DA REDAÇÃO – Apesar do conselho do vice-presidente Michel Temer para que não assumisse cargo no governo federal neste momento, o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) mudou de ideia e decidiu aceitar a indicação já nesta semana para o comando da SAC (Secretaria da Aviação Civil). Segundo deputados do PMDB, Mauro Lopes deve tomar posse como ministro, possivelmente, no dia de hoje.
Após reunião com Temer, Lopes chegou a pedir que o Palácio do Planalto segurasse por pelo menos uma semana sua indicação para a SAC.
O pedido foi feito após o vice-presidente aconselhar o parlamentar mineiro a não assumir vaga na Esplanada neste momento de agravamento da crise do governo, diante dos protestos do último domingo (13) e da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Segundo o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), Mauro Lopes mudou de ideia após receber apoio de ministros do PMDB e lideranças peemedebistas do Senado.
Em reunião durante a tarde, esses peemedebistas prometeram ao deputado mineiro que apoiariam sua indicação. Fontes do Palácio do Planalto confirmaram que Lopes decidiu aceitar novamente a nomeação para a SAC já nesta semana.
Parlamentares do PMDB da ala pró-impeachment criticaram o deputado mineiro pela decisão e reforçaram a promessa de pedir a expulsão dele do partido, caso sua nomeação seja concretizada.
O pedido de expulsão tem como base moção aprovada pela legenda na convenção nacional do último sábado, 12, proibindo peemedebistas de assumirem postos no governo Dilma Rousseff durante 30 dias.
Alguns deputados da ala governista do PMDB tentam evitar o pedido de expulsão de Mauro Lopes. Eles argumentam que o parlamentar mineiro tem quase 80 anos e que, como o desembarque do partido do governo pode ser aprovado em breve, ele pode não durar muito tempo no cargo. O próprio Mauro Lopes tem prometido à bancada que desembarcará junto com os outros seis ministros do PMDB, caso a sigla decida deixar o governo.
A indicação de Mauro Lopes para a SAC foi feita pelo Planalto em troca do apoio da bancada do PMDB de Minas Gerais à recondução de Picciani, aliado da presidente Dilma Rousseff, à liderança do partido na Câmara.
As conversas começaram ainda no fim do ano passado. Mesmo após a reeleição de Picciani, contudo, o Planalto decidiu esperar a convenção nacional do partido para efetivar a nomeação.
DEPUTADO NÃO TEME RETALIAÇÃO
Na tarde de ontem, Mauro Lopes concedeu entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, do Globo.com, e disse que não teme retaliação do comando do PMDB por ter aceitado o convite da presidente Dilma Rousseff.
“Não tenho qualquer temor de retaliação, até porque fui convidado para assumir esse cargo antes da convenção do PMDB, portanto antes da moção”, numa referência à moção que proíbe os peemedebistas de assumirem cargo no governo por 30 dias.
“Essa reação é de uma minoria do partido. Eu conversei com o vice-presidente Michel Temer e avisei a ele. Não há problema algum eu assumir o ministério”, disse Mauro Lopes ao Blog.
O deputado disse, ainda, que acredita que o impeachment não será aprovado na Câmara dos Deputados. “Lógico que eu vou pra Aviação Civil, não vou tratar disso dentro do governo. Mas não acredito que o impeachment seja aprovado na Câmara e no Senado”, disse.
Ele revelou, ainda, que conversou com a presidente Dilma na terça-feira (15) e que ficou bem impressionado. “Ela até puxou a cadeira para mim, para eu sentar, e disse que estava feliz por ter mais um mineiro no governo”, completou.