Reflexão: Técnico ou professor?

Na etimologia, “professor” vem do Latim profiteri, formada pelo radical fateri, que significa professar, confessar; e pelo sufixo pro, com o sentido de “na frente de todos”. Professor é aquele que, tendo à frente um número de pessoas, professa-lhes seu saber numa determinada área. Sendo o professor revestido da nobre missão civilizatória de educar, que é abrir a cabeça para o mundo, preparar indivíduos para a vida social. Portanto, mais que uma profissão, uma missão indispensável na formação de todos nós.

Por outro lado, treinador: (derivado do latim trahere: puxar, arrastar). Treinamento, objeto de ação do treinador, é a aquisição de conhecimentos técnicos de uma determinada atividade ou profissão que visam a torná-la mais produtiva. É uma instrumentalização do trabalho humano com o objetivo de atingir um fim muito específico. Nesse caso, melhorar o desempenho futebolístico. Isto posto, entendo perfeitamente. Esse processo de mudança dos sentidos da palavra é absolutamente normal em todas as línguas. Como se trata de um fato social, permite a compreensão dos valores de uma sociedade por meio das palavras que seus membros utilizam e dos significados que lhes são conferidos. Porém, é imprescindível explicar, se referir a técnico de futebol como “professor, é um tratamento de sentido figurado. Principalmente no futebol amador, onde infelizmente, a grande maioria não só de treinadores, mas jogadores, não completaram nem mesmo o ensino fundamental. Quando se trata de futebol adulto, na minha humilde opinião, tudo isso fará pouca ou nenhuma diferença, já que estamos lidando teoricamente com cidadãos socialmente formados.

 

Na base é diferente

No futebol de base, seja numa estrutura de clubes profissionais ou amador como em nossa região, também é normal que o treinador seja chamado de “professor” Embora não seja estritamente obrigatório, a formação em Educação Física (licenciatura ou bacharelado), para ser técnico de futebol, Muitos técnicos/treinadores, são ex-atletas que acumularam experiência e conhecimento na prática. Seus ensinamentos técnicos/táticos são vitais para a formação dos atletas (Muitas situações de jogo é mais fácil aprender com quem viveu na prática). Portanto, irei defender sempre a presença e a importância deles no trabalho de formação. Porém, na base, não dá pra abrir mão da presença do professor com formação acadêmica na supervisão e comissão técnica. É lei:

Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que torna obrigatória a presença de profissional de Educação Física em entidades formadoras de atletas e escolinhas de esportes. O texto insere a medida na Lei Geral do Esporte, que reúne e atualiza várias normas desportivas.

O texto aprovado foi a versão elaborada pelo relator, deputado Luiz Lima (PL-RJ), para o Projeto de Lei 4614/19, do senador Romário (PL-RJ).

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias.

 

Responsabilidade é preciso

É cada vez mais comum, pais, mães, avós, matriculando e acompanhando às crianças nas “escolinhas de futebol”. Esse apoio é de extrema importância para a vida e formação dos filhos. Entretanto, mais importante que isso, é a responsabilidade na escolha do profissional que terá influência direta nessa construção do cidadão que seu filho irá se tornar. Infelizmente, alguns técnicos tem se preocupado mais com o resultado esportivo, em detrimento de outros valores como: Ética, respeito às regras, aprender que nem sempre de vitória é feito o esporte. Enfim, é triste ver alguns técnicos a beira do campo, incentivando a simulação, o desrespeito ao árbitro. Ao longo da semana, aliciando meninos dos adversários com promessas de presentes.

Numa sociedade onde assistimos tanta desonestidade, falta de ética, corrupção, e cobramos tanto da classe política, será que nós pais, avós, nos preocupamos com isso quando escolhemos onde matriculamos nossas crianças? ou será que só o resultado esportivo importa?

 

Rogério Silva

[email protected]

@rogeriosilva89,1fm

Foto de caráter apenas ilustrativo

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