INHAPIM – Na terça-feira (18), uma equipe da Polícia Florestal de Caratinga compareceu à Fazenda Água Limpa, próxima ao distrito de Itajutiba, município de Inhapim. Acompanhados da fiscal do Instituto Estadual de Florestas (IEF)- regional de Governador Valadares, Marina Dias e técnicos, os policias foram apurar denúncia de moradores, de que estava acontecendo uma grande devastação na área de mata da fazenda.
A fazenda possui mais de 500 hectares de vegetação de Mata Atlântica em avançado processo de regeneração natural, e não pode mais ser suprimida, pois já se tornou um habitat para aves e animais.
A fazenda já foi tema de duas reportagens do DIÁRIO DE CARATINGA, mostrando a luta do ambientalista Vicente Van Gogh para transformá-la em uma reserva biológica. Há mais de cinco anos ele vem tentando junto ao Ministério do Meio Ambiente, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes, a desapropriação da fazenda para fins de preservação.
Segundo Van Gogh, não existe custo algum ao governo, de acordo com o artigo. 36 da lei da Mata Atlântica. “O governo apenas realizaria o projeto de desapropriação. A compra e preservação ficam por conta da iniciativa privada, ONGS, etc, mesmo assim nem isto ainda conseguiu do governo federal”.
Diante disto, ele entrou com uma ação contra o Ministério do Meio Ambiente e o inquérito corre pela procuradoria de Ipatinga. Van Gogh esclareceu que recebeu a denúncia feita por moradores e que esteve na fazenda, fotografou a devastação realizada e entregou as fotos à equipe da Polícia Florestal, que de imediato, deixaram de lado centenas de outras ocorrências, dando prioridade total à denúncia, indo até a fazenda, a equipe composta por cabo Sydney e cabo Carlyli e ainda vindo de Governador Valadares uma equipe de técnicos e fiscais da regional do IEF.
Foi constatada a devastação de 6,23 hectares de mata nativa, maioria composta por aroeira vermelha e madeira ameaçada de extinção e protegida por lei. A área de mata nativa foi totalmente devastada, utilizando-se para isto de dois tratores. Ainda foram apreendidos 436 mourões de aroeira vermelha, utilizados na construção de cercas e mata-burros e ainda uma motosserra. A ocorrência foi registrada na delegacia de Inhapim.
As multas chegaram a mais de 140 mil reais, sendo embargada a atividade no local, diante da gravidade da situação encontrada. A equipe permaneceu durante todo o dia fazendo os levantamentos. Van Gogh afirma que também entregou as fotos à procuradoria de Ipatinga, junto com novo documento no qual exige a cumprimento da lei da mata atlântica em seu artigo 36. “O governo cria a lei, mas não a aplica. Por este motivo estamos solicitando a aplicação desta lei, o que poderá salvar milhares de hectares de mata atlântica que estão sendo devastados em Minas Gerais e no Brasil, é uma situação vergonhosa”, afirma.
Van Gogh conta com o apoio de moradores próximos à fazenda, que estão atentos a qualquer devastação que aconteça. “Não temos nada contra os proprietários, que devem ser indenizados, pois não têm interesse algum na preservação da área de mata nativa. Como por lei não podem desmatá-la, cabe ao governo cumprir a lei, desapropriando para fins exclusivos de preservação permanente. Não poderia deixar de agradecer à Polícia Florestal pela imediata atuação, bem como a equipe da regional do IEF de Valadares, como também não poderia deixar de lamentar a falta de atuação do governo federal. Os cidadãos se arriscam denunciando, e em troca recebem desprezo do governo federal, isto é profundamente lamentável e criminoso”, desabafa.