Evento regional será realizado em Dom Cavati
DA REDAÇÃO – Começa amanhã o 1° Seminário Teológico da Pastoral Afro-Brasileira. O evento será realizado na Casa da Amizade Padre José Tito de Oliveira, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Dom Cavati. A organização é da Pastoral Afro-Brasileira Diocesana de Caratinga, coordenada pelo padre José de Fátima Rosa e grupos da consciência negra da diocese e região.
O movimento se expande pelas cidades de Manhuaçu, Fervedouro, Carangola, Caratinga, Vargem Alegre, Inhapim, Tarumirim e Dom Cavati e com previsão da criação de mais um, em Santa Margarida.
O seminário tem como foco o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta quinta-feira (20), através de debates e apresentações culturais. Para padre José de Fátima, o principal objetivo é evangelizar, conscientizar e trabalhar a questão do negro na sociedade e na igreja.
O credenciamento para participação na sexta (21) e no sábado (22) já foi realizado. A abertura vai acontecer às 18h e a celebração às 21h. No sábado, acontece o momento de estudo, com padre José Raul, abordando a questão ideológica. À tarde, a ex-prefeita de Araçuaí, Maria do Carmo Ferreira da Silva, integrante do Ministério das Comunicações, irá abordar da cultura racial.
O momento também será de avaliação das políticas públicas e reflexão a respeito do fórum realizado no ano passado em Dom Cavati. Padre José de Fátima lembra que o evento contou com número expressivo de deputados, prefeitos, juízes e autoridades de toda a região. “Queremos trabalhar um pouco a questão das políticas públicas, principalmente para a juventude, em relação à igualdade racial, cuja função nossa é discutir com a sociedade e o governo, que sejam democráticas e descentralizadas. O principal objetivo desses atos é promover alterações positivas à realidade vivida pela população negra, revertendo perversos efeitos de séculos passados de preconceito, discriminação e racismo”.
O movimento negro também trabalha com visitas nas escolas e, no caso de Dom Cavati, a associação de bairros também se envolve com a conscientização. Um pouco do trabalho realizado será exposto no encerramento do seminário que acontece no domingo (23), com apresentações de congado e folia de reis, da região de São Domingos do Prata, Ipatinga, Coronel Fabriciano e Guanhães. Terá o momento das bandeiras, com rei e rainha e forte encontro de músicas culturais. A chegada das caravanas está prevista para as 8h.
Às 15h, acontecerá uma grande caminhada com toda a comunidade e os grupos afros, juntamente com os leigos da Paróquia, encerrando com a missa às 16h. Neste dia, não é necessário credenciamento. “Queremos trabalhar a implementação das leis, ensino da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, destacar mais. E o ensino da história da cultura indígena no currículo escolar. Oficinas de capacitações para professores. Contamos com Conselho Municipal, seção de Igualdade Racial, em auxiliar, dialogar e fiscalizar as políticas implantadas. Em 2012 a gente teve um conselho em Caratinga pela primeira vez, foi muito importante. É preciso apoio da sociedade. Hoje temos a satisfação de realizar o primeiro seminário ligado à CNBB, que planejará ações nossas, até mesmo dos grupos que nós temos”.
Padre José de Fátima aproveita para fazer uma reflexão. “Queremos prestar homenagem ao anfitrião dom José Maria Pires, arcebispo emérito de Maceió, que esteve em Caratinga no dia 15 de maio de 2011. O tema na época foi ‘Essa é a pergunta que não quer calar. Será que houve mesmo abolição da escravatura’? Um grande questionamento que nós temos hoje”.
O Dia da Consciência Negra, comemorado hoje, será celebrado na comunidade de Inhapim, com missa às 19h30. “Queremos registrar, apoiar e fomentar todas as manifestações culturais que promovam a igualdade racial, como grupos folclóricos e manifestações afro-brasileiras. Comemorações referente ao dia do índio, dia da abolição da escravatura e dia da consciência negra”, informou padre José de Fátima.
Ele deixa um agradecimento ao bispo diocesano, dom Emanuel Messias de Oliveira, por ter lhe confiado a Pastoral da Diocese. “Peço apoio aos colegas sacerdotes, nas paróquias, para ajudar, porque nada mais é do que uma conscientização, valorizando o negro. Agradeço à Prefeitura de Dom Cavati, que está nos fornecendo veículos, dando apoio. À Secretaria de Educação de Tarumirim, na pessoa de Ronaldo José e de Iapu. À secretaria geral de todos os grupos da região, ao prefeito de Dom Cavati. Também ao vice-diretor de Tarumirim, Pedro Reis. Aos párocos de Tarumirim, Silas e Flávio; de Iapu, padre Moacir e ao José Carlos, prefeito de Iapu. À prefeita de Tarumirim, Dalva; padre José Flávio, de Vargem Alegre e padre Celso, de Inhapim”.
O padre acredita que falar do negro é fazer uma reflexão reconhecendo o ícone da história contemporânea, Nelson Mandela. “Um por todos e todos por um. Lutou pela conquista da liberdade e da igualdade, representando os anseios e as angústias de um imenso contingente populacional negro cercado por uma minoria branca, que deteve durante quase 50 anos o poder politico da África do Sul”.