Conheça a nova moeda de uma cidade de Minas Gerais. Serão cinco cédulas que a população poderá escolher
Cidade mineira localizada no Vale do Rio Doce, Resplendor é a primeira do país a criar uma moeda pública própria, a Ubérrima (UB$). O fato inédito aconteceu nesta semana, e teve até evento de lançamento.
A Ubérrima terá cinco cédulas, de UB$ 1, UB$ 2, UB$ 5, UB$ 10 e UB$ 20, para uma população de 17.226 pessoas.
A moeda foi criada por meio da Lei Municipal 1206, de 20 de dezembro de 2022, com o objetivo de aumentar as transações comerciais no território, reter a riqueza no município e fomentar o desenvolvimento econômico local, por meio do aumento da arrecadação e geração de empregos.
Mais de 50 comerciantes já se cadastraram para utilizar a moeda nos estabelecimentos, onde terão um símbolo que identifica que o local aceita a moeda. O município também utilizará a nova moeda para realizar pagamentos que seriam feitos com o Real, com benefícios sociais e outros já previstos na lei.
Para os cidadãos, há um benefício ainda maior: eles terão acesso a preços diferenciados, participação em promoções, oportunidades de receber prêmios, apoio para o primeiro emprego e até mesmo a possibilidade de se tornar pequenos empreendedores.
O que os comerciantes e moradores acham?
Morador da cidade há 28 anos e dono de um salão de beleza, Breno Júnior de Souza aponta as principais vantagens da Ubérrima. “Teremos mais viabilidade de troco, além de poder adquirir as coisas mais rapidamente”, diz.
O empresário conta que, desde quinta-feira (18/4), os clientes estão utilizando a Ubérrima para realizar pagamentos no salão. “Já está sendo realizado um desconto de 10% para quem realizar o pagamento com a moeda”.
Breno diz que a moeda é retirada nos Correios da cidade e explica como adquiri-la. “Se tenho R$ 100 e quero comprar ‘R$ 100’ dessa moeda, então se faz essa troca (equivalente), e aí se escolhe notas de 20, de 10, de 5, de 2 ou de 1″, conta.
Ele informa que a população mais jovem está aderindo à nova moeda, diferentemente das pessoas de mais idade, “pela falta de conhecimento”, na percepção do comerciante.
Dona de um petshop de Resplendor, Darla Xavier afirma que não dará desconto em sua loja pela nova moeda, já que a demanda é grande, porém vê vantagens na Ubérrima. “Vejo um benefício a longo prazo. Inclusive, acho que muitas pessoas a veem assim também. Sempre tem aquele crítico, mas muita gente está achando bacana. Eu mesmo acho bacana, porque valoriza a cidade, além de ter estabelecimento com desconto”, destaca.
Diferença entre moeda social e pública
Desde 2013, Maricá, cidade do Rio de Janeiro, tem uma moeda social que é distribuída entre os moradores do município. A Mumbuca, como é chamada a moeda, equivale a R$ 1. Cada beneficiário recebe um cartão de débito, com valores em mumbucas para pagar por suas compras. O pagamento é feito pela plataforma digital e-dinheiro.
De acordo com a prefeitura da cidade fluminense, a origem da moeda aconteceu a partir do conceito de economia circular, com valorização do comércio e dos serviços locais, e de uma política pública de geração e distribuição de renda para a população.
Ela é usada para o pagamento de benefícios sociais a cidadãos cadastrados em programas do município; a moeda é administrada pelo Banco Mumbuca – instituição comunitária independente da prefeitura, com CNPJ próprio e direção constituída. É o Banco Mumbuca que faz os pagamentos dos benefícios aos moradores.
Isso não anula o fato de a Ubérrima ser a primeira moeda pública do Brasil, porque a moeda social, como a Mumbuca, é emitida por organizações sociais, como o Banco Mumbuca, em Maricá (RJ). Já as moedas públicas são emitidas pela própria prefeitura da cidade, caso da Ubérrima, de Resplendor.
Fonte: Estado de Minas