Depois de cravar seu nome no cenário Death Metal brasileiro e se apresentar em várias cidades, principalmente, as do sudeste do país, a Venereal Sickness está pronta para seu primeiro tour pelo nordeste brasileiro
CARATINGA – O mineiro tem seu jeito peculiar e é conhecido por ser calado e agir em silêncio. Mas essas características passam longe da banda caratinguense Venereal Sickness, considerada uma das maiores expoentes do Death Metal nacional e presença constante no Whiplash, o mais respeitado site de Hard Rock e Heavy Metal do Brasil. Com letras falando do caos urbano e instrumentos ligados no último
volume, Venereal Sickness joga por terra a teoria de que o mineiro é quieto e se esconde entre as montanhas.
Depois de arrebatar fãs em Minas e em algumas cidades do sudeste, o grupo agora está prestes a fazer seu primeiro tour pelo nordeste brasileiro. A maratona de shows tem início no dia 4 de março, na cidade baiana de Poções. A última apresentação dessa turnê está prevista para o dia 20 de março, em Campina Grande/PB.
De malas quase prontas para o nordeste, o baterista Neto conversou com o DIÁRIO e falou sobre os treze anos da Venereal Sickness, das influências e a da expectativa que paira sobre essa excursão que promete arrebanhar mais um séquito de fãs e ser no melhor estilo For Those About To Rock (We Salute You) (Para Aqueles Que Curtem Rock (Nós Saudamos Vocês)).
Venereal Sickness existe desde 2003 e com a mesma formação. No mundo da música vemos que as bandas costumam trocar seus integrantes. Qual segredo para manter essa união?
Para manter essa união tem que ter uma fórmula básica: todos amarem o que faz e pensarem iguais. Só assim bandas seguem em frente e se mantém por tantos anos.
A banda tem duas demos e o álbum ‘Extreme Media’. Da primeira gravação, realizada em 2005, até a fase atual, quais elementos foram incorporados ao som da Venereal Sickness? Como vocês definem a música da VS?
O objetivo de toda banda é evoluir e se superar a cada trabalho gravado. E nós sempre tivemos isso, é uma coisa natural de quem leva a coisa a sério. E como sempre sonhamos em tocar Death Metal, isso sempre surgiu naturalmente. Desde novos sempre fomos influenciados por Krisiun, Cannibal Corpse, Morbid Angel e tantas outras bandas que até hoje nos inspiram para cada dia transformar nosso som cada vez mais empolgante e técnico dentro das nossas propostas.
Algumas bandas brasileiras de Metal, caso do Korzus e Viper, têm letras em português. Venereal Sickness tem apenas “Sombras e Gritos”. Por que dessa escolha? O idioma inglês é mais ‘sonoro’ ou é a chance de poder penetrar em outros mercados?
Essa música em português está presente somente na nossa primeira demo de 2005. Ela encaixou bem na época cantada em português, pois na época tínhamos mais um guitarrista e foi ele que fez a letra, daí soou naturalmente. Depois que nos tornamos um trio, as coisas se encaixaram melhor em inglês, deixando as músicas sempre com a cara que gostamos. Mas nada descarta de no futuro termos letras em português.
No final dos anos 80, com ‘Beneath the Remains’, o Sepultura entrou ‘chutando a porta’ do mercado fonográfico brasileiro e o movimento cresceu bastante. Houve uma estagnada ou segmento Metal ainda está em fase de expansão?
São épocas diferentes. Nos dias atuais a coisa está muito mais forte, pois a facilidade de acesso a várias coisas ligadas a música, como a internet, ajudou demais as bandas na divulgação e também a tecnologia nos estúdios. Podendo gravar um material mais rápido e com qualidade. Nisso o número de bandas cresceu muito. No final dos anos 80, o Sepultura estourou no Brasil e no mundo por ter criado algo novo, e o acesso era muito precário em relação aos dias atuais, por isso as bandas conseguiam se tornar ícones rapidamente, e hoje, é difícil ser 100% original.
Sabemos que a maioria das bandas não gosta de ser comparada, mas pelo fato da Venereal Sickness ser um trio e a brutalidade das canções, podem surgir algumas comparações com o Krisiun? Isso incomoda vocês?
Em relação a power trio, o Krisiun é nossa paixão. Sempre os admiramos muito por toda a garra que eles têm e nos inspiramos muito neles. Então ser comparado com eles é uma honra. E por toda nossa luta, conseguimos abrir o show deles em 2014, e foi o ápice da nossa carreira.
Hoje as pessoas estão mais ecléticas no seu gosto musical. Mas o fã do Metal geralmente não abre concessões. Como explicar essa paixão por este estilo?
Quem nasce gostando realmente de Metal, morrerá com este estilo no coração. Qualquer banda de Metal no mundo hoje vive muito mais pela paixão do que por dinheiro (o mínimo de dinheiro, pois não há dinheiro nesse mundo do metal (risos)), então, como nós, que vamos fazer um tour, é para mostrar nosso trabalho, levar o nome da nossa cidade e conhecer pessoas novas, que falam exatamente a nossa língua, a língua do Metal!
A banda está com um projeto de propostas de patrocínio. Como funciona este projeto?
Manter uma banda não é fácil e os gastos são muitos. E para realizar uma turnê precisa de dinheiro para toda a logística envolvida. Pois tem passagens de avião, aluguel de carro, hospedagens, etc. Muitos custos são pagos pelos produtores, mas ainda assim, temos que levar material para divulgação também, que sai do nosso bolso. Então as empresas que se interessarem, podem entrar em contato que passamos a proposta, e já estamos nesse processo para captação de recursos, pois a turnê inicia no próximo mês.
É possível viver exclusivamente de música? Vocês têm outras profissões?
Tem como viver de música sim, mas não de Metal (risos). Músico que ganha dinheiro, só os que tocam outros estilos mais populares para a sociedade. No nosso mundo vamos pelo mínimo, e o mínimo é ser recompensado vendo as pessoas se divertirem com nosso som. Sim, todos temos outras profissões para manter as contas em dia tem que pegar pesado todos os dias.
No dia 4 de março, Venereal Sickness inicia seu primeiro tour pelo nordeste brasileiro. Quais as expectativas para essa turnê?
Já estamos doidos para chegar o próximo mês, vamos realizar um sonho antigo de fazer uma turnê, tocar em vários estados do Brasil e levar nossa música e o nome da nossa cidade para vários lugares. E nosso objetivo é que seja só a primeira de muitas turnês.
Caratinga dá rock?
Sempre deu. O movimento rock’n roll de Caratinga nunca esteve morto, desde que começamos em 2003, sempre rolaram eventos e surgiram várias bandas, que infelizmente acabaram, mas também, surgiram outras e outras. A maior parte da sociedade caratinguense, infelizmente, desconhece esse movimento, e mesmo as pessoas estarem com as cabeças mais abertas nos dias atuais, ainda existe preconceito. Hoje qualquer estilo de música, em qualquer ambiente na cidade onde os jovens se encontram, há coisas erradas, ilícitas, álcool, etc. Mas a sociedade ainda insiste em dizer que só os “roqueiros” é que são más influências, e nunca entenderam ou participaram de algo relacionado para ver o que realmente é o rock’n roll. Se tivesse menos preconceito, Caratinga daria muito mais rock do que já dá.
BREVE RELATO
Venereal Sickness foi formada em novembro de 2003, Após a saída de alguns membros nos primórdios da banda, Kim (vocal/guitarra), Júnior (baixo) e Neto (bateria) mantiveram o nome e a postura diante do Metal. A Venereal Sickness está longe das vicissitudes que caem sobre outras bandas e tem o orgulho de levar o nome de Caratinga para todos os lugares onde tocam.
O primeiro registro da banda foi gravado ao vivo em Belo Horizonte, no ano de 2005, quando se apresentaram ao lado de bandas renomadas no cenário nacional e abriram o show dos alemães do Desaster, sendo este um dos shows mais importantes da banda até hoje.
Em 2007 a banda entrou pela primeira vez em estúdio para gravar sua segunda demo, “High Destruction”. Este trabalho abriu as portas para o grupo, que se apresentou em várias cidades brasileiras.
Mantendo seus ideais, a banda comemorou dez anos de estrada em 2013 com o lançamento do seu 1º álbum, “Extreme Media”, e a gravação de um documentário comemorativo contando uma década no cenário underground.
SPREADING SICKNESS NORDESTE TOUR
04/03/2016 – Poções/BA
05/03/2016 – Salvador/BA
06/03/2016 – Ilhéus/BA
10/03/2016 – Salvador/BA
11/03/2016 – Caruaru/PE (negociando)
12/03/2016 – Recife/PE
13/03/2016 – João Pessoa/PB
17/03/2016 – Mossoró/RN (negociando)
18/03/2016 – Natal/RN
19/03/2016 – Patos/PB
20/03/2016 – Campina Grande/PB
“Levar o nome da nossa cidade e conhecer pessoas novas, que falam exatamente a nossa língua, a língua do Metal!”, Neto, baterista da Venereal Sickness