Homem se passou por padre na região de Santo Antônio do Manhuaçu
CARATINGA- Diversos relatos narram visitas frequentes de pessoas de fora, que se intitulam como missionários, às vezes até como padres ou religiosos (as), às comunidades e até mesmo casas de família de em diversas paróquias da diocese de Caratinga. Em geral, esses relatos têm em comum a utilização de uma “imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima” e a venda de objetos devocionais, como terços, velas, anéis, cordões e imagens.
O vigário geral da diocese de Caratinga, padre José Carlos de Oliveira, lembra que a unidade é uma das principais características da Igreja Católica, sendo esta expressa pela comunhão da Igreja em todo o mundo. “Os leigos, os religiosos, os presbíteros e os bispos da Igreja Católica de qualquer lugar do mundo estão em plena comunhão com o Santo Padre, o Papa Francisco. É uma Igreja única, que zela pela unidade”, explicou.
Padre José Carlos esclarece, no entanto, que apesar de a Igreja ter a unidade como característica essencial, há por parte dela um grande esforço para que aconteça um amplo diálogo inter-religioso. “O que nós reprovamos é a má fé de algumas pessoas, que aproveitam da fé alheia, passando-se por membros da nossa Igreja, ou de Igreja que estejam próximas a nós, como a Igreja Ortodoxa, por exemplo, para obter vantagens econômicas”, pontuou o vigário geral.
Ele ainda explicou que, até mesmo dentro da diocese, um padre não preside celebrações na paróquia de outro padre sem prévia autorização. “Nossa Igreja é jurisdicional. As paróquias têm limites bem definidos e cada pároco é o pastor do povo que está naquela localidade. A presença de outro padre, de um seminarista, de um religioso, ou de qualquer pessoa que exerça ali um trabalho pastoral ou missionário em nome da Igreja Católica, só se pode fazer com autorização do pároco daquela paróquia, ou, em alguns casos, do bispo diocesano”, esclareceu.
Nesta última semana, o pároco da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, de Santo Antônio do Manhuaçu, padre Raniel Carlos de Freitas, relatou que soube da presença de um padre de fora em algumas comunidades da paróquia, apresentando-se com o nome de “padre André Luiz”, da região de Mutuá, Rio de Janeiro, e levando consigo uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e uma caixinha de ofertas.
Em contato com a cúria arquidiocesana de Niterói, a que pertence Mutuá, padre Raniel constatou que não existe “padre André Luiz” naquela arquidiocese. Posteriormente, o “padre André Luiz” passou a apresentar-se como “padre católico ortodoxo”, o que se desmentiu também rapidamente. “Para o bem dos fiéis católicos de nossa paróquia, queremos esclarecer esse fato para que não sejam enganados em sua preciosa piedade, fé e amor a Deus”, escreveu padre Raniel.
Ainda conforme padre Raniel, é importante esclarecer esse assunto, pois “o nosso povo é muito bom quando se trata de Igreja, dos padres, dos religiosos… mas precisam estar atentos com relação àqueles que agem de má fé e usam a religião para tirar proveito econômico”.
Abaixo, publicamos na íntegra um texto que traz esclarecimentos sobre a ação da Igreja Católica Apostólica Romana e sua relação com as Igrejas Ortodoxas, produzido pelos padres Raniel Carlos de Freitas e Fabrício de Almeida Moura:
ESCLARECIMENTO AOS FIÉIS CATÓLICOS APOSTÓLICOS ROMANOS
Nossa Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica de Comunhão Romana vem sendo guiada desde o primeiro século pelos sucessores do Apóstolo São Pedro. Este estava à frente do Colégio Apostólico como instituiu Nosso Senhor Jesus Cristo. Os bispos sucessores dos apóstolos em comunhão com o Romano Pontífice nos garantem a pertença e a comunhão com a igreja universal Corpo Místico de Cristo. Assim, rezamos em cada Celebração da Eucaristia pelo nosso papa Francisco e por nosso bispo Emanuel. Nesta prece rezamos pelos nossos pastores e ao mesmo tempo manifestamos publicamente nossa unidade com toda a Igreja.
A Igreja Católica desde o Concílio Ecumênico Vaticano II vem se esforçando no diálogo com as diversas confissões cristãs na busca da unidade tão desejada pelo próprio Cristo. Este diálogo e mesmo orações comuns não significam uma relativização da fé, dos dogmas ou da visão católica da fé cristã. Quando acontecem encontros dessa natureza: patriarcas, bispos, sacerdotes e pastores são recebidos com toda deferência, mas não há uma celebração eucarística em comum.
A Igreja Católica de modo oficial reconhece a sucessão apostólica e a validade dos sacramentos ministrados pelas Igrejas Orientais Ortodoxas e pelas Igrejas Ortodoxas de Tradição Bizantina em comunhão com o Patriarca de Constantinopla. Bem como das Igrejas dos Velhos Católicos surgida em Utrecht na Holanda em 1723 e de alguns grupos surgidos após o Concílio Ecumênico Vaticano I. Reconhecer a sucessão apostólica não significa poder fazer tudo em comum como celebrar ou receber os sacramentos. Uma coisa é a validade, outra coisa é a unidade.
Por isso é preciso ficar bem claro para todo católico, nossa Igreja Católica Apostólica Romana se manifesta na unidade com o Papa Francisco, com nosso Bispo Dom Emanuel e com os demais bispos das dioceses espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. A visibilidade da comunhão dos bispos se manifesta pela CNBB, órgão de comunhão entre os bispos católicos apostólicos romanos.
Em nosso país existe ampla liberdade religiosa, o que a ICAR deseja e incentiva de modo oficial pelos documentos conciliares. Respeitamos todas as religiões e denominações cristãs. Em muitas comunidades já é possível celebrar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, mas tais iniciativas não significam uma unidade que supere as diferenças teológicas e pastorais. Rezar pela unidade é cooperar, no respeito às particularidades, para a construção de um mundo melhor, onde cada cristão pode deixar seu testemunho, sem, no entanto deixar seu credo e sua profissão de fé.
Nossa Igreja é jurisdicional, isso quer dizer que as comunidades e paróquias têm limites definidos. Em tal lugar paróquia tal, em outro lugar comunidade tal. Essa organização existe a fim de formarmos comunidades de convivência e celebração litúrgica. Qualquer trabalho missionário ou devocional deve primeiro ser comunicado ao pároco para que seja dada a devida autorização. Mesmo um padre quando é convidado para uma missa ou outra celebração tem o dever de comunicar ao pároco local. Assim, quem age diferente disso, somos levados a crer que não está em comunhão com nossos bispos e nosso Papa Francisco, que não faz parte de nossa Igreja Católica Apostólica Romana. Nossas comunidades eclesiais devem ficar sempre atentas para pessoas que se apresentam como bispos, padres, seminaristas, ministros, missionários, freiras ou qualquer outro título católico, se não procurou o bispo diocesano ou o pároco local certamente não está na comunhão de nossa Igreja.
Fonte: Com informações da Diocese de Caratinga