Mecânico morre com único tiro ao negar entregar dinheiro para assaltantes
CARATINGA – No início da tarde de ontem, apenas um tiro foi o suficiente para tirar a vida do mecânico de molas de caminhão Eduardo Balbino da Silva, 49 anos. O crime aconteceu em plena luz do dia, em frente ao posto Caratinga, no km 530,4 da BR-116.
Eduardo era muito conhecido e trabalhava ao lado do posto Caratinga. Ele tinha o hábito de pedalar sua bicicleta pelas principais ruas de Caratinga. Ele saia bem cedo de sua casa e ficava assoviando imitando os cantos dos pássaros. Eduardo também sempre limpava o
canteiro central perto de onde trabalhava, cortava os matos e podava as árvores. Ele tinha muitas amizades.
Mas no início da tarde de ontem, Eduardo teve a vida ceifada por alguém que já sabia que ele costumava andar com grande quantidade de dinheiro no bolso. Eduardo sempre estava sem camisa e de calça jeans, não parecia ser uma pessoa que tinha dinheiro, mas segundo amigos, ele mostrava vultosas quantias para algumas pessoas, o que pode ter contribuído para sua morte.
O ASSALTO
Dois homens passaram na moto CG 150, de cor preta. Um deles desceu e anunciou o assalto. Eduardo não entregou o dinheiro que estava em seu bolso e foi atingido por um disparo de arma de fogo. Em seguida, os assaltantes fugiram na moto pela MG-329, sentido Bom Jesus do Galho.
De acordo com o perito da Polícia Civil, Gilson Batista, foi constatado apenas um tiro. O perito explicou que o projétil entrou na palma da mão de Eduardo, que deve ter a colocado na frente do rosto para se proteger e o tiro atingiu sua testa. O mecânico morreu na hora.
Várias pessoas se juntaram em volta do corpo e os amigos de Eduardo ficaram indignados. Dentro do bolso da calça do mecânico, havia R$ 4.880,50, que foram contados pelos policiais e entregues à irmã da vítima.
Eduardo morava em uma casa humilde no Bairro Santa Zita, era solteiro e deixou seis irmãos. Seus pais já são falecidos. Segundo alguns amigos, além de andar com dinheiro, ele também tinha uma poupança no banco, mas não tinha costume de gastar. Quando comprava uma calça, ele fazia outro bolso com pano diferente, para sempre carregar uma quantidade razoável de dinheiro.
A MOTO USADA NO CRIME
A moto usada pelos assaltantes, a CG 150, estava com a placa adulterada. Ela foi abandona perto da empresa DPC na MG-329, estrada para Bom Jesus do Galho. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, não consta no sistema queixa de furto ou roubo. A placa verdadeira da moto é HCB – 7632/Vermelho Novo. Os assaltantes usaram fita adesiva preta para adulterar, transformando o ‘C’ em ‘O’, o ‘6’ em ‘8’ e o ‘3’ em ‘8’, ficando ‘HOB – 7882’.
A polícia teve informações que esta moto teria sido comprada recentemente por um jovem que mora no Bairro Nossa Senhora Aparecida. Este jovem já foi identificado e está sendo procurado.
TESTEMUNHA DO CRIME
Uma pessoa que trabalhava perto de Eduardo e o conhecia, viu o crime e contou como aconteceu. Ele preferiu não se identificar por questão de segurança.
Segundo a testemunha, um rapaz, que não usava camisa, foi ao encontro de Eduardo e pediu que ele passasse o dinheiro. Eduardo disse que não passaria e o assaltante efetuou o primeiro disparo. “O primeiro tiro mascou. Eduardo lutou com ele, mas aí ele deu o segundo que acertou em cheio e o matou. Ele pegou o dinheiro e foi de encontro ao comparsa que estava na moto, já na entrada da estrada para Bom Jesus do Galho”.
O PATRÃO DE EDUARDO
Eduardo trabalhava para Glauco Fabrício Timóteo Oliveira há mais de 20 anos. O patrão disse que ele era um grande amigo e não tinha desavenças. “Ele trabalhava todos os dias, uma pessoa amiga, foi realmente uma tragédia”, disse. Segundo Glauco, o amigo e funcionário tinha costume de andar com muito dinheiro no bolso e dizia que se um dia fosse assaltado, ele morreria, mas não entregaria.
Eduardo não possuía bens, apenas uma poupança no banco e um barraco no Bairro Santa Zita.