(Noé Neto)
É um consenso que a educação é a chave de mudança e evolução das nações. Ninguém duvida que país desenvolvido é aquele que investe em educação de qualidade para formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres para com a sociedade.
Falar de educação de qualidade requer não apenas falar em formação de professores, em alunos matriculados nas séries correspondentes a sua idade, em alunos aprovados ou em redução da evasão escolar. Claro que estes são dados importantes, porém, mais importante que isso é uma gestão de qualidade.
Para todo setor que queira desenvolver bons resultados, o estudo da Gestão de qualidade aponta como parâmetro básico o conhecido Ciclo PDCA, cujos princípios são: planejar, fazer, checar e agir. Observando a importância desse ciclo, não precisamos ser nenhum PHD no assunto para entender que as dificuldades da educação esbarram em todos os pontos.
As burocracias envolvem o setor em seus mais diversos níveis, a começar por ofícios e emendas expedidos diariamente com o objetivo de modificar processos em andamento, passando por calendários alterados com inserção de dias não previstos e alterações de início e término do ano letivo e terminando na improdutividade dos chamados dia D, impostos “a toque de caixa”, vão criando uma sensação de desorganização onde pairam as seguintes perguntas:
- I) Como planejar atividades diversificadas, estruturadas e que atendam aos anseios do público alvo, se as informações se desencontram em diversos sentidos?
- II) Como fazer uma educação de qualidade, se as peças chave raramente são consultadas e quase nunca são escutadas em suas necessidades e anseios?
III) De que forma os resultados serão checados se a ineficiência de sistemas impede tarefas simples como um lançamento de frequência diária?
- IV) Como agir, treinando e promovendo ações preventivas, se o ciclo não se completa até que nova informação seja emitida desconsiderando a anterior?
Provavelmente minhas dúvidas perduraram por longo tempo, pois como professor, mais que nunca salta em mim a sensação de que estou tecendo um belo tapete durante o dia aos olhos do público enquanto alguém o desfaz à noite, às escuras.
Com a certeza de que “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”, como afirmou Paulo Freire, chego à triste conclusão que o excesso de fala atrelado à inércia constante das ações é barreira, propositalmente instalada, para que o oprimido continue eterno dependente do opressor.
Prof. Msc Noé Comemorável.
Escola “Prof. Jairo Grossi”
Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Escola Estadual Princesa Isabel