O Deus que Acalma as Águas — Dentro e Fora de Nós

Quando ouvimos a frase “Aquietai-vos”, muitas pessoas imaginam uma cena silenciosa, quase poética. Mas a verdade é que esse convite de Deus nasce justamente no meio do caos.

E caos não é coisa abstrata: é boleto vencendo, notícia ruim chegando, conflito familiar, saúde preocupando, prazos apertando.

É a nossa vida real.

É por isso que uma das imagens mais fortes da Bíblia é Jesus no barco com Seus discípulos, enquanto o mar se transforma numa tempestade violenta (Mc 4:37–39).

E eles — homens acostumados ao mar — entram em pânico: “Mestre, não te importa que pereçamos?”

Eles estavam desesperados. E Jesus… dormia.

Às vezes, a sensação no nosso dia a dia é igual: a “água” entrando no barco, emoções transbordando, e a impressão de que Deus está em silêncio.

Mas aqui vem a beleza do texto: Jesus estava no barco o tempo todo, não observando de longe. E quando Ele se levanta, Ele fala a mesma palavra do Salmo (46:10): “Aquieta-te!” E o mar obedece.

Esse é o coração do segundo tema: O Senhor acalma o caos exterior para restaurar o interior — e acalma o interior mesmo quando o exterior ainda está agitado.

Porque, sejamos sinceros: na vida real, o mar nem sempre se acalma na hora. A conta continua lá. O exame ainda não saiu. A situação complicada ainda não mudou. Mas o que muda — profundamente — é o nosso centro.

No Êxodo, antes do mar Vermelho se abrir, Deus disse a Moisés e ao povo: “O Senhor lutará por vocês; vocês apenas ficarão tranquilos.” (Êx 14:14)

Não era passividade; era confiança. Eles não tinham como controlar o exército de Faraó. Mas Deus tinha.

E no cotidiano, isso se traduz assim:

  • Não preciso resolver tudo hoje.
  • Nem todas as batalhas são minhas para lutar.
  • Posso pausar a preocupação e entregar, de verdade, aquilo que não posso carregar.
  • Posso respirar e lembrar: “Jesus está no meu barco.”

Aquietar-se, nesse contexto, é lembrar quem tem autoridade sobre as águas. A tempestade não define nossa segurança; a presença dEle define. E quando Ele acalma primeiro o coração, algo curioso acontece:

Mesmo que nada mude por fora, o medo perde força. A ansiedade diminui. A fé fica mais nítida. E começamos a caminhar não como vítimas das circunstâncias, mas como pessoas que sabem: “Ele está comigo… e Ele tem poder sobre tudo isso.”

Talvez hoje você não precise que o mar pare imediatamente. Talvez você precise apenas lembrar Quem está no barco.

E quando essa presença se torna real, até o barulho das ondas deixa de assustar. Porque quem ordenou ao mar: “Aquieta-te”, também diz ao seu coração:

“EU SOU DEUS. E ESTOU AQUI.”

Rev. Rudi A. Kruger – Faculdade de Teologia Uriel de A. Leitão – rudi@doctum.edu.br

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