CARATINGA – Em 2014 foi criado o DIÁRIO ENTREVISTA. Nesse quadro, Alcides Leite de Mattos conversa com pessoas de diversos segmentos da sociedade e a entrevista, além de ser publicada no jornal, pode ser vista em sua íntegra no site www.diariodecaratinga.com.br.
Marcando a retomada do quadro, Alcides recebeu o vereador Rômulo Fabrício Gomes Costa (PMDB), o ‘Rominho Costa’, que em 2012 foi eleito com 891 votos. Rominho Costa fez um balanço da atual legislatura e falou sobre suas aspirações políticas.
Qual avaliação o senhor faz dos trabalhos da Câmara Municipal desde 2013?
Estou no meu primeiro mandato e avalio que foram frutíferos estes três primeiros anos. Costumo dizer que esta Câmara tem a particularidade, pois os 17 vereadores tem uma visão progressista, uma visão de querer fazer algo por Caratinga. Sabemos que o sistema nos engessa um pouco, não tem como fazermos tudo o que queremos, mesmo assim conseguimos trabalhar e conquistar para Caratinga.
Sabemos de sua ligação com o setor evangélico. Qual trabalho o senhor desenvolveu como vereador voltado para este segmento?
Em primeiro lugar cremos que Deus tem esse cargo político para os homens. A própria Bíblia fala que é Deus quem levanta as autoridades. Estando representando o povo como vereador, vou citar uma lei que poderia ter sido aprovada que, digamos, feriria a sociedade, que era a Lei do Gênero. O Plano Municipal de Educação foi enviado em 2015 para todos os municípios brasileiros. Uma vez esse plano aprovado, ele tem sua validade durante dez anos. Uma das questões que quiseram aprovar tratava da criança não ser chamada de ‘menino’ ou ‘menina’. Naquela ocasião pude esmiuçar todo aquele projeto, pedimos vistas, que retornasse para o jurídico e tirassem os parágrafos que citavam essa questão. Fiz isso para preservar a família. Sou pai e não gostaria que meu filho estudasse em uma escola pública e não tivesse o direito de ser chamado de ‘menino’. Nós não queremos tirar o direito de ninguém que pense de outra forma, pois todos nós temos o livre arbítrio. Mas uma vez que as pessoas, ou seja, uma classe quer tirar o direito de ter o seu filho sendo chamado de menino e a sua filha ser chamada de menina. Então temos que combater, porque eu creio na família, creio no projeto de Deus para humanidade e aí combatemos essas leis que ferem as famílias e os direitos das pessoas de pensarem diferentes. A palavra de Deus, a Bíblia, não dá abertura para essas mudanças.
Quais setores evoluíram e quais deixaram a desejar nestes últimos três anos?
Minha linha de trabalho é muito diferente do que a política prega em relação à situação e oposição. Estou como vereador e no meu primeiro ano de mandato fui líder do governo e mesmo assim não deixei de cobrar e ser cobrado especificamente na área social, na qual tenho muito militado junto a algumas associações. Vejo que algumas coisas não estão sendo valorizadas da forma que deveriam ser. Falo sempre que essas associações, quando têm a chance de trabalhar, quem ganha com isso é o município porque essas instituições funcionando bem evitam prejuízos, desgastes, etc. Vejo que não estamos tendo uma boa nota em relação a esse atendimento, até mesmo porque estamos passando por uma crise em todo o país e algumas associações estão sem receber os seus convênios, o que compromete esse trabalho.
Então Caratinga não evoluiu nestes últimos anos?
Mesmo com a crise temos conseguido nos sobressair. Sou comerciante também e estou criando situações para que possamos sair dessa crise. Na parte do setor público, na minha visão entendo que poderia ter sido muito melhor. Vivo nessas associações, estou diretamente ligado com elas e percebemos que elas não estão sendo tão valorizadas como deveriam ser.
O que fazer para sair da crise, principalmente a que assola o setor social?
É uma questão complexa e desafiadora. Como administrador e pensando no lado da comunidade, temos que criar situações. Por exemplo, sabemos que com essa crise cresceu o consumo de drogas. Temos encontrado várias situações de pessoas adultas que estão entrando no mundo das drogas por questões sociais, pois quando o filho pede um dinheirinho para ir para escola e esse pai está há meses desemprego, psicologicamente ele fica abalado. Temos que pedir muito a Deus e fazer a nossa parte porque o momento não é bom e pode ficar pior quando vemos que as pessoas estão desesperadas. Cito o exemplo de Franca/SP, polo de fabricantes de calçados, e tive notícias que três grandes fábricas fecharam as portas. Agora faço um paralelo com Caratinga, já que nunca vimos tantos pontos comerciais com placas de ‘aluga-se’. Passam de 130 imóveis em pontos comerciais fechados. No setor público não é diferente. Mas penso que é possível vencermos. No momento de crise temos que ter criatividade.
Recentemente a Câmara devolveu 350 mil reais para o Executivo para ajudar pagar a folha de pagamento. Existe um estudo do legislativo sobre essas devoluções?
Nessa legislatura a Câmara economizou, aproximadamente, um milhão de reais por ano. E os presidentes têm ajudado o Executivo. Esta última devolução foi num caso de emergência onde o presidente Serginho fez a devolução para complementar os salários dos servidores. Em 2013 tivemos uma crise muito grande no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, senão me engano uma criança foi transferida para Inhapim e veio a óbito. Lembro que eu fiquei muito abalado com a situação e no dia da reunião da Câmara sugeri que fosse devolvido um valor expressivo, mais de um milhão e duzentos mil reais que foram empenhas para construção da nova sede da Câmara. Na ocasião eu percebi que essa não era a prioridade, a prioridade era a saúde, no caso da demanda de pessoas que precisavam de cirurgias. Na vida atendemos nossas prioridades. Se você quer comprar um carro, mas seu filho está doente, você prioriza a vida do seu filho. Complementando, quando o dinheiro é devolvido, temos que ter o acompanhamento se ele será usado para seu devido fim.
Sua opinião sobre o tão falado ajuste fiscal?
Na Argentina e no Paraguai estão dando incentivos para as empresas, inclusive empresas brasileiras já pensam em ter unidades nesses países. Mas o governo brasileiro quer criar mais impostos. Já temos muitos impostos e agora estão querendo voltar com a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), aumentou o imposto de renda. Querem tirar do bolso do cidadão brasileiro. Estão querendo saquear mais ainda a população.
Qual sua avaliação dos deputados eleitos com votos dos caratinguenses?
Temos nossos deputados majoritários e, na medida do possível, Mauro Lopes e Adalclever Lopes atendem nossa cidade. Apoiei o deputado estadual Vanderlei Miranda e todo ano ele atende as nossas associações. Busquei desde o início de o meu mandato trabalhar diretamente com as associações, pois assim vejo onde está indo o recurso. Graças a Deus até agora consegui algumas emendas parlamentares para atender entidades como a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Infelizmente não tem como atender a todas as associações, mas pude nesses três anos conseguir micro-ônibus para APAE, dando transporte mais digno para as crianças. Recentemente houve uma emenda parlamentar de 50 mil reais. Também consegui um automóvel para o Núcleo do Câncer, que é uma instituição que faz um trabalho fantástico em Caratinga. Importante que neste período, como vereador, pude dar frutos. É muito triste quando um vereador faz a política do ‘quanto pior, melhor’. O governo não está como queremos, mas também não podemos cruzar os braços diante dessa situação. Muito menos usar esses fatos como trampolim político. Temos que arregaçar as mangar e trabalhar para a sociedade.
Estamos num ano de eleições. Vários nomes são cogitados pra concorrer ao cargo de prefeito, dentre eles João Bosco Pessine, Odiel de Souza, Ernani Campos Porto, Marco Antônio e inclusive o seu. Qual sua avaliação deste momento?
Cada um tem o seu direito de pleitear um cargo no executivo. Eu penso que estes nomes citados por você desagradaram a alguns, mas agradaram outros. Cada um desses teve a oportunidade de fazer alguma coisa por Caratinga. Particularmente coloquei o meu nome à disposição do PMDB. Nasci, estudei, meus negócios são em Caratinga, gero emprego na cidade, então gostaria de dar minha contribuição. Mas não quero atrito. Para ser candidato a prefeito não depende apenas da pessoa, não pode ser de qualquer maneira. Primeiramente depende do apoio do grupo. Não teria a irresponsabilidade de criar conflito no grupo a que pertenço e eu pertenço ao PMDB. Nosso presidente, o deputado federal Mauro Lopes, tem uma responsabilidade muito grande com Caratinga e tem sido procurado por diversos segmentos que estão preocupados com a cidade. Mas a decisão será do povo porque são feitas pesquisas e elas influenciam na decisão do grupo. Dentro do partido tem o meu nome, o nome do Odiel, porém a decisão será em conjunto e em prol de Caratinga.
Quais as suas considerações finais?
Quero dizer para as pessoas que os políticos estão muito desacreditados e falo sempre que temos motivos de sobra para desacreditar, já que são muitas promessas e poucos resultados, mas não podemos generalizar e a política é um instrumento forte e poderoso para beneficiar a sociedade. A partir do momento em que as pessoas de bem não acreditarem mais na política, estaremos correndo o risco de toda a sociedade ter uma falência. Temos que acreditar que existam pessoas dentro da política que querem fazer o bem e agir de forma correta. Tenho a esperança que teremos uma política melhor em nossa cidade, nosso estado e nosso país.
BOX
Rominho Costa opina sobre:
Dilma Rousseff, presidente do Brasil
“Acho que a presidente está perdida e manipulada por um grupo político que não está deixando Dilma Rousseff trabalhar ou fazer talvez aquilo que ela pensa”.
Michel Temer, vice-presidente do Brasil e presidente do PMDB
“Tem uma história fantástica dentro do partido e dentro do país. Já passou por muitas experiências, mas ele tem uma responsabilidade muito grande: ou ajuda o Brasil ou prejudica mais ainda”.
Aécio Neves, senador mineiro eleito pelo PSDB e candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais
“Faz parte da oposição e no momento em que o Brasil se encontra, é uma oportunidade para Aécio trazer soluções e gerar não conflitos”.
Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais
“Pegou um desafio muito grande e tem chance de mostrar sua capacidade administrativa e elevar o nome de Minas”.
Mauro Lopes, deputado federal e presidente do PMDB caratinguense
“É um grande amigo e grande apoiador de Caratinga. Inclusive nessas eleições está com uma responsabilidade muito grande, pois tem toda condição de formar um grupo que produza muito para Caratinga”.
Adalclever Lopes, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
“Também um grande amigo. Pessoa muito bem articulada no estado de Minas e a prova disso são os apoios praticamente unânimes dos demais deputados estaduais”.
Vanderlei Miranda, deputado estadual
“Outro grande amigo. Quando pensei em entrar para a vida pública espelhei-me muito nele. E naquela ocasião foi uma pessoa que me trouxe o desejo de estar nesse meio, pois temos a oportunidade de fazermos uma política honesta, séria e comprometida com o povo”.
Marco Antônio Junqueira, prefeito de Caratinga
“Prefeito Marco Antônio é uma pessoa em que acreditei muito, continuo apoiando naquilo que for bom para Caratinga, mas no atual momento, infelizmente, tem que colocar a casa em ordem”.
Ernani Campos Porto, ex-prefeito de Caratinga
“Bom administrador, deu sua colaboração para Caratinga”.
João Bosco Pessine, ex-prefeito de Caratinga
“Simpatia, pessoa agradável, homem simples e uma pessoa que tem o meu respeito”.
Odiel de Souza, vice-prefeito de Caratinga
“Companheiro de partido e grande articulador. Onde estiver poderá dar uma grande colaboração nas questões de articulações políticas. É uma pessoa competente”.
Sérgio Antônio Condé, presidente da Câmara Municipal de Caratinga
“Meu amigo. Falo sempre com ele que, como presidente do legislativo, tem sido um bom articulador político e tem levado a Câmara de uma forma onde temos o elogiado”.
Imprensa
“A imprensa de Caratinga é fundamental em todo o contexto da nossa sociedade. A imprensa pode mostrar para a população aquilo que está sendo feito e aquilo que não está sendo feito. É a voz do povo”.
Família
“Família é tudo, minha base”.
Deus
“Deus é o meu Senhor. Aquele que me deu vida e Aquele que tem me sustentado”.
Link da entrevista no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=OK5pLHQqRgY&feature=youtu.be