Aos 72 anos, curado de dois cânceres, Xisto cuida voluntariamente da horta do Núcleo do Câncer
Xisto tem 72 anos, teve dois tipos de câncer curados e é um exemplo de vida
CARATINGA – O câncer é um termo genérico que representa uma gama importante de doenças que possuem diferentes abordagens preventivas, diagnósticas e terapêuticas. Sua incidência tem aumentado de forma considerável nas últimas décadas. O câncer pode afetar pessoas de todas as idades, mas o risco para a maioria dos tipos de câncer aumenta com o acréscimo da idade. O câncer causa cerca de 13% de todas as mortes no mundo, sendo os cânceres de pulmão, estômago, fígado, cólon e mama os que mais matam.
Apesar de ser uma doença assustadora, o câncer tem cura e pode ser vencido, como aconteceu com o senhor Xisto Sabino Ribeiro de 72 anos, um exemplo de superação.
A reportagem encontrou o senhor Xisto trabalhando como muita alegria e vigor na horta do Núcleo do Câncer de Caratinga, que ele mesmo a fez. Mas Xisto não chegou ao Núcleo por acaso, apenas para cuidar da horta, ele também já foi paciente e atualmente é um vencedor, pois foi curado de dois cânceres.
Em 2005, quando trabalhava como mecânico no Bairro Santa Zita, Xisto contou que ficou rouco por uma semana e começou a tomar chás, mas não estava resolvendo, então sua cunhada o aconselhou a ir a um otorrinolaringologista. “O médico olhou minha garganta e disse que não gostava de enganar os pacientes e foi direto ao ponto. Ele me disse que estava com câncer na garganta, minha irmã que me acompanhava, quase caiu de tanto susto”.
Xisto diz que é importante comer produtos naturais para evitar doenças
O médico pediu a biópsia e ficou confirmado que o senhor Xisto realmente estava com um tumor maligno na garganta. Xisto procurou um médico que atende no Núcleo e foi encaminhado ao hospital Luxemburgo, em Belo Horizonte, para passar por uma cirurgia. “Quando cheguei ao hospital, o médico me perguntou por quantos anos fumei, respondi que por 40 anos, sendo 20 cigarros de palha e mais 20 de papel, e ele me afirmou que o cigarro era o causador do câncer”.
Xisto não precisou operar, foi encaminhado para Ipatinga onde fez 40 sessões de radioterapia e logo depois ficou curado. Questionados e por algum momento sentiu medo, o senhor Xisto é enfático: “nem por um segundo tive medo, coloquei nas mãos de Deus e depois do tratamento estava curado”.
O mecânico veio embora e tinha uma sobrinha que trabalhava no Núcleo do Câncer e a nutricionista de lá a perguntou se sabia de alguém que soubesse plantar e cultivar uma horta, foi então que o senhor Xisto começou o trabalho voluntário que faz até hoje. “Quando cheguei tinha muito mato, chamaram cinco homens para me ajudar, mas trabalhavam duas horas e já se cansavam, não aguentavam nada, então comecei a plantar a horta sozinho”, conta Xisto com muito entusiasmo e orgulho.
Mas em 2007, Xisto mais uma vez é surpreendido pela doença. Descobriram que ele estava com um nódulo na próstata durante um exame. Foi feita a biópsia e mais uma vez era o câncer. Foram mais 30 sessões de radioterapia e algumas de quimioterapia. “Assim que acabaram as sessões, fiz novos exames e mais uma vez tinha vencido, estava curado”, conta com alegria.
Oito anos se passaram, Xisto faz exames no Núcleo regularmente e não tem mais a doença em qualquer parte do corpo. Está curado.
O cultivador da horta do Núcleo se orgulha em dizer que está curado e não tem medo da doença: ‘Câncer não é bicho de sete cabeças’
Xisto toma muito cuidado com a alimentação. “Não como enlatados e nem carne vermelha, consumo muitas verduras e legumes, durmo cedo e acordo cedo, e não fico em casa parado. Cuido da horta aqui do Núcleo, onde todos me pedem verduras, é um trabalho voluntário que me faz muito bem e também todo mês doo R$ 20 do meu salário de aposentado para ajudar pessoas que precisam como fui ajudado”.
E para as pessoas que estão diagnosticadas com a doença, o senhor Xisto deixa uma mensagem. “A primeira coisa é Deus, que é médico dos médicos e não deixa nada ruim entrar em sua cabeça. O câncer não é bicho de sete cabeças”.
O que causa o câncer?
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.
De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. Outros estão em estudo, como alguns componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente desconhecidos.
O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade à transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais frequente nesses indivíduos. Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a estrutura genética (DNA) das células.
O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das células aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando.
Fatores de risco de natureza ambiental
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida).
As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os ‘hábitos’ e o ‘estilo de vida’ adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de câncer.
Fonte: INCA (Instituto Nacional de Câncer)
