Um fato em minha vida é que estudei a “igreja” desde pequeno. Em 1964 decidi que
iria para o Seminário, e dois anos depois, iniciava Teologia no Rio de Janeiro.
Queria entender melhor o livro que a igreja colocava como seu livro-texto e assim comecei a estuda-lo, primeiro as línguas nas quais ele foi escrito (hebraico e grego), e as várias outras ‘matérias’ afins, entre elas, a ciência de interpretação bíblica. Fiz o curso de Filosofia também, uma formação que tem sido muito útil em vários momentos.
Na minha busca sincera e honesta desde a meninice, eu desejava entender profundamente o que era a fé genuína. Mais: eu queria saber de que jeito Jesus, há 2000 anos, cria nas Escrituras. Ele mesmo falou sobre isso. O que me ‘atrapalhou’ no início foi que ele disse que quem não conseguia ter fé como uma criança (infantil?) não poderia entrar no reino dele. – Como é isso, eu perguntava, agora que eu não sou mais uma criança!?!
Sempre fui um aluno muito bom. Em todos os anos anteriores ao curso superior eu me destacara na principal escola particular de minha cidade, e assim foi minha carreira acadêmica toda. Concluo que a ‘atitude’ científica que aprendi, de “ficar com um pé atrás” em tudo – me ajudou a não me tornar um fanático, e, sim, um pesquisador em busca de respostas; contudo, minhas perguntas não cessavam – continuavam a ecoar dentro de mim – cada vez mais alto.
Até que, um dia, no gramado da universidade americana – onde eu fazia mestrado de teologia – tive aquele momento especial no qual entendi o que eu estava procurando realmente. A resposta jazia naquela igreja descrita em Atos dos Apóstolos, na qual “não havia necessitados”! Em outras palavras, era uma comunidade que de fato promovia justiça social onde quer que ela crescia, e isso, de forma natural e pacífica, através de seus membros, os de posse e os de menos posse…
Com essa ideia no pano de fundo iniciei minha carreira ministerial em várias igrejas, tanto no Brasil como no exterior, igrejas de línguas e culturas diferentes, que pesquisei e aprendi a amar e abençoar.
Muitas vezes eu estava confuso. Diversas vezes eu cheguei a pensar em desistir.
Mas, por que desistir?
Porque a certa altura concluí que o maior interesse de muitas lideranças era algo diferente da preocupação com os desfavorecidos, os pobres, os que sofrem injustiça. O foco era mais em si mesmos do que naqueles ao redor com carências e necessidades.
Ao visitar um colega depois de vários anos distante, descobri a comunidade sobre a qual estou escrevendo nesta coluna – uma comunidade viva, que se interessa de forma genuína no bem estar daqueles que vem ou são trazidos, muitas vezes totalmente desenganados pelas autoridades, pelos médicos, pelos pastores…
======= Ali eles encontraram o seu lugar!
======= Ali eles podiam fincar raízes!
======= Ali há pessoas que vão estender a mão para ajuda-las!
======= Ali elas não serão tratadas como fracassadas, nem serão cobradas pela ajuda que receberem.
XXXXXX Tudo isso, e nem mesmo precisam tornar-se membros dela!!!
Esse achado foi algo incrível para quem havia pesquisado comunidades/igrejas em várias partes do mundo!
XXXXXX Nem o dízimo é exigido!
Mas por quê?
Porque a liberalidade entre os irmãos – a partir dos líderes – é grandiosa: cada um deles se importa com o próximo, e seja qual for a necessidade, eles conseguem ajudar-se uns aos outros. Por isso, entre eles não há nenhum necessitado. E todo aquele que vem com algum tipo de necessidade, será atendido.
Quem chega a conhece-los pode dizer o que os pagãos (não-cristãos) falavam dos cristãos dos primeiros séculos:
“Vejam como eles se amam!”
Esse tipo de igreja é uma árvore verdadeira, cujos frutos não falham!
Foi muito gratificante detalhar vários aspectos deste movimento, e no tempo certo, espero poder revelar mais detalhes.
De momento, porém, queria mais uma vez acentuar que não é hora de perder a esperança, pois a igreja verdadeira existe, e ela está espelhada ali em Atos dos Apóstolos, e de forma muito próxima, encontra-se espalhada ao redor do mundo.
Ela existe sem o uso da mídia (você entende porque não estou dando nomes?!!!) – é obra de Deus, dirigida por ele mesmo, para alcançar àqueles que buscam a verdade.
Convido a você, cara leitora, caro leitor, para a próxima série: “Qual era a base da
fé que Jesus tinha e passou adiante?”.
Como sempre, se você quiser dar a sua opinião, você pode me escrever. O endereço é:
Desejo muita paz para você e seus queridos, e que você possa achar a igreja onde Jesus é imitado em todos os sentidos. Mas, para ser bem coerentes, comecemos com nossa própria vida e família: é o primeiro grande legado que recebemos, e que sempre poderemos passar adiante.
Não custa nada, não!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum