Vestidos de preto e com cartazes, os servidores municipais fizeram uma passeata pelas principais ruas da cidade
IMBÉ DE MINAS – Enfermeiros, técnicos, auxiliares e apoiadores protestaram, na manhã desta quarta-feira (21), em Imbé de Minas, contra a suspensão do piso salarial nacional da categoria, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A manifestação foi organizada pelos profissionais de Saúde e pelo Sindicato dos Servidores Municipais, o SindImbé.
O grupo se reuniu por volta de 7h30 em frente à Secretaria de Saúde e seguiu em passeata até a Praça Manoel Joaquim Teodoro, onde houve um ato simbólico. O trajeto contempla as principais avenidas de Imbé de Minas. A Polícia Militar acompanhou todo o percurso e não houve problemas no trânsito.
Os manifestantes vestiram preto e levavam balões da mesma cor, além de cartazes com os dizeres “sem enfermagem não se faz saúde”, “o piso salarial da enfermagem é constitucional”, “não somos mercadoria”, “Fora, STF”, “o gigante acordou”, entre outros.
O protesto também contou com a adesão de vários apoiadores. Estiveram presentes na passeata o prefeito Batista; a secretária de Saúde, Cristina Peixoto; os vereadores João Batista (DEM), Sinval Martins (DEM) e Jair Martins (PT); a diretora de Esportes, Graciele Alice; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Imbé de Minas, José Manoel Quintão; o Conselho Tutelar da cidade; profissionais da Secretaria de Saúde e da Secretaria de Assistência Social; o presidente do SindImbé, Ronaldo de Carvalho Miguel; o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caratinga (Sindserc), Clausiano Peixoto; representantes do Sindicato dos Servidores Públicos de Ubaporanga (Sindiserpu) e membros do grupo de apoiadores de Ubaporanga do presidente Bolsonaro (PL). Alguns populares também se juntaram ao ato.
A manifestação durou cerca de 1h30. Com a chegada dos manifestantes à Praça Manoel Joaquim Teodoro, ocorreu um ato simbólico, com discursos e um momento de oração. “Pedimos que a sociedade brasileira se junte a nós, profissionais da enfermagem, para nos ajudar a garantir um salário condizente com a nossa profissão e que nos proporcionará uma vida mais digna”, disse a técnica em enfermagem da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Graçópolis, Verônica Torres. “A enfermagem merece! A enfermagem vai vencer!”, completou a enfermeira coordenadora da Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Tatiana Amorim.
Durante a manifestação, a Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade funcionou apenas para atender casos de urgência e emergência.
ENTENDA A LEI DO PISO E A DECISÃO DO STF
Em julho, o Congresso Nacional aprovou e o presidente Bolsonaro sancionou a Lei Nº14.444 que fixa piso salarial nacional para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. Enfermeiros passariam a receber R$ 4.750 e as demais categorias teriam reajustes baseados nesse montante.
Sem o piso, cada município paga um salário diferente para a categoria. Em Imbé de Minas, os profissionais de saúde recebem, em média, R$1.212,00.
Em setembro, o plenário do STF manteve, por 7 votos a 4, uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso que suspendeu a Lei até que sejam analisados os orçamentos de estados e município e se a adoção vai impactar a qualidade dos serviços ofertados. Barroso atendeu a um pedido da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde), que alega que a Lei poderá possibilitar demissão em massa e redução da oferta de leitos.
O ministro Barroso foi alvo de críticas durante a passeata em Imbé de Minas. Os manifestantes o vaiaram. “O senhor atendeu à classe dos médicos donos de hospitais. Barroso, a enfermagem vai parar. E a culpa não é deles. Sabe de quem será? É de vocês ministros do STF que suspenderam o piso nacional por 120 dias”, afirmou o presidente do Sindserc, Clausiano Peixoto.
Emanuel Luiz Brandão, especial para o “Diário de Caratinga”