Fotógrafa de Piedade de Caratinga tem trabalho premiado em concurso. Ela fala sobre a arte de retratar o ‘momento do sim’
PIEDADE DE CARATINGA – O mago das imagens, o francês Henri Cartier-Bresson, disse certa vez que ‘de todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório”. Essas palavras podem definir o trabalho da fotógrafa Nathália Sabino. Ela se especializou em fotografar casamentos. Nathália Sabino sabe captar todas as emoções do ‘momento do sim’, as emoções do ‘grande dia’. Agora, teve seu trabalho reconhecido pela Bride Association, participando de um round que envolveu 182 profissionais de fotografia, que enviaram 1.790 imagens. ‘Pajem’, a foto feita por Nathália Sabino em 2016, está entre as premiadas.
A Bride Association é hoje uma das maiores associações de fotógrafos e videomakers de casamento do mundo. Com seis anos de história, 600 membros, a associação está presente em mais de 18 países. Para fazer parte deste seleto grupo, o profissional precisa ser premiado em um dos concursos oferecidos ao longo do ano. “Ser premiado é a única forma de ingressar na Bride Association. Dessa forma, garantimos membros criativos e dispostos a sempre surpreenderem seus clientes. A associação recebe anualmente mais de 10.000 fotos em seus concursos, mas apenas 600 são premiadas”, diz o release da associação.
Nathália Sabino conta nessa entrevista como a fotografia surgiu em sua vida, fala sobre a predileção por fotografar casamentos. Para ela, “uma boa fotografia precisa instigar as emoções de quem a vê’.
Como foi seu primeiro contato com a fotografia?
A fotografia surgiu de forma muito natural na minha vida, não tinha expectativa de me tornar uma fotógrafa. Ela me encontrou e eu me apaixonei. Inicialmente, surgiu como um hobby, em uma fase de buscas e mudanças que eu vivenciei após finalizar o ensino médio, aos 17 anos. Com o passar do tempo, fui me envolvendo cada vez mais e conciliando minhas experiências na fotografia com o curso de direito. Hoje, apesar de ser advogada, optei por me dedicar exclusivamente a essa arte que se tornou minha profissão e me completa.
O que mais lhe motiva nessa profissão?
O que mais me motiva na fotografia é ter a liberdade para criar. A fotografia é um estilo de linguagem criativa e poética que tem o poder de dizer coisas de uma maneira especial, transmitir uma mensagem, frear o momento e permitir revivê-lo. Poder fazer isso com momentos importantes na vida das pessoas é incrível, seja em um casamento, aniversário ou ensaio fotográfico. Isso sem dúvidas me deixa encantada e muito motivada.
Seu trabalho é notabilizado por fotografar casamentos. Quais são os maiores desafios de um fotógrafo desse tipo evento?
A fotografia de um casamento precisa contar a história desse dia tão sonhado e especial através de imagens. Logo, acredito que um dos maiores desafios ao fotografar esse tipo de evento, é criar fotografias verdadeiras, registrando sentimentos, capturar o momento decisivo e criar um trabalho documental, com memórias cheias de significado. É preciso estar sempre atento e preparado tecnicamente, pois cada história tem uma peculiaridade, cada casamento é único, e marcado por eventualidades.
O que mais gosta de registrar?
Sou fotógrafa de pessoas e amo registrar suas emoções, sensações e assim poder criar imagens que causam algum impacto e transmitem alguma mensagem.
Você foi premiada no concurso da Bride Association pela foto ‘Pajem’. Fale um pouco dessa imagem?
A foto premiada foi feita no ano de 2016, na época eu tinha 20 anos. Sempre tive um carinho por ela por ser uma fotografia verdadeira, que conta o momento. Lembro bem dessa cena, aconteceu durante o making of da noiva, em um instante em que todos já estavam se preparando para ir para a cerimônia. É uma imagem de impacto, por ser um registro de uma cena espontânea, caracterizada pelo retoque na maquiagem da noiva, que já estava pronta para o seu ‘grande dia’, bem como o pajem escovando os dentes e concentrado na produção da noiva, e também, sua mãe. A foto é interessante também por ser o registro de um momento inédito, próprio da dinâmica daquele casamento. Outros fatores técnicos também chamam a atenção na fotografia, como o ângulo, corte e a edição em preto e branco, que faz com que a imagem seja mais expressiva, forte e envolvente.
Ao que você deve toda essa sua bagagem fotográfica? Como você buscou aperfeiçoar sua técnica?
Fotografia é cultura! Para ter um bom trabalho eu preciso resgatar tudo que eu já aprendi e utilizar de uma forma criativa para expressar o que eu quero. Acredito que minhas experiências e oportunidades durante a vida apuraram meu olhar para determinadas situações. Tecnicamente, eu não tive uma formação formal, foi através da muita curiosidade, foco e dedicação que aprendi conceitos como composição, enquadramento, luz.
Durante essa pandemia, você teve muitos trabalhos adiados?
Sim, tive muitos casamentos e aniversários remarcados para o próximo ano. Porém, com todos os cuidados necessários, continuo realizando os ensaios externos e no estúdio, criando recordações de momentos importantes na vida das pessoas, que passaram a ter mais valor diante da pandemia.
Hoje temos celulares que fazem fotos. Como competir com esse tipo de tecnologia?
Apesar da maioria dos smartphones estarem com uma capacidade incrível de fazer fotografias lindas, a percepção que é feita da realidade é uma representação cultural. Por mais que existam bons recursos tecnológicos, nada substituirá o seu pensar e a sua criatividade, o que você sente. A técnica é extremamente importante, é a base da fotografia, porém é preciso ir muito além e se preocupar também com a história que será contada, ter a sensibilidade para transformar aquele momento em poesia em forma de imagem. Não se trata apenas de pixels, é sobre histórias, pessoas. É como aprender o alfabeto, mas somente ter alfabetização não faz de você um escritor.
Para finalizar, o que uma fotografia não pode deixar de captar?
Como uma forma de linguagem, acredito que uma fotografia não pode deixar de captar uma mensagem. Uma boa fotografia precisa instigar as emoções de quem a vê.