Passado pouco mais de um mês desde o jogo que decretou o rebaixamento do Cruzeiro, muitas coisas aconteceram dentro do clube. A maioria delas, negativas. Jogadores saíram, dívidas aumentaram, dirigentes chegaram e deixaram o cargo sem dar satisfações ao maior patrimônio do time: a torcida. E a sensação, até agora, é de incerteza. O Campeonato Mineiro já está batendo na porta e o clube ainda não tem um time definido, um esboço do que irá a campo. O técnico Adilson Batista terá um time bem diferente do que pegou quando aceitou assumir o time na reta final do Brasileirão do ano passado. Apenas Fábio, Léo e Edílson devem permanecer, do time considerado titular em 2019.
Um grupo de gestores, liderado pelo empresário Pedro Lourenço, assumiu o clube e prometeu colocar a casa em ordem. Porém, o grupo foi se desfazendo na medida em que os problemas foram aparecendo. O diretor de futebol Alexandre Mattos aceitou o convite dos gestores em assumir o clube de forma voluntária, enquanto organizava a documentação para trabalhar no Reading, da Inglaterra. Mas com o desmanche da cúpula, Mattos recuou e também se afastou do Cruzeiro.
A situação em que o clube se encontra é desesperadora. A dívida pode chegar a R$ 1 bilhão e dificilmente acordos serão feitos devido à gravidade do caso. Será preciso muito jogo de cintura para lidar com a crise e começar do zero. Dentro de campo, a sensação é a mesma. Jogadores que até pouco tempo eram considerados inegociáveis, saíram praticamente de graça. Dedé, Egídio, Henrique, Dodô, Rodriguinho, Thiago Neves, Sassá e Fred, todos esses encerraram o ciclo no clube da maneira mais conturbada possível. Sem poder contratar jogadores com um nível técnico maior, o clube reduziu a folha salarial e dará chances aos garotos. Até o momento, apenas dois reforços foram confirmados: o zagueiro Ramon, de 24 anos, que estava no Vitória, e o meia Éverton Felipe, de 22 anos, com passagens por Sport, São Paulo e Athlético Paranaense. Jogadores que chegarão para atuar em boa parte da temporada, fazendo uma mescla com os garotos que estavam na Copinha.
Daqui pra frente, o clube precisa adotar uma medida que não vinha tendo nos anos anteriores: ser transparente. A torcida poderá cobrar ainda mais e ajudar a raposa a se reerguer. O trabalho fora de campo sempre reflete o de dentro. O renascimento do Cruzeiro passa pelo bom trabalho dos dirigentes, que precisam colocar toda a vaidade de lado e trabalhar com o mínimo de amor que dizem ter pelo clube.
Matheus Soares