Minha querida cidade de Guarapari está de aniversário. Meus aplausos e muita alegria! Amo imensamente essa praia. E não é um amor de hoje, é um amor de sempre. De amor à primeira vista passou a ser amor eterno. Construído ao longo de muitos anos.
Sendo meu pai um grande admirador de praias, levou toda a nossa família pra conhecer Guarapari, nos velhos tempos de outrora. Ficamos hospedados no único hotel que havia, o hotel Guará. Também a Praia do Morro não era como hoje, era um amontoado de pedras com o mar preguiçoso fazendo ondas. A praia mais frequentada era a praia da Castanheira. Um lugar tranquilo de águas mansas e famílias levando a meninada.
Depois da primeira vez, nunca mais papai deixou de visitar essa praia e arredores durante o mês de janeiro. Passou a alugar uma casa para abrigar a família e ficarmos por mais tempo. Era um mês inteiro de sol ardente e mar azul. Lembro-me que o Sr. Tatão da farmácia e o Sr. Gutemberg de Oliveira também passavam temporada por lá.
A cada ano eu gostava mais do recanto. Fui acompanhando o desenvolvimento. Mais restaurantes foram surgindo, mais melhoramentos na orla da praia e construções edificadas em todas as ruas. Até hoje, quando voltamos lá, observamos o grande número de prédios e casas.
Além das praias das Castanheiras e a do Morro, existem outras bonitas nos arredores: Setiba, Três Praias, Peracanga, Bacutia. Meaípe ainda oferece comida deliciosa no restaurante famoso “Cantinho do Curuca”. Imperdível é o passeio no Santuário da Penha. Além da sublimidade da oração e da missa, ainda nos banhamos na exuberante paisagem. Também visitamos Anchieta para rezar pelo Jesuíta que tanto bem fez ao Brasil. E é muito agradável visitar o colégio Maria Mattos das Irmãs Carmelitas. Conheci essa escola em companhia das Irmãs e representei meu colégio recitando uma poesia. Nessa época, conheci meu diretor espiritual que me acompanhou por muitos anos, o meu inesquecível Padre Luís Maria.
Mineiros enchem as praias com entusiasmo, já que Minas não possui mar. É lá em Guarapari que matamos o desejo de um banho delicioso de águas azuis e o encantamento de usufruir das delícias à beira mar: milho verde assado, picolés, sorvetes, croquetes de aipim, queijo assado e outros salgadinhos. E mais a alegria de brincar e conversar sem hora marcada para acabar. Sem contar o tempo, às vezes ficamos lá até à tarde, quando o sol se despede e a lua quer chegar. Se o encantamento continua, esperamos a noite e fazemos um luau de amigos, música e sorrisos.
Todos os anos aguardo ansiosamente o mês de janeiro para rever Guarapari e me abastecer para o ano todo. Gosto dessa praia e sentir o abraço da paisagem que é cativa de minha retina. Ao chegar, já sinto o gosto de matar a saudade e recordar tudo de bom que ali já passei. Recebo o abraço da cidade logo que entro na grande ponte sobre um braço de mar a abrigar barcos.
Meu coração anda apertadinho com medo de a pandemia da Covid-19 não permitir voltar lá em 2021. Ficar sem rever minha praia preferida, meu lugar de reencontro com lembranças de luz, será uma tristeza imensa.
Fico rezando para que Deus nos mande uma vacina e nos possibilite voltar naquele cantinho onde meu coração amarrou sua batida mais suave. Enquanto isso, desejo felicidade ao povo de Guarapari. Que a cidade continue crescendo e oferecendo sempre o maior conforto aos frequentadores. Que Deus abençoe essa terra que sinto ser também minha. E vou cantando para ela como cantiga de parabéns: “Quer viver um sonho lindo que eu vivi, vá viver as maravilhas de Guarapari. Um recanto que os poetas e os violões não conseguem descrever nas mais lindas canções. E nas suas noites claras, a lua serena vem brindar os namorados na areia morena. Ninguém poderá sonhar, nem viver o que eu vivi longe dessa maravilha que se chama Guarapari”.
Marilene Godinho