Curso de Farmácia do UNEC promove campanha de conscientização
CARATINGA – Tomar remédios sem orientação médica é uma prática bem comum entre os brasileiros. Aliás, quando o assunto é automedicação, somos campeões: um estudo realizado em 2018 pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), entidade que atua na área de pesquisa e pós-graduação para profissionais do mercado farmacêutico, revelou que oito em cada dez pessoas admitem buscar alívio imediato para dores comuns, o que faz com que elas acabem assumindo certos riscos à saúde que podem ser fatais.
Essa realidade fica bem evidente por meio do relato da aposentada Maria Célia. “Todos nós temos uma farmacinha em casa”, conta. Ela não foge à regra e explica que não vê mal nisso. “Geralmente, se eu como alguma coisa e me sinto mal, eu recorro a minha farmacinha. Aí é um digestivo, um remedinho para o fígado, ou então você faz um chazinho. Eu acho que isso é prudente, sabe por quê? É aquele alívio imediato”, explica.
Essa atitude aparentemente inocente é responsável por mais de um terço dos casos de intoxicação, como mostrou um levantamento feito acerca dos atendimentos no Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Unicamp, em Campinas (SP). 33,62% das ocorrências de intoxicação tiveram como causa o uso de medicamentos. As principais vítimas são crianças e idosos.
Em busca de conscientização, o Conselho Federal de Farmácia promove campanhas anuais para informar e mudar a cultura da automedicação. O curso de Farmácia do Centro Universitário de Caratinga (UNEC) aderiu à ideia e reuniu seus alunos numa ação na Rua Miguel de Castro, no último sábado (08) onde repassou orientações à população.
“A grande importância dessa campanha está relacionada à famosa farmacinha. Nós temos o hábito de usar uma medicação, em um primeiro momento até indicada pelo médico, e guardamos as sobras. Quando apresentamos uma sintomatologia parecida, recorremos à farmacinha e usamos o que restou do medicamento”, comentou a coordenadora do curso de Farmácia do UNEC, Denise Fonseca Côrtes. “Muitos desses medicamentos podem estar fora do prazo de validade ou podem ter alterações farmacológicas que se tornam tóxicas para os pacientes depois de abertos. É necessário falar também sobre o local adequado para se guardar as medicações. Gostamos muito de guardar no banheiro ou em locais expostos à luz e ao calor, o que é inadequado, pois é um local úmido. Tudo isso altera as condições farmacológicas dos remédios e ao invés deles serem benéficos, acabam trazendo problemas à saúde”, chamou atenção.
Quem parou para ver a movimentação e ouvir sobre o assunto, também pôde conferir a pressão e a glicose, além de fazer um teste para saber seu tipo sanguíneo. “As pessoas repassam aos familiares facilmente as orientações que fazemos aqui pois, quem aprende, reproduz a informação. Para nós é um dos métodos mais baratos, simples e eficazes para acabar com essa cultura que é extremamente errada”, comentou o aluno do curso Farmácia do UNEC, Eduardo Salomão, a respeito da automedicação.
A automedicação pode mascarar sintomas e provocar reações alérgicas, além de causar efeitos colaterais da interação entre medicamentos. Na dúvida, não corra riscos e busque orientação médica. O operador de forno, Pedro Salvador, reforça o recado: “Eu falo para todo mundo que toma remédio por conta própria que não faça isso, porque pode ser perigoso. A gente não pode brincar com remédio. O uso de medicamentos deve ser por indicação médica, pois a automedicação é arriscada”.