Destinação de madeira resultante de supressão de árvores das rodovias foi questionada nas redes sociais
CARATINGA– Recentemente, a Câmara Voluntária de Caratinga divulgou nas redes sociais denúncia de que a Câmara Municipal estaria recebendo madeiras doadas pela unidade local do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Caratinga, resultantes do corte de árvores do perímetro urbano da BR-116, que “estariam sendo serradas através de laranjas e, posteriormente, vendidas em pranchões para a prefeitura municipal”.
Para esclarecer quais são os critérios de supressão de árvores nas rodovias federais e sua destinação, o DIÁRIO DE CARATINGA conversou com o supervisor do Dnit, Robson Carlindo Santana Paes Loures.
Ele destaca quais são os casos em que o Departamento necessita ou não de autorização dos órgãos ambientais para realização dos cortes, de acordo com o tipo de vegetação. “São dois casos distintos. Temos a parte de árvores nativas, que precisam ser inventariadas, levadas ao conhecimento dos órgãos ambientais, obtidas as licenças e se autorizado efetuar o corte. Ou quando uma árvore, mesmo que nativa, represente risco de queda e de acidente, podemos efetuar o corte; quando pega fogo no pé de uma árvore podemos ir lá fazer esse corte. Outra situação que tem muito aqui na BR são os eucaliptos, nesse caso não precisamos de nenhuma licença ambiental para efetuar os cortes”.
Conforme Robson, na maioria das vezes as prefeituras têm por iniciativa fazer o pedido de doação de madeiras ao Dnit, que prontamente atende às solicitações, pois a doação a estes órgãos é permitida. “Tenho aqui na minha mesa mais ou menos uns 10 pedidos de doação de eucalipto das prefeituras da região. Desde quando cheguei a Caratinga, já vão fazer uns 10 meses, nunca neguei nenhum pedido porque para o Dnit é interessante que se limpe a faixa de domínio. E esse eucalipto sou obrigado a dar uma destinação social para ele, então tem que ser um órgão, uma entidade que vai dar uma destinação social, prefeitura, Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Lar dos Idosos, uma entidade governamental”.
O supervisor do Dnit ainda chama atenção para o perigo que algumas árvores representam em relação à segurança dos motoristas. E explica como funciona a dinâmica desde a supressão das árvores até o recolhimento do material que será doado. “Já tivemos casos de acidentes tanto na 116 como na 262, depois que cheguei aqui teve o caso de um acidente próximo a Realeza, que infelizmente vitimou duas pessoas por conta da queda de uma árvore. Então, o Dnit vem trabalhando no sentido de parcerias com as prefeituras de doar essas madeiras. Marcamos um dia, se determina uma área e a prefeitura vai lá com seu pessoal, equipamentos, efetua o corte dessas árvores e o transporte também para os seus respectivos municípios. Disponibilizamos nossa equipe para fazer o ‘Pare e Siga’, parar a rodovia para cortar com segurança e derrubar, que muitas dessas caem na pista e as prefeituras retiram”.
Sobre as denúncias divulgadas em relação ao material doado pelo Dnit, ele frisa que a cada solicitação são fornecidas em torno de 10 árvores, que é mais ou menos o que se corta no período de dia. “Todas as prefeituras que solicitaram foram atendidas, a que não foi ainda é porque trata-se de pedido recente, mas vai ser disponibilizado. É um volume muito pequeno para se ter um questionamento desse tipo, uma denúncia desse porte”.
E finaliza ressaltando que o Dnit não tem controle sobre o fim dado às madeiras doadas a cada instituição. “Fazemos a doação, porém, cabe a cada prefeitura ou entidade que receber, dar a devida destinação. A nós não cabe fiscalizar como está sendo utilizado esse material”.