As vítimas são a companheira e enteada do acusado. Crime chocou por sua brutalidade
MANHUAÇU – Um crime que chocou pela sua brutalidade, teve seu autor preso. A informação foi passada nesta terça-feira (8) pela delegada Adline Ribeiro, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), em Manhuaçu. No dia 1º de agosto, as vítimas Vanessa da Silva Pereira, 35 anos, e sua filha Rayane Vitória Pereira Mota, 15, foram mortas com golpes de machado. O duplo feminicídio foi registrado córrego dos Eliotas, distrito de São Simão do Rio Preto, zona rural de Simonésia. O acusado é um indivíduo, 44 anos, que mantinha relacionamento com Vanessa.
Conforme a Polícia Civil, o suspeito já possuía passagem por envolvimento em duas tentativas de homicídio e chegou a ser preso também por crime de violência doméstica, contra outra mulher.
O CRIME
Na terça-feira (1/8), a Polícia Militar foi acionada. No local, a equipe deparou com Vanessa caída no terreiro da casa, com lesões na cabeça e sem os sinais vitais; e no interior da casa, Rayane foi localizada também com ferimentos na região da cabeça e sem os sinais vitais.
Outra filha de Vanessa, de 8 anos, também mora na casa, mas por volta de 06h30, saiu para ir à escola. O pai da criança foi chamado para buscar a menina.
Os militares levantaram informações que a vítima estava grávida de cinco meses e possuía um relacionamento com o autor, há aproximadamente um ano, e eles brigavam bastante; e em razão de uma briga ocorrida na noite anterior ao fato, ele havia saído de casa e por volta das 6h retornou a pedido da vítima para que pudessem reatar.
Posteriormente, o autor teria saído da residência das vítimas por volta das 8h e enviado uma mensagem a um vizinho para que fosse ao local, pois a vítima estaria passando mal. Assim que o vizinho foi até a casa, que tomou conhecimento das mortes.
Investigações
Não havia registros policiais anteriores envolvendo o casal. Porém as investigações da Polícia Civil apontaram que o suspeito já agrediu Vanessa, o relacionamento era tóxico e ela tinha medo de denunciá-lo. Vanessa já foi agredida fisicamente e verbalmente pelo autor.
Segundo as investigações, quando da briga, o autor dormiu na casa do sogro. E logo na manhã do dia 1º de agosto de 2023, retornou para a residência de Vanessa em busca de reconciliação, no entanto Rayane discutiu com o autor, que pegou um machado e matou a adolescente. Vanessa entrou em desespero e foi assassinada na sequência. Após o crime, o autor fugiu na motocicleta do sogro, que ele havia tomado emprestada.
Segundo a delegado, o indivíduo confessou o crime e será indiciado por dois feminicídios. Outros fatores ainda serão considerados, como o fato da vítima Vanessa estar grávida.
Mulher tem que denunciar o agressor
Ao final da entrevista, a delegada Adline Ribeiro orientou que as mulheres têm que denunciar atos de violência. “Ao primeiro ato, a mulher tem que se encorajar. Todas as vezes acontecem as mesmas coisas. Sempre quando iniciamos as investigações de um crime de feminicídio, chegamos a mesma conclusão de que a vítima nunca havia nos procurado antes para realizar um tipo de reclamação e além disso, quando os familiares comparecem a delegacia para prestar depoimento a respeito dos fatos, ouvimos sempre a mesma coisa, que a vítima era ameaçada, era agredida, sofria lesões corporais, de humilhações, xingamentos e não realizava denúncia por inúmeros motivos. Então, por isso que a gente sempre diz: ‘crie coragem e denuncie porque o fim pode ser tão trágico quando esse que aconteceu na semana passada”.
“A mensagem que eu deixo é que quando a mulher está no ciclo de violência, essa mulher precisa de ajuda. E no ciclo familiar com testemunhas que tem conhecimentos dos fatos, ajudem nesse sentido. E não podemos esquecer que existe a denúncia anônima e a denúncia anônima chegando até nós, conseguimos fazer algo para que aquela vítima de uma ameaça ou agressão, não seja vítima de um feminicídio”, conclui a delegada Adline Ribeiro.