Tenente Aldeir Franco, que acabou de assumir o cargo de comandante em Caratinga, fala ao DIÁRIO sobre suas expectativas
CARATINGA- O 6° Pelotão de Bombeiro Militar de Caratinga está sob novo comando. Após a saída do tenente Josimar de Melo Goulart, assumiu a função de comandante da corporação, o tenente Aldeir Franco.
Aldeir é natural de Ipatinga e ingressou no Corpo de Bombeiro Militar em outubro de 2008. Apenas dois meses de se formar como soldado de segunda classe foi aprovado no Curso de Formação de Oficiais (CFO). O curso teve duração de três anos e funcionou na Academia de Bombeiros Militar (ABM), onde permaneceu até dezembro de 2011.
Formado, Franco foi designado para Governador Valadares, onde permaneceu por quase um ano trabalhando no serviço operacional, como comandante do Pelotão, na sede do 6° Batalhão de Bombeiros Militar. Em seguida, foi designado para Ponte Nova, em novembro de 2012, onde permaneceu por três anos. Do município da zona da mata, ele seguiu para Coronel Fabriciano, onde trabalhou por sete meses também no Pelotão Operacional.
Saindo do setor operacional, o militar foi designado para Ipatinga, onde também atuou por sete meses, desta vez no setor administrativo. Esta foi a última cidade em que ele trabalhou antes de vir para Caratinga. Ele viu a oportunidade de retornar ao serviço operacional, do qual se “identifica mais”, quando surgiu a vaga no 6° Pelotão, antes ocupada por Josimar.
Nesta entrevista, tenente Franco relata seus projetos no comando do Pelotão de Caratinga, dentre eles, elevar a unidade à condição de Companhia; expectativas e o papel do Bombeiro Militar na sociedade.
Além da cidade de Caratinga, o 6º Pelotão também é responsável pelo atendimento em mais 20 municípios Bom Jesus do Galho, Conceição de Ipanema, Córrego Novo, Dom Cavati, Entre Folhas, Imbé de Minas, Inhapim, Ipanema, Piedade de Caratinga, Pingo D’água, Pocrane, Raul Soares, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas, São Domingos das Dores, São Sebastião do Anta, Taparuba, Ubaporanga, Vargem Alegre e Vermelho Novo.
Como se deu a sua designação para Caratinga?
Estou aqui em Caratinga para poder dar seguimento ao trabalho que o Josimar começou, ele foi o primeiro comandante, que inaugurou a fração. Fui voluntário para vir pra cá, porque a função que estava exercendo em Ipatinga não era diretamente ligada ao serviço operacional. Estava no setor administrativo, então quando surgiu a vaga- sabíamos que o Josimar ia para Governador Valadares, me ofereci para vir porque é uma atividade que me identifico mais. Gosto de realmente o atendimento à população.
Já foi possível perceber a diferença de perfil de Caratinga para as outras cidades em que o senhor trabalhou?
Sim. Isso vai da cultura regional, cada cidade tem uma cultura, um jeito de lidar com as coisas. Mas, para o serviço militar não faz muita diferença, porque a gente tem um padrão a ser seguido. Temos o padrão de conduta, relacionado às nossas atividades, os atendimentos são todos registros por protocolo. Então o mesmo atendimento que é feito aqui em Caratinga é feito em Belo Horizonte ou Ipatinga. Dependendo da cidade, de acordo também com os outros órgãos apoiadores, por exemplo, a presença do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), a unidade avançada que compõe médico, onde fazemos esse atendimento conjunto também. Para se ter noção, em Ipatinga, uma unidade básica do SAMU fica sediada dentro do quartel. Pelo que conversei com o Josimar, a princípio a ideia seria isso também aqui, que o SAMU ficaria junto com o Bombeiro Militar, o que facilita o atendimento e economiza a questão do gasto público. Ao invés de você acionar dois órgãos diferentes para o mesmo atendimento, consegue despachar do mesmo local. Ou vai SAMU ou bombeiro. Assim, não tem desperdício.
Qual a estrutura do Pelotão de Caratinga, em relação a viaturas e pessoal?
Hoje estamos com nosso efetivo quase completo. O efetivo é de 30 militares, nós temos 27 militares ocupando nosso efetivo. Apenas três vagas em aberto. Mas, esse DDQOD (Detalhamento e Desdobramento do Quadro de Organização e Distribuição) é um novo modelo que foi implementado pelo comando, um pouco diferente de outros pelotões. Por exemplo, Manhuaçu, o DDQOD prevê mais de 50 militares. Eles estão atualmente com mais de 40, para fazer as mesmas coisas que nós fazemos e temos apenas 27. Esse é um desafio que foi lançado no comando, que é a gente trabalhar tão bem, ou melhor, com o efetivo menor. Não só Caratinga, mas todas as frações do bombeiro hoje estão sofrendo com a questão do efetivo. Temos sete viaturas disponíveis para trabalharmos. São como qualquer veículo; necessitam de manutenção, muitas vezes ficam paradas porque temos toda uma questão legal para seguir, por isso um pouco de demora na manutenção delas. Mas, no momento, a Seção de Transportes está efetuando o edital para licitação, para manutenção de viaturas. Acredito que abril, mais tardar em maio, já esteja tudo regularizado e vamos ter uma empresa de Caratinga responsável por fazer a manutenção das nossas viaturas. Estamos com dificuldade, temos algumas delas esperando. Eu não vou esperar até final de abril/início de maio, vou ver se a gente consegue parceiros, até mesmo da iniciativa privada, para poder soerguer essas viaturas e deixar em pronto atendimento.
Recentemente, Caratinga recebeu uma viatura de resgate. O 6° Pelotão tem somente uma viatura deste tipo?
Em funcionamento sim. A gente quer ver se levanta a outra para deixar em reserva. Mas, independentemente disso, só temos equipe pra compor uma viatura. Mesmo que a gente tenha a outra viatura, não vamos ter equipe pra compor ela. A viatura é para ficar no caso mesmo se a outra parar, a gente já ter uma para repor imediatamente, para fazermos a manutenção na outra.
Além do trabalho do Bombeiro Militar, ocorrências registradas na região contam com o reforço dos chamados bombeiros voluntários de algumas cidades vizinhas. Como o senhor vê esse trabalho?
Toda ajuda é benvinda. É óbvio que os atendimentos que entrarem para nós, vamos fazer o resgate, efetuar. Na verdade, da nossa parte não tem nenhum tipo de empecilho, o que tenho repassado aos meus militares é que não repassem ocorrência do Bombeiro Militar se nós tivermos com a viatura no quartel. Se a viatura e o efetivo estão aqui, fomos acionados, a gente vai atender. Caso a gente já esteja em atendimento, para que a população não fique sofrendo esperando terminar o atendimento, para poder deslocar às vezes 20, 30, 40 km de distância, a gente faz o uso do bombeiro voluntário, como apoio. É importante ressaltar que a responsabilidade é nossa. O Bombeiro Voluntário é um cooperador do trabalho do Bombeiro Militar. Mas, em casos de atuação conjunta, cabe ao Bombeiro Voluntário se reportar ao Bombeiro Militar e aguardar as instruções do que fazer, porque a gente sabe que a instrução ministrada ao Bombeiro Voluntário é limitada. Tem uma carga horária menor do que a ministrada ao Bombeiro Militar e não contempla todas as suas áreas de atuação. Hoje, o Bombeiro Voluntário faz mais realmente o trabalho de resgate, o atendimento em ambulância. Eles não têm o treinamento para efetuar um combate a incêndio urbano. Me parece que tem até um deles que tem um desencarcerador, não sei se eles têm o treinamento. Acredito que sim, mas como falei, a carga horária é menor. A gente tem que deixar claro que o Bombeiro Militar recebeu uma instrução maior e no meu ponto de vista melhor, porque a gente tem uma academia própria pra isso. Mas, de uma forma geral, tenho visto que o trabalho tem sido bom. De harmonia entre as corporações.
Qual a situação do convênio do Bombeiro Militar com a Prefeitura?
Está ativo. A Prefeitura é parceira direta nossa. Temos um convênio onde eles custeiam o aluguel, combustível, água, luz, telefone e estamos propondo agora a inclusão de uma pessoa responsável pela limpeza do quartel. A Prefeitura é parceira fundamental nossa para poder manter os atendimentos. O Estado está entrando com o efetivo, custeia os salários dos militares e com as viaturas e equipamentos. As outras demandas, praticamente todas, a Prefeitura é quem custeia pra gente.
Fale um pouco sobre a área de atuação do Bombeiro Militar. Em que situação o cidadão pode acioná-los?
O nosso serviço é de urgência e emergência. Um pouco de conflito que tem com relação aos bombeiros voluntários é isso. A população se sentiu um pouco “desamparada” da nossa parte, porque a gente não faz aqueles atendimentos em que já estão previstos, por exemplo, consultas agendadas. Nós não conduzimos pessoas para o hospital, que têm consulta agendada. O nosso serviço é realmente urgência e emergência. São acidentes automobilísticos, incêndios, captura de animais em risco. A gente efetua corte de árvore em risco, mas desde que esteja em propriedade particular. As árvores em rodovias públicas são responsabilidade do município, mas, em parceria a gente pode fazer também, desde que solicitado pelo município. Os incêndios, em geral, urbano ou florestal; ações de defesa civil, ocorrências de soterramento, desabamento, enchente, inundação. Nossa área de atuação é bem vasta, basta a população nos acionar através do telefone 193, é feita uma triagem pelo telefone, o teleatendente vai questionar a pessoa pra saber o estado em que a vítima se encontra, a situação, até pra saber qual viatura ele vai empenhar. A gente precisa fazer essa triagem e conta com um pouco de paciência da população, que não é apenas passar o endereço e a gente ir, precisamos dessas informações.
Quais são suas expectativas de trabalho e projetos em Caratinga?
A gente pretende trabalhar mais e melhor. A minha conversa com os meus comandados é que a gente aumente o número de atendimentos e para isso a gente precisa das viaturas disponíveis. A gente pretende fazer com que esse efetivo seja modificado. Temos algumas ideias, inclusive até com relação à elevação da fração de Pelotão para Companhia. Seria o meio mais fácil da gente ter mais militares aqui. Seria mais fácil para podermos trabalhar e atender, porque atendemos 21 cidades no entorno, então é uma região muito grande para ser atendida. Com a elevação da nossa fração, facilitaria muito nosso trabalho.
Quais são suas considerações finais?
Gostaria de dizer que o Corpo de Bombeiros está à disposição. É um telefone fácil de memorizar, já fica disponível para que a população nos acione. E dizer que estamos aqui para atender a população da melhor forma possível. Cheguei recentemente, mas vim para tentar resolver os problemas que me foram repassados e viemos observando. A população pode contar conosco, no que precisar referente ao atendimento. Estamos à disposição 24 horas para atender da melhor forma possível.