América Vôlei: Fim de um sonho
Na última semana recebi uma mensagem do meu amigo Gilson Bispo que me causou enorme tristeza. Ele foi chamado a diretoria do clube e informado pelo presidente da decisão de encerrar as atividades do projeto América Vôlei. O argumento segundo me relatou, foi para “contensão de despesas”. Antes de qualquer coisa, quero deixar claro aqui, não se tratar de “caça ás bruxas” ou procura de culpados pelo fim do projeto. É mais um texto de profunda lamentação e perplexidade. Porém, num segundo momento, irei com toda certeza em busca da palavra do presidente José Antônio Rodrigues, o “Zé do Gás”, pessoa pelo qual tenho enorme respeito diga-se de passagem, para que possa nos dar mais detalhes sobre a decisão. Não se trata de explicações pra mim, mas para ás famílias dos cerca de 70 atletas que faziam parte do projeto. Entretanto, fico muito à vontade para se preciso for, também pedir a diretoria que nos fale mais sobre essa triste decisão. Afinal, em 2016 fui o idealizador do América Vôlei quando ocupei até 2018 o cargo de diretor esportivo do clube. Mesmo não fazendo mais parte do quadro de sócios do clube, mesmo tendo consciência do momento econômico complicado para todos, acho justo que tenhamos mais informações sobre o fim das atividades.
O nascimento do sonho
Em 2016, fui convidado por uma das chapas que concorriam à eleição no clube a integra-la, com objetivo em caso de vitória, de assumir a diretoria de esportes. Com o sucesso no pleito, o então presidente eleito Jander Rocha, logo na primeira reunião do Conselho confirmou meu nome para o cargo. Assim, com apoio de praticamente todos os conselheiros e diretoria, arregacei as mangas e fui á luta. Em dois anos, conseguimos alguns avanços, reforma de quadras de peteca e tênis, promoção de torneios, implantamos em parceria a capoeira no clube para os sócios, buscamos patrocínio para esportes coletivos e outra ações menores. Mas o grande sonho era um projeto esportivo social. Através de um time de vôlei já existente na cidade, a época comandado por duas amigas, Érica e Helizângela, surgiu o interesse para transformar o time num projeto maior. Com total apoio como disse, fui levado pelo professor Wagner Maciel até a USIPA para conhecer o projeto que era desenvolvido lá. Voltei maravilhado e uma parceria engatilhada com Josias Alves Silva, coordenador geral de esporte no clube de Ipatinga, que nos atendeu muito bem e se colocou a disposição para nos auxiliar. Montamos o projeto e tivemos sua aprovação meses depois pela Secretaria de Esportes de Minas Gerais no programa Minas Olímpico. Estávamos aptos a captar até 3% de ICMS de empresas de todo o estado que quisessem apoiar nosso projeto de iniciação (escolinha de vôlei). Fomos bem recebidos pela maioria dos empresários da cidade. Porém, quem aportou de imediato no projeto foi a Viação Rio Doce com R$ 70.000. Essa verba possibilitou adquirir material de qualidade e contratar profissionais de alto nível com indicação de Cleiton Rocha (ex-superintendente de esportes municipal) fomos em busca de Gilson Bispo, um dos grandes técnicos do país na formação de atleta. Oque nasceu como uma ideia simples, cresceu rapidamente e chegou a ter mais de trezentos alunos de várias faixas etárias aprendendo voleibol. Mais que esportivo, o América Vôlei era um projeto social. Através dele, muitos meninos e meninas tivera a chance de praticar esporte, oportunidade inclusão, e alguns o sonho de se tornarem atletas profissionais mesmo em tão pouco tempo. Atletas atuando em Santos, Santa Catarina, seleção mineira e disputando super liga, puderam ser lapidados no ginásio Alfeu Chaves no clube América. Lamentavelmente, o voleibol perdeu essa por 3 sets a 0.
Rogério Silva
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