Por que escrevo sobre o Altruísmo?
Na verdade, esse sentimento nobre transpareceu na vida e obra de muitos precursores, tanto em nossa cultura ocidental como na oriental. No nosso mundo, tivemos pessoas se sacrificando em prol de outras, que estavam sem proteção, sem direitos, e muitas vezes, sendo condenadas injustamente.
O altruísmo está presente toda vez que colocamos a outra pessoa em primeiro lugar na nossa vida, principalmente quando essa pessoa não é respeitada e está “sozinha”, sem ninguém neste mundo.
Sempre me lembro do pastor alemão Dietrich Bonhoeffer que, durante a II Guerra Mundial, não aguentou mais as barbaridades que o ditador tremendamente persuasivo – Hitler – fazia. O seu crime maior e mais hediondo – na minha opinião – foi de dar vazão a seu preconceito contra o povo judeu (e outros povos e grupos), tomando em suas mãos a missão de “exterminá-los”.
Antes de se juntar a um complô para acabar com o ditador louco, o Pastor já tinha escrito sobre a nossa missão como cristãos: devemos estar aí para os outros. Ele entendia assim a Jesus, que ele chamou de “o homem [que está aí] para os outros”; referindo-se, especialmente para aqueles que não tinham ninguém para defende-los, que estavam à mercê de algozes e criminosos.
Então, o altruísmo engloba isso também.
Estou, porém, enfocando aqui o escocês William MacAskill, fundador do movimento “Altruísmo Eficaz”, que visa sanar o problema da fome, da pobreza, do nível de vida abaixo da miséria no MUNDO. Há muitos movimentos que se propõe a minimizar o sofrimento alheio. E, em tempo de eleições, ouvimos muitas promessas que, porém, nem sempre são faladas com sinceridade.
É o mal da humanidade – desde tempos remotos, governos faziam e fazem de tudo para agradar as massas, querendo, assim, evitar que os verdadeiros problemas sejam trazidos à tona, e enfrentados.
Fato é que no coração de cada homem ou mulher há o desejo/sonho/ambição/ou objetivo sincero de se tornar mais – geralmente, e primeiramente, mais rico e mais poderoso.
Aí vem a pergunta: – Será que realmente nos importamos com os outros, especialmente com aqueles que não podem nos retribuir, cujas forças ou direitos quase não existem? (Bem, democraticamente falando, um voto continua sendo UM VOTO, que sempre vale muito!)
Assim, chegamos ao ponto ao qual o Professor universitário da Inglaterra chegou. Ele viu e ouviu muita conversa “não sincera” sobre ajudar aos pobres, e decidiu entrar no picadeiro e fazer alguma coisa.
Claro, o comentário que sempre será feito – inclusive por pessoas sérias é: – Não adianta – não podemos acabar com a pobreza. Até usam argumento bíblico, dizendo que Jesus disse “que eles sempre teriam os pobres”. Quando o Mestre falou isso seus aos discípulos, seu alvo era mostrar o problema no coração do traidor, Judas. O que era isso?
Judas criticou a mulher que estava ungindo Jesus, que ela estava “esbanjando” algo precioso. Mas ao falar isso seu interesse não era porque queria ajudar os pobres, e nem amor por Jesus. Era o mesmo problema: pura ganância!
Ganância, e não amor.
O Professor escocês “sofreu” desde a sua infância com o sofrimento dos outros, dos pobres. E imagina logo aonde: no centro do Velho Mundo, no país que dominou grande parte do globo – durante os dias da falecida Rainha Elizabeth o império britânico era e continua imponente.
Contudo, a VERDADEIRA REALIDADE, naquele Velho Mundo – o que estava e está por trás é o mesmo sentimento, talvez mais sofisticado: é GANÂNCIA.
Que coincidência: nosso Professor que está levantando a bandeira contra a pobreza no mundo nasceu e mora ali mesmo!
A filosofia tem a boa fama de fazer com que as pessoas se examinem a si mesmas.
Mais: um dos maiores e mais reverenciados filósofos disse: Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida!
Em sua busca por uma solução para o problema da fome e miséria o então menino William viu (seja na TV, nas ruas, nas fotos, nos jornais, nos livros) – ele viu, descobriu a dura realidade de que quase 15 a talvez 80% (dependendo do país que olhasse) das pessoas que não ganhavam comida “boa” todos os dias.
Bem, posso imaginar sua mãe ou pai tentando dar respostas:
– Filho, esteja feliz que você tem o que comer!
– Você não pode pensar tanto assim nos outros! Tem o governo, tem a ONU… Tem os ricos, os milionários, os bilionários, a NOBREZA, que têm tanto dinheiro de sobra…
Ele provavelmente (eu imagino) – à medida que ia ficando mais maduro – descobriria quem estava indo bem (ou mais bem) no mundo. Em muitos lugares, o rapaz deve ter encontrado e conversado com filantropos, os quais se gabavam de quanto dinheiro já haviam doado para diversas campanhas.
O profundo desejo do futuro professor da Oxford por uma boa resposta não podia ser saciado. Ele examinou as organizações – locais, nacionais, europeias (um parêntesis oportuno: o novo Rei é conhecido por ter estado muito envolvido em ajudar tais organizações filantrópicas… Certamente alguns bons conselhos que lhe foram dados depois de pouca coisa boa ter “saindo” dele. À medida que foi ficando mais velho e mais ganancioso… Estou falando de Charles III, cuja primeira esposa o mundo amou, e ele a abominava…)
O professor MacAskill certamente ficou desapontado com o que descobriu sobre as chamadas organizações de “caridade” em todo o mundo. Por isso, dentro do Altruísmo Eficaz ou AE há um departamento muito especial que faz auditoria das instituições filantrópicas!!!
Até lá, naquelas organizações, a ganância tem conseguido entrar através de pessoas que se escondiam (e se escondem) atrás da palavra “caridade”.
O que é altruísmo? O que é altruísmo eficaz?
Temos muitas organizações assim. Precisamos estar atentos e não permitir que pessoas sem caráter estejam a frente delas.
Inclusive, em considerando as ELEIÇÕES, é tempo de perguntar e questionar quaisquer promessas, e, acima de tudo, examinar o caráter dos candidatos.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum E-mails: [email protected] ou [email protected]