CARATINGA- Em tempos de isolamento, as mulheres em situação de violência enfrentam mais um problema: a dificuldade em denunciar os agressores. Diante desse cenário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lançaram a campanha Sinal Vermelho para a Violência Doméstica. A iniciativa tem como foco ajudar mulheres em situação de violência a pedirem ajuda nas farmácias do país.
Em Caratinga, duas farmácias estão participando da campanha e acolhendo estas mulheres. Elas fazem parte da Rede Soma, situadas às avenidas Benedito Valadares e Olegário Maciel.
O proprietário Rômulo Tavares destaca o protocolo especial, em que os profissionais atuarão no atendimento e acolhimento à mulher, o que não prevê que os balconistas ou farmacêuticos sejam conduzidos a delegacias nem chamados a testemunhar. “É uma parceria para que as farmácias sejam um agente de comunicação para facilitar a vida das mulheres. Com a pandemia, aumentou consideravelmente a violência doméstica, então, como a mulher está agora mais vezes com o agressor, muitas estão com dificuldades de denunciar. A ideia é que com um simples sinal na mão, batom vermelho ou um ‘x’ no final da receita, os funcionários todos já são treinados para saber que é uma denúncia silenciosa”.
De acordo com Rômulo, de uma forma bastante discreta, esta pessoa é encaminhada para uma área específica, onde recebe ajuda. “O funcionário leva a mulher até a sala que reservamos para isso e lá dentro elas têm toda orientação com a questão da denúncia. Colhemos todos os dados, endereço, telefone e nome completo e já verificamos se ela quer fazer a denúncia. Se ela desejar, ligamos para a polícia no 190. Se ela quiser esperar a polícia vem e faz o boletim de ocorrência aqui. Se ela não quiser aguardar, a polícia vai na casa depois para fazer o registro”.
A criação da campanha é o primeiro resultado prático do grupo de trabalho criado pelo CNJ para elaborar estudos e ações emergenciais voltados a ajudar as vítimas de violência doméstica durante a fase do isolamento social. O grupo foi criado pela Portaria nº 70/2020, após a confirmação do aumento dos casos registrados contra a mulher durante a quarentena, determinada em todo o mundo como forma de evitar a transmissão do novo coronavírus. Em março e abril, o índice de feminicídio cresceu 22,2%, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.