*Geraldo Neves dos Reis
Há várias hipóteses para a origem da palavra amigo. Se considerarmos que ela vem do vocábulo latim “amicus”, significa “amar” ou “gostar de” ou ainda “guardador de almas, ou alguém que toma conta da alma do outro. Alguns autores defendem a hipótese de que ela vem do grego “aego”, a (não, sem) e ego(eu), que significaria “alguém que você se identifica tanto quanto a si mesmo, mas que não é você.
A amizade e o amor são sentimentos nobres e andam entrelaçados e são dádivas de nosso Deus. Como está escrito nas Sagradas Escrituras: “Amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor. Amigo fiel é bálsamo vital e os que temem o Senhor o encontrarão.” (Eclesiástico 6, 15-16).
Segundo Santo Agostinho: “Amizade é uma relação de proximidade, de afeto desinteressado, sintonia e confiança entre pessoas, em plano de igualdade”.
Papa Francisco afirmou o seguinte: “Amizade é algo muito sagrado. Porque um amigo não é um conhecido, com quem se tem uma conversa”.
Um verdadeiro amigo faz e fará sempre parte de nossa vida e de nossa história. Muitos falam que irmãos a gente não escolhe, mas amigos sim. Não concordo muito com esta afirmativa, pois acho que amigos também a gente não escolhe… A amizade é como o amor, acontece num piscar de olhos, sem que a gente perceba. Não basta chegarmos perto de uma pessoa e dizer: “eu quero e vou ser seu amigo…”. Amizade é coisa do coração. E a gente não manda no coração da gente e nem do outro.
A amizade verdadeira acontece e vai se enraizando com o passar dos tempos, desde que haja reciprocidade. O amigo é para todas as horas e não só para os nossos momentos felizes. Como afirmou certa vez o filósofo e pensador chinês Confúcio: “Quer saber quantos amigos você tem? Dê uma festa. Quer saber a qualidade deles? Fique doente”.
O cantor e compositor Roberto Carlos escreveu em uma de suas lindas canções: “Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar…” A quantidade de amigos não é o mais importante e sim a qualidade deles. O verdadeiro amigo ajuda o outro desprovido de qualquer interesse, sem exigir nada em troca e não cobrará jamais pelo que fez. É como aquela história de um amigo que ligou para o outro e solicitou um dinheiro emprestado para comprar um medicamento para sua mãe, que estava adoentada, acamada e necessitada. O amigo respondeu que iria ver o que poderia fazer…. Como passou vários minutos e não obteve um retorno, tentou ligar novamente, mas sem êxito em suas diversas tentativas… Horas depois chega o amigo com o dinheiro na mão… Perguntado como o conseguiu, respondeu: “Vendi meu celular….”.
Um verdadeiro amigo não diz ao outro apenas aquilo que ele quer ouvir, mas sempre a verdade, nua e crua. Mesmo que essa verdade faça doer seu coração, um dia ela o fará chegar à razão.
No meu humilde entender, amigo não é aquele que comparece nas comemorações de seus êxitos e sim aquele que o ajuda a conquistá-los.
A amizade verdadeira é eterna, independentemente da frequência ou escassez dos encontros e também da distância que os separam. Albert Einstein disse: “Pode ser que um dia nos afastemos… Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximará”.
Assim como o amor, a amizade exige fidelidade e sinceridade. Se a confiança for quebrada, seja por qualquer motivo, a amizade jamais será a mesma. Provoca uma ferida que jamais se cicatrizará. Como disse o humorista e apresentador Jô Soares: “Não há amizade que, por mais profunda que seja, resista a uma série de canalhices…”.
Quando a amizade é sincera e verdadeira, o tempo e a distância não conseguirão enfraquecê-la ou destruí-la. É como disse certa vez um pensador: “Uma amizade verdadeira é aquela que o tempo não apaga, a distância não destrói e o coração não esquece”.
Em 1979, o poeta contemporâneo Milton Nascimento, em uma de suas obras primas, escreveu: “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves e dentro do coração… Mesmo que o tempo e a distância digam “não”… O que importa é ouvir a voz que vem do coração…”
Uma amizade sincera e verdadeira é tão rara que passamos a acreditar que o cão é o melhor amigo do homem. Uns chegam a afirmar o seguinte: “Alimente um cão por três dias e ele se lembrará de você por trinta anos. Alimente um humano por trinta anos e ele poderá te esquecer em três dias….”.
Renato Teixeira, poeta e renomado compositor da MPB, em uma de suas lindas canções, escreveu: “A amizade sincera é um santo remédio. É um abrigo seguro. É natural da amizade, o abraço, o aperto de mão, o sorriso.”
Outro poeta, também contemporâneo, Osvaldo Montenegro, fez uma belíssima homenagem à amizade quando lançou a música intitulada “A lista”, por sinal uma linda e emocionante canção, cuja letra transcrevemos na íntegra a seguir:
“Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos, ninguém quer saber”
Amigos não são apenas para viver juntos, mas para comemorar juntos, sofrer juntos e, acima de tudo, sonhar juntos. Como disse o poeta louco Raul Seixas: “Sonho que se sonha junto é realidade…”
GERALDO NEVES DOS REIS é Engenheiro Agrônomo, Ex-funcionário do IBC, Aposentado como Fiscal Federal Agropecuário pelo Ministério da Agricultura, Escritor (com dois livros já lançados e um em andamento), membro e atual Secretário da Loja Maçônica Caratinga Livre, Radialista e Diretor da Rádio Vargem Alegre FM. 2º Secretário da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas.
								
								







