O Segredo do Perdão
Incredulidade
Eu sei: não acreditar, não crer é algo que todos passam. E há muitas coisas que – e que bom! – não merecem nosso crédito.
Mas a toda hora somos testados: Acredito, não acredito; dá pra crer, não dá, não!
E assim passa o tempo – e nos tornamos mais céticos, mais incrédulos…
Mas – você sabia, na incredulidade há uma mistura com sentimento, ou melhor, ressentimento?
Lendo o Evangelho de João cheguei ao tema acima: Uma Semana de Incredulidade, pois Jesus apareceu a alguns no próprio dia da ressurreição, e pelo relato (20.26), oito dias depois, novamente. E essa incredulidade estava latente e crescente no lugar ou entre aquelas pessoas que tinham tido tantas provas.
Obviamente, os discípulos estavam muito confusos. Os últimos dias que passaram com seu Mestre foram cheios de emoções de todo o tipo – eles de forma nenhuma podiam – não queriam imaginar que ele tinha que andar por esse caminho do sofrimento e morte.
Pois – durante o tempo que eles tinham passado junto com ele (uns 3 anos) toda dificuldade que surgia ele a superava “com folga” – no caso da multiplicação dos pães, por exemplo, sobrou muito mais que eles tinham no início! Por outro lado, a oposição que ele sofreu – mesmo em sua cidade da infância e juventude – Nazaré, quando o levaram ao despenhadeiro do qual o jogariam, ali ele mesmo decidiu: Não, a minha hora ainda não chegou! E sem se assustar, e sem correr, passou no meio deles, e toda aquela multidão, incitada pelos líderes religiosos – ninguém conseguiu se mexer. Saiu totalmente ileso.
Para os seus seguidores, ele era imbatível – campeão em todos os sentidos.
E agora, ele estava morto – eles tinham visto quando foi tirado do aparelho de matar criminosos – ele realmente estava morto. Aqueles soldados estavam acostumados a julgar aqueles que morriam; alguns, morriam logo, outros, eles tinham de dar o golpe de misericórdia. Também, era lei entre os judeus que nenhum cadáver podia ficar exposto depois do sol se por.
Acabou. Todos aqueles milagres que eles tinham visto com seus próprios olhos! Aquelas pessoas em estado miserável, semimortas, carcomidas por doenças – no caso da lepra, e os paraplégicos, todo o tipo de doença terminal – nenhuma tinha sido impossível para ele!
Aí, quando ele reaparece diante deles eles não conseguem crer por causa de tudo o que tinha acontecido – a dose tinha sido forte demais. Tudo aquilo, tão trágico, chocante, e agora, ele está vivo! Não pode ser – é uma miragem, é um espírito!
No evangelho de Lucas (24.37-48) está registrado assim: “Ele [Jesus], porém, lhes disse: Por que vocês estão angustiados? E por que surgem dúvidas em seus corações? Olhem aqui minhas mãos e os meus pés, pois sou eu mesmo. Apalpem-me e vejam: porque um espírito não tem carne nem ossos, como vocês veem que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Admirados e ainda sem acreditar por causa da alegria…
Que coisa! Até a alegria pode atrapalhar a fé…
A narração continua assim:
… Jesus lhes perguntou: Vocês têm aí algo para comer? Então lhe deram um pedaço de peixe assado. E ele o pegou e comeu na frente deles.
Depois lhes disse: São estas as palavras que lhes falei, estando ainda com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que estava escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras, e disse-lhes: Está escrito que o Messias sofreria, e ao terceiro dia ressuscitaria dentre os mortos; e que em seu nome se pregaria o arrependimento…
Em João 20.21-23: … Jesus lhes disse pela segunda vez: Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, também eu envio a vocês…
E ele continua dizendo algo muito importante:
Se vocês perdoarem os pecados de alguém, serão perdoados; se os retiverem, serão retidos.
Eu pessoalmente acho que aqui está um segredo que todos nós podemos testar, e que nos ajudará a entender um pouco melhor nosso problema com a fé: guardamos ressentimento, até rancor e ódio contra as pessoas que nos fizeram mal.
Se nós as perdoamos, nossos olhos se abrem para o mistério da ressurreição. Ele, que foi tão maltratado, saiu ileso em seu interior, em sua alma: não guardou nenhum sentimento de vingança, de “acertar as contas”.
O perdão é o segredo! O perdão traz a vida de volta.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum E-mail: [email protected]
UMA SEMANA DE INCREDULIDADE-1
