De 513 deputados, só uma destinou verba de emenda às mudanças climáticas

Vista do plenário da Câmara dos Deputados antes do início da votação do texto da reforma tributária, em Brasília Imagem: 6.jul.2023 - Cláudio Reis/Estadão Conteúdo

Apenas a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) indicou recursos para ações relacionadas à mudança do clima no Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática desde o início de 2023. Por outro lado, dos 513 parlamentares eleitos em 2022 nenhum destinou verbas ao Ministério da Integração para recuperação das cidades após desastres naturais.

O que aconteceu
Parlamentares eleitos em 2022 não demonstraram prioridade na aplicação de suas emendas para temas relacionados ao meio ambiente e mudanças climáticas, mesmo com o aumento de tragédias, como a vivida atualmente no Rio Grande do Sul.

Desde o início da gestão de Marina Silva, o Ministério de Meio Ambiente e Mudança Climática recebeu indicação de emenda de apenas uma deputada: Célia Xakriabá (PSOL-MG). A parlamentar indicou R$ 1 milhão para a ação de “Implementação e Monitoramento da Política Nacional sobre Mudança do Clima” , em seu estado. A pasta foi uma promessa do presidente Lula para tornar o Brasil protagonista na discussão sobre emergência climática, sobretudo no cenário internacional. O ministério é encarregado de formular e implementar políticas públicas ambientais nacionais.

A emenda de Célia Xakriabá foi indicada somente em 2024, mas ainda não está empenhada.
A destinação de emendas parlamentares é a forma que deputados e senadores têm de alimentar suas bases eleitorais. É possível indicar valores para diversas áreas por meio dos ministérios, de acordo com a negociação feita com prefeitos e governadores de cada localidade.

Ações de Proteção e Defesa Civil
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional têm medidas específicas para recuperação de desastres climáticos nas cidades. Em 2023 e 2024, porém, nenhum deputado indicou emendas para “Ações de Proteção e Defesa Civil” . A rubrica permite executar obras de estabilização de encostas, reconstrução de estruturas danificadas por alagamento, enxurradas ou inundações e operações para evitar danos.
Em 2023, a pasta gastou R$ 1 bilhão do próprio orçamento para a reparação dos municípios atingidos por desastres. Este ano, foram R$ 255 mil até ontem (6), segundo o sistema de execução do Orçamento da Câmara dos Deputados.
A indicação dos valores é o primeiro passo para que um parlamentar envie dinheiro para o seu estado. A próxima etapa é o empenho, quando o recurso é reservado, e só depois pago.

Cidades brasileiras sofrem com chuvas fortes que causam mortes e deixam centenas de pessoas desabrigadas todos os anos. Se os deputados tivessem indicado emendas para os ministérios da Integração e Meio Ambiente, os recursos poderiam auxiliar no desastre vivido agora do Rio Grande do Sul.

Câmara aprova PDL acelerar liberação de recursos para RS
Os deputados aprovaram ontem à noite um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que dá celeridade no envio de recursos ao Rio Grande do Sul. O texto reconhece estado de calamidade pública no estado até 31 de dezembro de 2024 e determina que qualquer ação relacionada ao estado de calamidade fica fora do limite de gastos do governo federal e das metas fiscais.

A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Senado antes de ser promulgado. Segundo a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), o decreto dá segurança jurídica para as ações do governo federal e permite outra série de atos.

A expectativa é que o texto seja aprovado nesta terça-feira pelos senadores e promulgado. O PDL não precisa de sanção presidencial.

Governo quer liberar mais emendas
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou ontem (6) que o governo e o Congresso negociam para liberar R$ 1,06 bilhão em emendas parlamentares para o Rio Grande do Sul ainda nesta semana.
A proposta, segundo o ministro, é que o Congresso Nacional vote na quinta-feira (9) a liberação de emendas individuais da bancada gaúcha.
O governo diz que trabalha para empenhar e pagar verbas já indicadas. Segundo Padilha, já está em andamento a liberação de cerca de R$ 588 milhões em emendas da bancada gaúcha por meio de oito ministérios.

Fonte: Uol