Bombeiro Civil atende a 50 ocorrências nos últimos 70 dias e pede cautela da população
CARATINGA – As queimadas têm sido um grave problema em Caratinga e região. Praticamente todos os dias estão sendo registradas ocorrências deste tipo. Um trabalho a mais para os bombeiros e um cenário prejudicial à saúde da população.
Na manhã de ontem, o DIÁRIO DE CARATINGA conversou com o subcomandante do grupamento de Bombeiro Civil, Diogo Ribeiro, que trouxe mais dados sobre as queimadas e a importância da população se orientar e ter cautela, para enfrentar esse logo período de estiagem.
De acordo com levantamento elaborado pelos bombeiros, somente em Caratinga, nos últimos 70 dias, foram atendidos 50 ocorrências, sem contar os chamados das cidades vizinhas. Para Ribeiro, o número é considerado alarmante e as consequências ainda piores. “A cada dois dias tem uma queimada só aqui em Caratinga, ou seja, não é prejudicial somente ao meio ambiente. Temos pessoas aqui em Caratinga que fazem caminhada ali na Avenida Dário Grossi, à noite principalmente. Uma nuvem de fumaça estava estacionada na cidade, nos últimos dias, as pessoas respirando essa fumaça, é muito prejudicial”.
O subcomandante ainda chama atenção para o fato de que, com as queimadas nas matas, os animais peçonhentos que lá habitam procuram outros habitat e acabam sendo uma ameaça à população. “Temos residências em zonas rurais, os animais saem de lá, cobra, escorpiões e vão para os locais onde têm crianças, até mesmo adultos. Mas, as crianças não sabem diferenciar os animais, então vê lá uma cobra, acha aquilo interessante, bonito e vai. Uma vez que o animal se sente ameaçado vai atacar, ou seja, é uma série de fatores. A pessoa coloca um fogo desde que seja controlado, criminalmente, pode causar até o risco mortal”.
Outro alerta dos bombeiros se dá também na consciência de que as queimadas contribuem para piorar outro sério problema enfrentado na seca: a falta d’água. Cidades da região já estariam prestes a enfrentar duros períodos. “Eu tenho acompanhado outras cidades, um exemplo mesmo Ubaporanga, tive informação que se não chover nos próximos 20 dias vai começar um racionamento de água. A queimada contribui para essa água diminuir, porque prejudica as nascentes, uma mina. Uma vez que se acende o fogo, que se risca o isqueiro há uma série de fatores que ocorrem depois disso e prejudicam a vida humana”.
Nos últimos dias o grupamento registrou dois incêndios, que não considera criminal, mas, intencional. Na noite de sábado (18), próximo ao presídio e outras seis ocorrências que aconteceram em um mesmo local. Em ambas, pessoas foram vistas próximas aos focos. “Próximo ao presídio, a guarnição foi pra lá, conteve o incêndio. Na fase final, de rescaldo, visualizamos um indivíduo bem longe da nossa posição, também de difícil acesso, colocando fogo na mata. Não sei se a intenção dele era nos ajudar a combater aquele foco, porém eu creio que não porque nós já tínhamos extinguido esse fogo. Ontem (segunda-feira) foi a sexta ocorrência, quando a guarnição chegou pegou o indivíduo riscando o fogo, alegando que era pra espantar os mosquitos. Muito preocupante esse número, as pessoas às vezes tentam ajudar e acabam às vezes se complicando. O fogo é controlado, o incêndio é quando ele perde o controle. Então uma vez que se risca o isqueiro, a pessoa tem que estar preparada pra tudo e sem treinamento, sem experiência é onde pode acarretar o pior”.
Na maioria das vezes, os bombeiros enfrentam dificuldades no combate a estes incêndios, em relação à localização, apesar de contar com os equipamentos necessários. Outras vezes, o combate se torna inviável. “Incêndio em vegetação é complicado porque, dependendo do local, o caminhão não tem acesso. Então a guarnição tem abafador, outros métodos como bomba costal, porém, dependendo da altura das chamas, somente os abafadores e bomba costal não conseguem extinguir. Tem que esperar as chamas diminuírem para começar o combate e à noite, dependendo do terreno, do local, o bombeiro nem vai porque a guarnição tanto do bombeiro civil como militar, não sai para ocorrência sendo de vegetação, a não ser que ameace residência, por preservação da integridade física do socorrista, porque se pode encontrar um animal peçonhento, achar um buraco, não se conhece o terreno, tudo isso é perigoso”.
O bombeiro civil trabalha em conjunto com o bombeiro militar para que o atendimento das ocorrências seja o mais facilitado possível. “Certos tipos de terreno o grupamento tem tido dificuldade de combater por causa do difícil acesso, mas a maioria deles a gente vai conseguindo, quando não consegue inicia um monitoramento para que não alastre. Temos trabalhado sempre com o bombeiro militar, isso também tem nos ajudado bastante”.
ORIENTAÇÕES
Ribeiro deixa algumas orientações para que a população saiba enfrentar o período de estiagem. “Aconselho a não queimar. O meu primeiro conselho é não fazer nenhum tipo de queimada. Porém, uma vez que a pessoa for fazê-lo, que peça uma autorização e uma orientação, tanto da Polícia Militar do Meio Ambiente quanto do bombeiro. Outra orientação que deixo para pessoas que moram perto de mata, se por ventura ela pegar fogo, façam um aceiro em volta dessas residências, não precisa nem esperar pegar fogo. Se tiver uma mangueira, joguem para resfriar, molhar o mato, até a chegada da equipe, que isso vai favorecer bastante”.