No último artigo, falei sobre o fato de a inteligência se destacar como uma força que move, muda, e cria as estruturas do mundo e da sociedade e que, infelizmente, muitas pessoas, principalmente entre os populares, não dão o verdadeiro valor para a força da inteligência, preferindo, como dito e destacado no último artigo, a força, e o poder, provenientes do dinheiro, força poderosa que também afeta e muda a sociedade em todos os seus níveis.
Se os populares e as pessoas “comuns” da sociedade esnobam a força da inteligência, isso não acontece por parte de muitos líderes e lideranças que, muito pelo contrário, enxergam a força da inteligência como uma grande ameaça e um grande perigo para seus ideais políticos de maneira que muitos líderes e governantes sabendo da deficiência e baixo nível escolar e intelectual de seus países nada fazem para melhorá-los, porque sabem bem que, a partir da melhora da educação de um povo, as pessoas começarão a ver com mais clareza as limitações e os erros daqueles que as governam e, com isso, começarão a pedir melhorias e mudanças em sua forma de governo. Um povo intelectualmente preparado é, sem dúvidas, um povo difícil de se enganar, e de se manipular a seu bel prazer.
Outro exemplo que mostra como os líderes e governantes conhecem, e temem, a força da inteligência pode ser visto no uso que eles fazem dessa força, utilizando meios intelectuais e ideológicos, para manipular, limitar e, até mesmo destruir, a inteligência de seus liderados, utilizando de todos os meios possíveis para enganar e levar as pessoas a adotarem suas ideias e ideais, por mais absurdos que eles sejam, manipulando e limitando todas as informações relevantes que poderiam fazer com que as pessoas enxerguem suas reais intenções.
Tal método de padronização e, consequentemente, de destruição da inteligência não é novo e somente ele pode explicar a ascensão de alguns regimes ideológicos que chegaram ao poder no mundo, e que trouxeram grandes danos, como o regime nazista, na Alemanha e na Áustria, e o comunista, na Rússia e em toda antiga U.R.S.S.
Somente a padronização de pensamento, criada por meio da adesão cega à uma ideologia, pode explicar o apoio que o povo alemão deu ao Führer, e, de igual modo, só tal padronização explica o apoio à Lenin e Stalin, por parte dos soviéticos, e tal destruição e padronização da inteligência se deu por meio da destruição da cultura nesses países.
Nos dois regimes citados, toda a alta cultura do povo foi, aos poucos, trocada por propaganda política e ideológica, antes mesmo de tais regimes chegarem ao poder, de forma que, toda a literatura e expressões culturais consideradas “de valor” eram aquelas que apoiava, de alguma forma, a ideologia do regime que estava nascendo, ou propagava seus ideais, mesmo que sutilmente, tirando de circulação, denegrindo, ou destruindo, tudo aquilo que era contra os ideais políticos que se buscava estabelecer, mudando todo o imaginário e a forma de pensar dos cidadãos comuns, preparando o caminho para o que viria acontecer.
Ainda hoje, até mesmo em nosso país, é possível ver que tais métodos não foram deixados de lado, e ainda são usados na busca da instauração de uma “nova” ideologia, seja ela de qual espectro for.
Importa que, hoje, tendo o exemplo daquilo que já aconteceu na história da humanidade, possamos olhar para trás e identificar as tramas e tramoias utilizadas por líderes e governantes para a manipulação e padronização da forma de pensar da sociedade, e acordemos, o mais rápido possível, para a realidade na qual vivemos, onde, todos os dias, inúmeros meios são utilizados na tentativa de limitar a força da inteligência de todo um povo, força essa que tanto assusta lideranças e governantes despreparados e, principalmente, mal intencionados.
Wanderson R. Monteiro
Formado em Teologia, graduando em Pedagogia, coautor de 4 livros e vencedor de três prémios literários.
(São Sebastião do Anta – MG)