Tratamento de fisioterapia intensiva acompanha tendência dos grandes hospitais
CARATINGA – A importância da fisioterapia nos ambientes hospitalares é um assunto recorrente entre especialistas. A eficácia na recuperação de pacientes que recebem tratamento fisioterápico durante a fase de convalescência tem feito com que este tipo de serviço seja ampliado no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA). Desde que o Centro Universitário de Caratinga (UNEC) assumiu a gestão hospitalar, o número de fisioterapeutas em regime de plantão no hospital saltou de cinco para onze, sendo dois coordenadores e nove profissionais da área que se revezam em escalas de plantões para garantir o oferecimento do serviço, que, conforme preconizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), deve ser de 18horas/dia. Este regime assegura a atuação regular e direta de um fisioterapeuta dentro das Unidades de Terapia Intensiva (UTI´s) Neo-natal e Adulto durante as horas pré-estabelecidas pela Anvisa, estando o profissional à disposição de qualquer ocorrência que exija atendimento especializado dentro desta área.
A reportagem esteve na Maternidade Grimaldo Barros de Paula, anexa à estrutura do hospital, para conhecer o trabalho que vem sendo desenvolvido na área de fisioterapia de reabilitação em ambientes de terapia intensiva. O objetivo: conhecer mais sobre como a fisioterapia tem contribuído para uma melhor eficiência na recuperação de pacientes internados vítimas de lesões graves ou que estejam recebendo atendimentos mais complexos, como é o caso de recém-nascidos que precisam de cuidados especializados de terapia intensiva.
A coordenadora dos serviços de fisioterapia na maternidade, Juliana Carvalho dos Reis, nos acompanhou na visita. Estivemos primeiramente na UTI Neo-natal, onde ficam os bebezinhos que recebem atendimentos de alta complexidade. “A fisioterapia intervém na abordagem ao neonato (recém-nascido) assim que ele é admitido na UTI Neo-natal. Nossa responsabilidade é relativa ao monitoramento da parte respiratória e da definição de qual recurso será necessário para auxiliá-lo no processo respiratório no momento da admissão até o momento da alta da Unidade de Terapia Intensiva. A gente pensa desde o ponto de vista da reabilitação do processo respiratório da criança, como do ponto de vista neurológico que pode ter ficado comprometido por um parto que tenha acontecido precocemente”, ela esclarece.
Durante todo o tempo em que o recém-nascido permanece na UTI ele é acompanhado por um fisioterapeuta. “Em toda a permanência do neonato no tratamento intensivo ele conta com um fisioterapeuta ao seu lado. Atuamos da seguinte forma: por dezoito horas por dia sempre haverá um profissional de fisioterapia dentro da UTI”.
Comparando duas situações diferentes, a de um recém-nascido que receba atendimento especializado de um fisioterapeuta durante seu processo de recuperação em tratamento intensivo e a de outra que não conta com este tipo de serviço, a coordenadora é categórica em afirmar que a eficácia da recuperação é, sem dúvida, mais rápida com a fisioterapia. “Existem evidências científicas que o recém-nascido com complicações que recebe a fisioterapia, que a gente chama neste caso de estimulação precoce, ele tem condição de sair da terapia intensiva com um tempo menor, favorecendo o ganho de peso, o desenvolvimento psicomotor e com as habilidades motoras mais organizadas, tendo menos dificuldades de desenvolvimento depois que sair da unidade”, explica Juliana.
Trabalhando há 25 anos no hospital, a técnica em enfermagem Tereza Aquino atesta a eficácia na recuperação do paciente a partir do emprego dos serviços de fisioterapia. “Nesses anos todos trabalhando no hospital a gente nota que os procedimentos feitos pela fisioterapia nos recém-nascidos aceleram o tempo de resposta em sua recuperação, principalmente no que se refere ao processo respiratório e psicomotor”, compara.
O lavrador Paulo Sérgio Ambrósio, que acompanhava a esposa parturiente, narrou os momentos que antecederam a entrada dela na maternidade. “A gente mora no morro, então foi difícil chegar até aqui, mas quando chegamos fomos muito bem recebidos. Minha esposa está aqui há dois dias e estamos recebendo toda a atenção, está tudo ótimo”.
Com autorização da direção clínica, a reportagem esteve também na UTI Adulto, que é para onde são levados os pacientes que dão entrada em estado grave no hospital, para conhecer a rotina de trabalho dos profissionais daquele setor. Fomos recebidos desta vez pela fisioterapeuta Thaíse Martins, que relatou os resultados positivos obtidos na unidade. “Atuamos no auxílio de restabelecimento da condição clínica e física do paciente em suas situações de necessidades cardiorrespiratórias enquanto ele está internado na UTI. O índice de melhora é de 70% com a fisioterapia motora e respiratória”.
A rotina de trabalho dos fisioterapeutas no trabalho é bem dedicada. “Fazemos as avaliações dos exames de imagens e laboratoriais dos pacientes, e também o exame físico que a gente faz logo na abordagem, que é o que determina a nossa conduta, indo da fisioterapia motora, com exercícios específicos realizados por nós ou pelos próprios pacientes sob nossa orientação de acordo com a condição clínica de cada um, até a fisioterapia respiratória e outros procedimentos de acordo com as necessidades individuais de cada paciente”.
Dr. Drauzio Varella e fisioterapeuta do Hospital Sírio Libanês tratam do assunto
O assunto é tão importante que o Dr. Drauzio Varella publicou em seu site uma detalhada entrevista com a Drª Maria Ayaki Sakuraba, fisioterapeuta do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, tratando especificamente do assunto. Em um trecho, ele pergunta para a especialista: “todo paciente que permanecer acamado por algum tempo tem indicação para fisioterapia?” Leia o que ela responde: “A fisioterapia respiratória é sempre indicada para pacientes acamados, hospitalizados por muito tempo em decorrência de cirurgia ou de outro procedimento que os obrigue a permanecer por mais tempo no leito e é fácil explicar o porquê. Enquanto andamos, o tempo todo estamos respirando mais profundamente. Isso faz com que o pulmão funcione de maneira adequada e, às vezes, seja submetido a esforços maiores, o que ajuda a manter a permeabilidade das vias aéreas. Deitados, porém, a respiração é mais superficial e, se for mantida por tempo prolongado, algumas estruturas pulmonares se fecham, desencadeando problemas respiratórios.
Drauzio questiona também se “é por essa razão que todas as UTIs têm um fisioterapeuta de plantão permanentemente”. E Sakuraba responde: “Além dos problemas provocados pelo sedentarismo, a ação de alguns medicamentos (os sedativos, por exemplo) faz com que piore a função dos cílios do sistema respiratório que ajudam a remover a secreção que estamos constantemente produzindo. Esse acúmulo de secreção pode obstruir parte do pulmão facilitando a instalação de doenças, como a pneumonia”.