Estimativa faz parte do primeiro levantamento de safra da Conab. No ano passado, aproximadamente 21,1 milhões de sacas foram exportadas
DA REDAÇÃO – A produção de café em Minas Gerais, nesta safra, deve atingir a média de 23,3 milhões de sacas. Os números fazem parte do primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e deve ficar bem próximo do produzido na safra passada, que foi de 22,6 milhões de sacas.
De acordo com o assessor técnico do Café da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Niwton Castro Moraes, os dados foram coletados em dezembro, após um período de boas floradas e de uma recuperação de preços que permitiu o investimento em tratos culturais. “A partir da coleta dos dados até este momento, é possível que a estiagem provoque perdas na safra, alterando pra baixo esta estimativa”, explica.
Em 2015, o preço do café deve se manter nos patamares do preço praticado hoje, que é de R$ 500 a saca de 60 quilos. Para efeito de comparação, em 2013, o preço médio da saca ficou em R$ 288 e, no ano passado, foi de R$ 418. Na avaliação do assessor da Seapa, o valor negociado atualmente é um bom preço para o produtor que não enfrentou problemas com a estiagem. “Como a receita é uma combinação entre preço e volume, quem não teve perdas significativas está conseguindo ter um retorno financeiro razoável, mas não é o caso da maioria dos produtores mineiros porque grande parte enfrentou algum tipo de redução na produção, observa.
A bienalidade, característica da cultura do café, que alterna um ano de boa produção com outro de produção reduzida, não terá impacto significativo. A bienalidade foi negativa em 2013 e, no ano passado, a safra deveria ter sido cheia, mas foi prejudicada pela estiagem. Neste ano, que seria novamente de safra reduzida, o volume vai se aproximar do registrado no ano anterior.
Outros pontos também vêm influenciando a redução dessa flutuação da safra, como a adoção de tratos culturais e o plantio de alta densidade. Ainda segundo o assessor Niwton Moraes, a amplitude da bienalidade vem sendo reduzida a cada ano. “Em termos de estado ou país, essa variação é atenuada porque algumas regiões estão na bienalidade oposta, amenizando o efeito de variação da safra”, explica.
MERCADO
Cerca de 93% da safra mineira (21,1 milhões de sacas) foram exportadas em 2014, sendo que, no ano anterior, o volume exportado foi de 64% (18,8 milhões de sacas). O consumo mundial de café registrou crescimento em torno de 3% e a produção não vem acompanhando o mesmo ritmo. Como o Brasil responde por um terço da safra mundial, a quebra da safra brasileira influi de maneira significativa no cenário global. Neste caso, o estoque de passagem chega com menor expressão, o que pode contribuir para manter os preços em patamares semelhantes aos verificados até o momento.
A atual tendência também sinaliza para algum crescimento do consumo interno, com possibilidade de agregação de valor, à medida que os consumidores brasileiros buscam cada vez mais produtos de melhor qualidade, diferentes formas de apresentação e praticidade. Segundo Niwton Moraes, a perspectiva para os produtores é que 2015 seja melhor para os produtores, considerando-se que a perda de safra não seja tão expressiva e, ainda, acreditando-se que os preços se mantenham nos níveis atuais.