Professor do UNEC relata participação em mesa-redonda sobre textualização da violência

Na saída, com os demais profissionais que também participaram dos debates em JF
Na saída, com os demais profissionais que também participaram dos debates em JF

Na saída, com os demais profissionais que também participaram dos debates em JF

CARATINGA – A agenda do professor José Geraldo Batista apresentou-se cheia nos últimos dias por conta de suas atividades dirigidas à Literatura, à docência nos cursos de licenciatura, ao encerramento do semestre letivo e aplicação das últimas provas no Centro Universitário de Caratinga (UNEC). Ele também desempenha o papel de divulgador do Núcleo de Documentações e Estudos Históricos (NUDOC), ao lado dos professores José Aylton de Mattos e Cláudio Soares Barros. Mas, ainda assim, ele repassou alguns pontos sobre a recente participação em uma mesa-redonda em Juiz de Fora. O evento serviu para revisitar sua obra “Rubem Braga com a FEB na Itália: crônicas-reportagens, literatura da notícia”, já lançado oficialmente em Caratinga e que agora transpõe fronteiras.

Enfim, conseguimos entrevistá-lo durante a apresentação dos Trabalhos Interdisciplinares dos cursos de História e Geografia no NUDOC, entre uma exibição e outra dos alunos.

No dia 16, no Fórum da Cultura em Juiz de Fora, sob a organização e mediação do professor e escritor Fernando Fábio Fiorese Furtado, aconteceu uma mesa-redonda para debater a “Textualização da violência: a escrita em situações extremas”. “A noite estava fria e garoava muito densamente. Juiz de Fora lembrava uma Manchester com ares londrinos, como sempre. O frescor contribuiu com as discussões a respeito das pesquisas desenvolvidas pelos componentes da mesa, entretanto, para o final, elas tornaram-se acaloradas”, responde o professor na abertura desta entrevista, já exercendo seu lado artístico-literário.

O público predominante foi de acadêmicos: professores-pesquisadores do assunto e graduandos das áreas de Letras, Psicologia e Comunicação, “uma vez que os textos analisados eram de cronistas e jornalistas renomados”, explica José Geraldo. “Também compareceram algumas pessoas que apreciam os textos de guerras ou que tiveram algum parente envolvido na Segunda Guerra Mundial”, completa.

O professor aproveitou para falar do seu livro, que retrata as crônicas-reportagens de Rubem Braga, numa abordagem literária, quando este acompanhou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, em tempos de guerra.

O tema do evento é extremamente pertinente, já que a sociedade vive, cotidianamente, dias de intensa violência e militarização. “A maioria das pessoas ainda não refletiu sobre isso, mas, de acordo com Silvère Lotringer e Paul Virilio, estamos em estado de guerra pura e de militarização do cotidiano. Segundo o pensamento deles, podemos dizer que a guerra hoje é sem fronteiras, o inimigo vem de dentro e de todos os lados”, compara José Geraldo, citando dois pesquisadores franceses da contemporaneidade.

A professora Teresa Neves, que também integrou a mesa-redonda, abordou a temática do risco sob o enfoque do riso, considerando-a como prática recorrente na produção de cronistas brasileiros contemporâneos. “É uma tendência através da qual o risco se impõe como objeto e o riso se revela como estratégia, ao tornar risíveis, em seus textos, as ameaças com as quais lidamos cotidianamente”, compartilha José Geraldo a fala de Teresa Neves. Segundo o professor, “ela utilizou crônicas de Luís Fernando Veríssimo e Millôr Fernandes e fundamentou suas explicações nos pensamentos de Freud”.

O professor Fernando de Albuquerque Miranda, que também abrilhantou o evento, realizou uma análise dos relatos de guerra dos jornalistas Euclides da Cunha, Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro e Sérgio Dávila. Já o Professor José Geraldo Batista descreve que “analisou o valor de registro histórico do ‘cronicão’ Com a FEB na Itália, privilegiando as questões relativas à tensão entre experiência e memória, subjetividade e objetividade, literatura e jornalismo”.

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