Brasil aos olhos de um português
E as eleições já se foram. Os resultados deixaram quase metade dos brasileiros aborrecidos durante os dois ou três primeiros dias da semana. Mas a maturidade democrática brasileira faz com que todos os cidadãos neste momento desejem uma política a favor do país. Que este desejo se realize.
Esta semana que passou, uma das notícias que mais me chamou atenção foi a da explosão da nave de turismo espacial da empresa do multimilionário britânico Richard Branson, que busca a dianteira na exploração do turismo espacial e tinha planos de lançar voos turísticos após os testes da SpaceShipTwo. Ainda sem o relatório das causas, mas sabendo que o caso não vai dar tranquilidade à longa lista de celebridades e milionários que aguardam na fila para um voo inaugural ao espaço, ao custo estimado de US$ 200 mil por pessoa.
Antônio Augusto Moreira Pena
Foi o único membro do Gabinete Imperial de Dom Pedro II que se tornou presidente da República do Brasil. Afonso Pena nasceu em Santa Bárbara, Minas Gerais, filho do imigrante português Domingos José Teixeira Pena e da brasileira Ana Moreira dos Santos. Curiosamente o seu filho, Afonso Augusto Moreira Pena Júnior, foi ministro de Artur Bernardes. Diplomado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1870, Afonso Pena foi um dos fundadores e diretor, em 1892, da “Faculdade Livre de Direito” de Minas Gerais, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG. Foi deputado pelo estado de Minas Gerais, em 1874.
Nos anos seguintes, enquanto se mantinha como deputado, também ocupou alguns ministérios: Guerra (1882), Comércio e Obras Públicas e Agricultura (1883 e 1884), e da Justiça (1885). Afonso Pena e Rodrigues Alves, seu colega de faculdade, foram os dois presidentes da república que foram antes conselheiros do Império do Brasil.
Foi governador do estado de Minas Gerais entre 1892 e 1894, sendo o primeiro governador de Minas Gerais a ser eleito pelo voto direto. Foi durante seu governo que se decidiu pela mudança da capital do estado, de Ouro Preto para a Freguesia do Curral d’El Rei, hoje Belo Horizonte. Foi ainda governador do Banco do Brasil entre 1895 e 1898, depois desta época foi senador pelo estado de Minas Gerais.
Foi eleito presidente da república em 1 de março de 1906, conseguindo um resultado impressionante. Obteve 288.285 votos contra 4.865 votos de Lauro Sodré e 207 votos de Rui Barbosa. Nilo Peçanha foi eleito, na mesma data, seu vice-presidente.
Realizou uma administração que não se prendeu de tudo a interesses regionais da chamada ‘Política de Café com Leite’. Incentivou a criação dos caminhos de ferro a construção da NOB e da ligação das ferrovias paulistas com as paranaenses, permitindo-se pela primeira vez, a ligação do sudeste do Brasil com o sul do Brasil por trem. Interligou a Amazônia ao Rio de Janeiro pelo fio telegráfico por meio da expedição de Cândido Rondon. Seguiu a política do seu antecessor Rodrigues Alves comprando os estoques de café para que fosse o governo brasileiro a gerir o preço internacional do café.
Na verdade na nossa região ainda hoje alguns cafeicultores defendem que o governo deveria tomar uma medida parecida para que não fosse a Bolsa de Nova York a decidir o preço da saca de café, mas sim o maior produtor mundial.
Incrementou uma política que favoreceu a imigração, pois achava que o Brasil deveria ser mais povoado e que estas novas regiões de povoamento sofreriam um desenvolvimento e a ajuda do seu governo ao criar uma rede de estradas que as favorece-se. Durante o seu governo reorganizou e modernizou o exército e a marinha.
O seu governo era composto por ministros e conselheiros bastante jovens por isso ficou com a alcunha de Jardim Escola. Pena acreditava que com ministros mais novos seria mais fácil incrementar a sua política, chegando mesmo a dizer: “Na distribuição das pastas não me preocupei com a política, pois essa direção me cabe, segundo as boas normas do regime. Os ministros executarão meu pensamento. Quem faz a política sou eu“.
Acabou falecendo durante o mandato, em 14 de junho de 1909, em meio à crise política gerada pelas disputas à sua sucessão que se daria em 1910, e pouco depois da morte de seu filho, Álvaro Pena. A presidência foi transferida ao vice-presidente Nilo Peçanha.
João Abreu é natural de Angola, mas tem nacionalidade portuguesa. Ele reside em Caratinga e é empresário com formação em Marketing.
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