O médico Hedelberto Barbosa Gonçalves fala sobre esse procedimento e o quanto ele pode elevar a autoestima das pessoas
CARATINGA – Ao longo dos anos, a cirurgia plástica sempre foi vinculada à vaidade e também como sendo um procedimento médico para as classes mais abastadas. No entanto, essa imagem vem mudando, pois a cirurgia plástica não traz benefícios só para a estética, mas também para a autoestima, que é extremamente importante para a saúde, pois a autoestima elevada promove uma espécie de blindagem no cérebro, afastando problemas relacionados à autoimagem, como a depressão, e ajudando até mesmo na recuperação de doenças.
Para falar sobre essa área da Medicina, o DIÁRIO entrevistou o cirurgião plástico Hedelberto Barbosa Gonçalves, que colabora com seus artigos para este jornal. Ele é natural de Caratinga, mas residiu em outras cidades durante 15 anos. Agora retornou à Caratinga e inclusive leciona para turma do sétimo período de Medicina do UNEC. Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 2011, sua residência médica de cirurgia geral foi pelo Hospital do Servidor Público Estadual (IAMSPE) em São Paulo. Depois, fez residência de cirurgia plástica reconhecida pelo MEC e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, tendo se tornado membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O cirurgião plástico Hedelberto Barbosa Gonçalves é didático em suas respostas e fala como essa técnica pode deixar a pessoa mais bonita e mais saudável. Ele também discorre um pouco sobre sua carreira e da satisfação em poder repassar o seu conhecimento.
Dentre tantas áreas da Medicina, porque o senhor optou pela cirurgia plástica?
Minha aptidão por áreas cirúrgicas começou bem no início da graduação de Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora. Fui monitor de Anatomia durante dois anos e nesse período dedicava grande parte da minha carga horária aos estudos nas peças do Anatômico da faculdade. Ao final do curso de Medicina já sabia que iria seguir na atuação na área cirúrgica. Visto isso, falando especificamente da cirurgia plástica, sempre me interessei muito por cirurgias de reconstrução corporal. Na minha concepção, poder mudar o contorno de uma parte do corpo através de técnicas cirúrgicas, sejam elas com finalidades reparadoras ou estéticas, me traz uma realização profissional muito grande. Além disso, o retorno da autoestima e do bem estar do paciente que necessita de uma cirurgia plástica, sela o compromisso em exercer de forma ética a especialidade.
Como a cirurgia plástica pode ajudar no dia a dia de uma pessoa que resolve viver mais saudável e mais bonita?
Atualmente a cirurgia plástica é cada vez mais procurada com finalidade de promover saúde e bem-estar. Hoje, estar bem com o corpo e face, aliada a uma boa alimentação e atividade física diária tem sido preconizado como modelo de “saúde”. Por isso a cirurgia plástica se torna a cada dia mais real no cotidiano dos brasileiros. Pesquisa recente de um órgão veiculado aos meios de comunicação relatou que o terceiro maior sonho de consumo dos brasileiros é a realização de uma cirurgia plástica, perdendo apenas para a aquisição de uma casa própria (primeiro lugar) e carro (segundo lugar).
Antes a cirurgia plástica era visto como algo ligado a vaidade, hoje ela pode até devolver a autoestima, no caso de pessoas que sofreram acidentes e ficaram com cicatrizes. Realmente mudou essa percepção sobre a cirurgia plástica?
A cirurgia plástica inicialmente foi aprimorada a partir de cirurgias reparadoras através de tumores de pele e acidentes. Grande parte das pessoas vinculava a especialidade apenas às vaidades. Mas com uma maior informação e divulgação, hoje é bem difundida a recuperação de pacientes com pós-traumatismos graves e reconstruções oncológicas. E essa percepção também está ligada à contínua busca e aperfeiçoamento técnico e científico da especialidade.
Nas últimas quatro décadas, homens e mulheres têm vivido mais e, a cada ano, a expectativa de vida no Brasil. Em sua opinião, o que tem levado as pessoas a confiarem cada dia mais na cirurgia plástica?
Com o aumento da expectativa de vida, o brasileiro quer viver mais tempo com saúde e beleza. Por esse fato que aumentou a confiabilidade e procura por uma cirurgia estética, sobretudo em face, após certa idade. A mulher brasileira é considerada padrão de beleza em todo o mundo, além disso, elas são muito vaidosas. O que confirma isso é o fato de o Brasil ser o segundo país que mais faz cirurgias plásticas no mundo, ficando atrás apenas dos EUA.
Que informações o paciente deve saber para escolher um cirurgião plástico?
Em primeiro lugar, o paciente precisa certificar se o profissional escolhido é de fato um cirurgião plástico. O profissional devidamente habilitado possui um RQE (Registro de Qualificação de Especialista), esse número deve ser pesquisado no site do CRM-MG. Além disso, ele deve fazer parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O paciente deve procurar referências do profissional escolhido, procurar saber dos resultados obtidos em outros pacientes e ter empatia na consulta, fortalecendo a relação médico- paciente.
Quando um paciente lhe procura, o senhor aconselha se tal procedimento se faz necessário ou não? Qual deve ser a abordagem de um cirurgião plástico com o paciente?
Na verdade, o cirurgião plástico, de forma geral, não sugere o que o paciente deve fazer. A abordagem do cirurgião plástico é voltada para a queixa do paciente, devendo ser abordado o que “incomoda” a paciente. A partir disso se traça planos terapêuticos e cirúrgicos.
O senhor ministra aulas de cirurgia e técnica cirúrgica para alunos do sétimo período de Medicina do Unec. Como tem sido essa experiência?
É uma realização profissional e pessoal muito grande, poder estar ministrando aulas na instituição. Sou caratinguense e estudei minha vida toda na Jairo Grossi, fiquei 15 anos morando fora da cidade e agora retorno como professor. Além disso, a instituição tem um compromisso de longa data com a educação, e na Faculdade de Medicina, é da mesma forma. A UNEC esta em constante aperfeiçoamento na área da saúde com uma grande contribuição social e científica do Hospital CASU, criado pela fundação.
A esposa do senhor é dermatologista, ela pretende atuar na cidade também?
Isso mesmo, ela é dermatologista, e possui formação profissional nos mesmos locais em que me formei. Graduou-se na UFJF e cursou Residência MEC de Dermatologia na Santa Casa de Belo Horizonte. Ela já está prestando serviços na cidade.