caiados”, que por fora estão limpos, pintados, mas por dentro – sai de perto! Restos de ser vivo apodrecidos, malcheirosos e que devem ficar enterrados!
Foi muito grave essa crítica do nosso Senhor. Na semana passada compartilhei o sofrimento que a família do líder passa em muitas congregações religiosas. (Será que foi essa a razão da instituição do celibato? Sim, há outras razões também.)
Hoje quero tratar de outro assunto “pesado”: o peso de “leis” dentro da comunidade que destroem a alegria, e colocam a todos (menos o “chefe”?) num estado constante de alerta falso, e de cobranças e julgamentos mútuos. Até parece que, para ser bem aceito, você precisa ‘trabalhar’ nas aparências, no jeito de vestir, de portar o cabelo, etc. – coisas tão ligadas à cultura local, regional ou de um povo…
Puxa, Jesus falou tão claramente “não julgueis, para que não sejais julgados”. Será que isso é tão difícil de fazer? Ou, então, “com a medida que julgardes, vos julgarão também”! Foi ele também que disse isso.
Então, POR QUE JULGAMOS NOSSO PRÓXIMO?
Voltando à comunidade sobre a qual estou compartilhando: perguntei ao líder (o filho do fundador) como eles agiam em relação aos “usos e costumes” em sua comunidade.
Em outras palavras, se alguém vem visitar o culto com roupa muito ‘moderninha’, vão chamar a atenção dele, corrigi-lo? Ou se o cabelo for de um tamanho diferente – aquela questão que homem é ‘cabelo curto’, mulher, ‘cabelo comprido’? Assim, pequenas coisas – principalmente na APARÊNCIA – isso é razão para julgar, ou mesmo, reprimir alguém?
Essa é a bem conhecida questão dos “usos e costumes”.
O pastor relatou – ao responder – uma situação até recente. Um casal distinto veio visita-los num culto, e eles ficaram bem impressionados – gostaram de estar aí, e de poder participar da reunião de culto ao Deus vivo. No final do encontro eles fizeram questão de falar com o líder: “- Foi muito bom estar aqui! Estamos bem inclinados a nos unir a vocês. Uma questão, porém: As pessoas terão de mudar seu estilo de vestir, e de portar seu cabelo!”
O pastor, muito amavelmente, respondeu assim: “- Queridos irmãos, muito obrigado pela sua visita. Sabem, em nossa cidade há muitas igrejas boas, e sugiro que os irmãos continuem na sua pesquisa. Aqui em nossos encontros cada pessoa se apresenta do jeito que ela deseja. Ninguém chama à atenção ou corrige a ninguém. Isso tem sido assim desde o início. E muita gente – depois de experimentar a nossa “atmosfera” livre, mas cheia de amor – até chega a mudar algumas coisas na aparência, ou nos costumes, ou no vocabulário. Mas ninguém – e principalmente aqueles da nossa liderança, irá dar esse tipo de conselho a respeito da roupa, estilo de cabelo – enfim, assuntos de usos e costumes pessoais!”
Fiquei pensando e outro exemplo me veio à mente: Imagine um hospital, onde, ao invés de se tratar das feridas, dores, doenças dos pacientes, os médicos, enfermeiras, todos se esmeram em aspectos secundários, como manicure, pedicure, corte de cabelo e outros cuidados pessoais importantes – coisas que dizem respeito ao indivíduo e que lhe fazem sentir bem, ou ‘higienizados’. Mas a dor continua, a ferida não sara, a doença nem é diagnosticada.
Uma comunidade de fé é um lugar onde Deus opera – e Ele vai fundo no diagnóstico e tratamento, geralmente de “dentro para fora”!
A estratégia mais ampla e constante que Deus emprega é o amor, é a aceitação, é receber a pessoa do jeito que ela é ou está, recebe-la inteiramente, faze-la sentir-se amada, reconhecida, benquista – tudo isso é parte do tratamento da alma, da psiquê, do espírito.
Sim, concordo que tanto o consultório ou o atendimento do conselheiro ‘profissional’ de qualquer área, mas sobretudo, que cuida do interior de uma pessoa (psicólogos, psiquiatras e médicos em geral) são extensões do “hospital de Deus”, como Jesus mostrou muito bem.
Quando ele disse “Eu sou o bom pastor” ele falava de um rebanho de ovelhas, e do seu cuidador!
O pastor cuida das ovelhas, do estado delas, de como elas estão se sentindo, como elas estão desenvolvendo – se estão sendo bem alimentadas, se se sentem seguras, pois o medo é a causa ou origem de muitas doenças graves!
Nesta pintura do famoso pintor holandês Vincent van Gogh, de 1884, podemos imaginar um pouco do trabalho árduo e constante dedicação do pastor. A paisagem está meio deserta, o céu está nublado, talvez anunciando alguma tempestade próxima, mas as ovelhas estão juntas, unidas e ligadas ao seu guia e zelador. Sentem-se seguras porque o pastor está com elas, e fará de tudo para que leva-las a um abrigo antes da tempestade!
A segurança promove o bem-estar, faz com que a alegria flua naturalmente.
“– É necessário remover coisas que impedem a liberdade do Espírito no meio da igreja,” o fundador da igreja acrescentou. Ele disse afirmativamente: “- Nós temos os ensinos básicos, a doutrina cristã, que ensinamos e guardamos de coração. Mas estas coisas secundárias são coisas culturais, que mudam e muitas vezes, estão ultrapassadas – pois a sociedade avança, é influenciada e se adapta. Assim, se não cuidarmos, esses usos e costumes se tornam bloqueios, ou travas que impedem o fluxo do amor e da liberdade no seio da comunidade!”
Meu desejo hoje para todos é que desfrutem de uma atmosfera saudável, agradável, num lugar de encontro seguro, com muita compreensão, e com toda a ajuda necessária. Essa é a comunidade que Jesus e o Espírito Santo promovem para os seus filhos e filhas.
Se você, caro leitor, cara leitora, quiser dar a sua opinião sobre o assunto, escreva-me para [email protected]. Que sua semana seja excelente!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum