José do Carmo Veiga de Oliveira
Edita o artigo 13, §§ 1º e 2º, da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada no dia 05 de outubro de 1988, o seguinte: “TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE – Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios”.
No entanto e, a despeito disso, se olharmos para o nosso passado recente, sobretudo as pessoas que são da nossa faixa etária e que estudaram em escolas públicas, tiveram a rica oportunidade de desfrutar de momentos que foram muito relevantes em virtude de se poder cultivar um sentimento de patriotismo em razão do contexto político que vivíamos, mesmo ainda quando pequenos, não podíamos compreender a exata dimensão do que representavam para nossas vidas, os conhecidos Símbolos do Brasil, o que hoje se encontra inserto no artigo 13, da vigente Ordem Constitucional.
O que realmente nos chama a atenção é a ausência nas matrizes curriculares de disciplinas como a Organização Social e Política Brasileira – OSPB –, em que aprendíamos muito mais que uma introdução do Direito Constitucional – componente programático indispensável em vários cursos superiores – e que, na minha percepção, deveria compor todos os currículos do ensino fundamental, a partir da 6ª série e, assim, do próprio ensino médio, para efeito de se permitir aos jovens conhecer com algum tipo de profundidade o que representa para o seu País ter uma Norma Constitucional e o seu verdadeiro sentido e aplicação.
Outro componente programático do qual também nos ressentimos nos dias atuais nos currículos escolares encontra-se a disciplina Estudos de Problemas Brasileiros – EPB – pois, estudávamos a respeito de situações que eram recorrentes ao nosso cotidiano, buscando entender o que de fato poderia representar, em nível interno e externo, muitas das nossas dificuldades, por meio das quais tomávamos conhecimento de situações que hoje, muitas das vezes, ficam à margem do conhecimento da população ou, então, restritos ao que a mídia divulga, ao seu entendimento e ao sabor de alguns interesses, o que apenas convém transmitir ao povo.
De outro lado, vê-se que aquele sentimento de patriotismo que nos envolvia era algo muito forte e que cultivávamos com alegria, comprometidos em manter em nossa mente a letra completa do Hino Nacional que entoávamos com respeito e galhardia, assim como o Hino à Bandeira, como um dever que se cumpria com devoção e em posição de “sentido”, ao que todos respondiam com ordem, decência, disciplina e prontamente.
Porém, com as mudanças de governos ao longo dos anos, com outros conteúdos como matrizes curriculares, essas matérias foram se perdendo e com isso a população brasileira também perdeu contato com informações muito peculiares e de grande relevância para todos nós. O que se ouvia em sala de aula era discutido em casa juntamente com a família, num contexto pessoal e de clareza de posicionamentos. Não havia reservas ao redor de uma mesa no momento das refeições e tudo era tratado com respeito e amor ao País.
Houve tempo em que somente se ouvia a respeito de patriotismo quando se tratava de alguma disputa de campeonato de futebol, em que alguns dos jogadores não tinham a menor consciência do que representava, efetivamente, defender as cores do Brasil. Era tão lamentável e a começar pelo triste fato de que poucos sabiam entoar o Hino Nacional Brasileiro e, aqueles que esboçavam “cantá-lo” não sabiam a “letra” corretamente, envergonhando a Nação, assim compreendida por aqueles que tinham a sua “letra” na ponta da língua, e que eram uns poucos “gatos pingados”.
Estamos tratando dessa questão e escrevendo esse pequeno ensaio neste dia 07 de setembro de 2019, dia em que se comemora a Independência do Brasil, realçando o que isso, de fato, representa para o nosso País, em termos de ter se desligado de Portugal, pois, ainda como colônia, não passava de uma porção de ricas terras da qual se extraía grandes quantidades de ouro, diamantes, pau-brasil e muitas outras riquezas que se encontram “encobertas” pela ausência de exploração, mas, que se sabe que existem aos milhões de milhões de toneladas.
Se a população brasileira tivesse o conhecimento de nossas riquezas, como vêm sendo difundida nos últimos meses, atrelado ao sentimento de brasilidade, nós seríamos os primeiros a levantar a voz contra os organismos internacionais – leia-se – algumas ong’s que se encontram instaladas em nosso território e com o nosso dinheiro – mapeando e transferindo informações para outros países, deixando-nos a descoberto de nós mesmos.
Quando falamos em Independência do Brasil não podemos apenas nos remeter ao 07 de Setembro de 1822, como se fosse um ato isolado da nossa realidade social, política, econômica e religiosa. Não. Temos que ter coragem e convicção para tratar do assunto em todos os níveis da vida social, seja no trabalho, no ônibus, nas escolas, Igrejas, e em todas as oportunidades que se apresentarem, como alternativa ao silêncio ensurdecedor que vivemos, graças à nossa omissão porque ainda encontramos muitas pessoas que têm se mudado do Brasil, ao invés de buscar “mudar o Brasil”.
Esse sentimento de patriotismo que nos falta causa esse tipo de reação e, por isso mesmo, estamos cada vez mais convencidos de que seria melhor mudarmos de País que mudar o nosso País. Eu mesmo já me vi tentado a uma dessas atitudes por causa de umas pequenas e acolhedoras cidades da Itália, como Montepulciano, Montalcino, Pienza, Luca, Sam Gimignano, Florenza (de uma beleza estonteante) e algumas outras situadas nas proximidades – quando estive fazendo um curso em Siena, cidade acolhedora, bonita e agradável, que ainda mescla cultura medieval, modernidade e pós-modernidade, com uma cultura viva e pulsante que remonta ao Século XII.
Sabemos que não poucas pessoas têm buscado outros ares para respirar, deixando para trás o que, de fato, podemos cultuar como sendo nosso. No entanto, esse sentimento de “pertencimento” tem se esvaído e atribuo isso a uma ausência da cultura desse “nacionalismo” que também se esvaiu com a mudança política no Brasil, onde assistimos e ainda assistiremos por algum tempo, até que se tome consciência de que não se pode abandonar esse País, porque amanhã poderemos ser cobrados disso, não por estranhos, mas, por nossos filhos que acompanham a dura realidade que vivemos.
O amor à Pátria Amada Brasil é para ser vivido, experimentado a cada dia e se não concordamos com o que nossos políticos têm proporcionado à dura realidade experimentada por milhões de desempregados, não será mudando de país que isso vai mudar. O que precisa, de fato, ser mudado, são as nossas atitudes. Sempre pergunto aos meus Alunos há muitos anos: se você tem um dinheiro para receber e não pode comparecer a esse momento, você pode conceder poderes a alguém para representá-lo nessa ocasião. No entanto, você escolheria uma pessoa sabendo que ela não lhe vai prestar contas desse dinheiro? A resposta é sempre negativa. Mas, aí segue a segunda parte: o que é você faz a cada dois anos nesse País? E a resposta é sempre a mesma: VOTO!
Essa falta de patriotismo também se reflete nas urnas a cada dois anos, em virtude de algum discurso virulento que se pronuncia. Portanto, não podemos ficar imaginando como se estivéssemos em outro mundo, porque o nosso “mundo” é esse aqui, queiramos ou não, é nossa responsabilidade consertá-lo e o primeiro passo para isso é retomar o sentimento de patriotismo que, passo a passo, orquestradamente, foi-nos subtraído ou, se preferir, surrupiado, e ainda não nos demos conta de que, em muitos desses momentos, nós próprios, contribuímos muito para isso. Basta ver as mudanças que estamos enfrentando e o legado que vamos deixar para nossos filhos, numa quadra da história que ainda vai exigir muitas décadas para ser lavada de nossas mentes.
Lembremo-nos, ainda, do que o Salmista nos afirma: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para sua herança”. Qual a herança que vamos deixar para nossos filhos? Se não cultivamos o sentimento patriótico, tenhamos a iniciativa de dobrarmos nossos joelhos e suplicar a Deus a Sua misericórdia sobre nossas vidas e a de nosso País! “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto! E, assim, olhemos para um novo Brasil, aproveitando o momento que estamos vivendo em termos de sua reconstrução, porque não podíamos continuar na posição de Neemias quando contemplou os muros assolados de Jerusalém, cujas portas tinham sido consumidas pelo fogo. No entanto, as nossas foram arrombadas, saqueadas e apropriadas por causa do assalto à nossa bolsa, à nossa honra e à nossa dignidade, mediante discursos inconsistentes e sub-reptícios.
Não podemos ficar de braços cruzados enquanto outros de remos nas mãos buscam retomar o curso desse navio tendo nas mãos pequenos baldes para esvaziar toda a imensidão de impurezas que lhe assola enquanto sangra suas riquezas por todos os poros, enquanto deixa à míngua os “filhos deste solo que és mãe gentil, Pátria amada Brasil”…