Recém-eleito vereador, ele é o convidado do DIÁRIO ENTREVISTA
CARATINGA – Eleito no dia 2 de outubro para a Câmara Municipal de Caratinga com 784 votos; Johny Claudy Fernandes, 42 anos, o ‘Johny da Casa de Amparo’ (PMDB), foi considerado uma das surpresas desse pleito. Para analistas políticos essa votação é fruto de um trabalho social feito ao longo dos últimos 16 anos. O seu nome é conhecido em toda Caratinga, pois, dentre tantas iniciativas, Johny é empresário, fundador da Comunidade Leigo Monte Carmelo e da Casa de Amparo, criador do jornal ‘O Carmelo’ e autor de três livros.
Convidado do DIÁRIO ENTREVISTA, Johny fala de sua inicial relutância em se candidatar e também de como será sua conduta no legislativo. Para o recém-eleito, o político é um funcionário do povo. Johny mostrou toda a sua disposição e afirma que está pronto para ouvir e servir a sociedade.
A íntegra da entrevista pode ser vista no site www.diariodecaratinga.com.br.
Johny, por que o senhor entrou para o meio político?
A política entrou em minha vida de uma forma avassaladora. Eu não estava esperando, mas acabamos reunindo com nossa turminha, e depois de quatro eleições, aceitamos o convite dessa vez.
Comenta-se muito sobre o seu trabalho na Casa de Amparo. Pode nos descrever como é esse trabalho?
Quando se fala ‘Johny da Casa de Amparo’, geralmente pensam que é só uma casa de amparo, mas é apenas a ponta do iceberg, onde cuidamos de mais de 1.300 pessoas por mês. Temos ainda vários outros projetos, como ‘Lar Pequena Árabe’, onde cuidamos de mulheres em situação de rua; tem ainda o ‘Família de Nazaré’, no qual 77 famílias carentes são atendidas. Também apoiamos o projeto ‘Batuque Batucada’, criado por Veveto Brasil, que hoje cuida de 630 crianças. Então são vários projetos em uma só instituição.
Mas já são 16 anos de fundação da Casa de Amparo. A instituição atende de que forma?
Sim. Temos sede própria no Bairro Esplanada, na Rua Manoel Gonçalves de Castro. A Casa de Amparo é um benefício a toda sociedade. Não atendemos somente pessoas de um só bairro, estamos em todos os bairros de Caratinga e atendemos a várias famílias, inclusive algumas de fora de Caratinga. Enfim, nos concentramos na Rua Manoel Gonçalves de Castro (Rua da Piedade), mas atuamos em vários bairros da cidade.
A Casa de Amparo tem algum vínculo religioso?
A Casa de Amparo nasceu como uma comunidade religiosa, a Comunidade de Leigos Monte Carmelo, ligada a igreja Nossa Senhora do Carmo. Então, vendo as necessidades e vendo nossa obrigação social, é que nasceram as obras sociais. Assim sendo, a comunidade religiosa é que mantém as obras sociais.
Seu trabalho social te deixou conhecido em toda Caratinga e nunca quis ser candidato a vereador. O que influenciou nessa sua decisão de ser candidato em 2016?
O grande desafio nessa campanha foi fazer com que as pessoas soubessem que eu era candidato, pois o tempo de campanha foi muito curto. Então atuamos bem nas redes sociais e entre os amigos. E aceitar esse convite foi uma indicação da própria igreja, afinal o papa vai nos orientando que o cristão precisa ser engajado no meio político. Isso reflete porque a política está desse jeito, já que as pessoas que poderiam fazer um bom trabalho não aceitam esse convite. Olhando por esse lado, acabei aceitando esse desafio. Sei que não conseguirei mudar tudo, mas posso fazer a diferença. Se começarmos a fazer a diferença de um em um, as coisas podem ser mudadas com o tempo.
Ao conversar, percebemos todo o seu lado social. Mas quem te trouxe para a política?
Eu tive vários convites e analisei todos. No final, o Rominho Costa, que é do meu partido, me fez convite e acabei aceitando tendo em vista a possibilidade de fazer algo pelo povo. Confesso que no início não tinha essa vontade, mas hoje já me encarro como um político. Também encaro como uma vontade de Deus na minha vida e espero fazer um trabalho bem feito.
Tanto em 2012 quanto agora houve grandes mudanças nos ocupantes das cadeiras do legislativo municipal. Qual sua avaliação dessa questão?
Analiso que o cenário político está muito desgastado. Ninguém mais acredita em político, ninguém mais acredita que pode mudar. As pessoas já estão cansadas de promessas. Passam os quatro anos e nada se cumpre. Falando do meu caso, acredito que o eleitor enxergou em mim alguém que já faz um trabalho e não é político. Essa mudança também reflete a mudança na mentalidade dos eleitores. Claro que temos bons políticos, mas muitas vezes são os eleitores que não sabem escolher. Votos de cabresto, votos comprados. É preciso mudar essa mentalidade do eleitorado. As pessoas precisam entender que a política é para fazer o bem para a sociedade. O político é um funcionário do povo e ele precisa trabalhar como funcionário do povo. Essa é a mentalidade que tenho e a levarei para a Câmara. Vou trabalhar sem me preocupar com a reeleição, pois se me preocupar com a reeleição vou me restringir a um grupinho e assim esqueço a sociedade inteira. Minha preocupação é com toda a sociedade e fazer um trabalho bem feito.
Analisando os eleitos para Câmara, vemos que temos três grupos. Um ligado ao atual prefeito (Marco Antônio), outro ligado ao prefeito eleito (Dr. Welington) e aquele formado pelos vereadores do PMDB. Já houve algum contato com Dr. Welington e qual sua perspectiva para essa legislatura?
Houve um contato entre Dr. Welington e eu. Por sinal, ele tem projetos muito bons para Caratinga. Como já disse em outras ocasiões, ‘oposição’ e ‘situação’ são palavras pobres, porque quando se ganha, é montada uma equipe. Acredito que precisamos trabalhar em prol do município. O prefeito precisa fazer o trabalho dele muito bem feito, cabe aos vereadores fiscalizar e criar projetos. Desta forma as coisas acontecem. Não adianta o prefeito querer fazer um trabalho bom, mas o vereador, talvez porque não seja do mesmo partido, vai e barra esse projeto. Isso é errado. Temos que aprender que somos uma equipe e é o povo quem perde quando essa equipe não trabalha bem. Não tem essa de estar no legislativo por dinheiro ou por status. Estamos no legislativo é pela sociedade.
O partido ao qual é filiado é o maior do país e tem ainda o presidente Michel Temer. Qual sua análise do PMDB?
Primeiramente, os eleitores precisam aprender a cobrar mais. Saber de seu poder e que podem mudar a história desse país. Mas que sejam sensatos nas cobranças para que assim elas possam chegar até as lideranças. Acredito que agora as coisas possam tomar rumo. Passamos por uma crise, sofremos desfalques, houve muita coisa errada que precisava ser corrigida. Antes era uma ilusão ver um político na cadeia, era um sonho ver preso esse político que estava roubando. O que víamos era esse político num paraíso fiscal ou curtindo uma praia. Estamos no caminho certo, o povo tem que continuar cobrando. Sobre Caratinga, o povo precisa participar dessa gestão, pois se ele participar, as coisas podem melhorar. Eu acredito nisso.
Quais suas considerações finais?
Agradeço o convite do DIÁRIO. Digo que pretendo fazer um trabalho bem feito e que ele seja voltado para a sociedade. Talvez hoje se comemore uma vitória pessoal, mas quero daqui quatro anos comemorar uma vitória da sociedade, a vitória de um povo sofrido que precisa ser devidamente cuidado na saúde, na educação. Estou aí para fiscalizar e me coloco à disposição para fazer um trabalho junto de vocês (caratinguenses).