Operação Sahara desvenda sequência de mortes na região
Em entrevista, delegado Sávio Moraes narra passo a passo da investigação e aponta conexão com crimes recentes na cidade
CARATINGA — A Polícia Civil de Minas Gerais, por meio da Delegacia de Homicídios de Caratinga, realizou na segunda-feira (7) a Operação Sahara, que resultou na prisão de dois homens suspeitos de envolvimento no homicídio de João Batista Ribeiro, de 60 anos, executado no dia 6 de fevereiro deste ano na Fazenda Varginha, localizada no Córrego Água Santa, zona rural de Caratinga.
Em entrevista à imprensa, o delegado Sávio Moraes detalhou a cronologia da investigação, elogiou o empenho da equipe local e apontou que o crime foi premeditado e cometido por engano. Segundo ele, a vítima não era o alvo dos criminosos.
Cronologia dos fatos
6 de fevereiro de 2025 — João Batista Ribeiro, de 60 anos, foi assassinado a tiros dentro de uma caminhonete Hilux, logo após sair da fazenda onde trabalhava. Testemunhas relataram ter ouvido disparos e o barulho de uma motocicleta. Desde então, a Delegacia de Homicídios iniciou investigações intensivas para esclarecer o caso.
Fevereiro a julho de 2025 — Ao longo de cinco meses, a equipe de investigadores realizou diligências e cruzamentos de informações, confirmando que o homicídio havia sido premeditado e executado por várias pessoas. Descobriu-se ainda que João Batista foi morto equivocadamente; o verdadeiro alvo seria o ex-sócio do mandante, com quem este tinha uma dívida.
7 de julho de 2025 — Operação Sahara
De posse de mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça de Caratinga, as equipes organizaram uma ação coordenada em dois estados:
Em Goiás, com apoio da Polícia Militar local e da Força Tática BPTUR, o suspeito de 37 anos, apontado como mandante do crime, foi localizado na cidade de Rio Quente. Ele foi surpreendido em um resort, enquanto estava na piscina, e preso no local.
Em Campos Altos (MG), sob coordenação do delegado Jeferson Leal, foi preso o segundo suspeito, de 33 anos, acusado de participação no crime. Ele teria fornecido a motocicleta clonada utilizada na execução.
Ambos foram encaminhados ao sistema prisional de suas comarcas de prisão e deverão ser recambiados para Caratinga. Os mandados de prisão têm validade inicial de 30 dias, podendo ser prorrogados.
Conexão com outros crimes
O delegado revelou ainda que há indícios de que dois homicídios ocorridos em Caratinga em junho deste ano estejam ligados ao crime de fevereiro.
3 de junho de 2025 — Uma tentativa de homicídio teria como alvo o mesmo ex-sócio do mandante, apontado como alvo inicial da execução equivocada em fevereiro.
10 de junho de 2025 — Sérgio da Silva Paiva, 52 anos, foi executado na Serra da Embratel, quando seguia para Santa Luzia. Segundo a investigação, ele figurava como intermediador no homicídio de João Batista e teria sido morto em possível ato de queima de arquivo.
À época, a irmã de Sérgio, que estava com ele numa moto, disse que eles seguiam para uma propriedade onde trabalhariam na colheita de café, quando passaram a ser seguidos por um veículo Fiat Strada de cor branca.
Ao alcançar a motocicleta, o carona do automóvel efetuou três a quatro disparos contra Sérgio, que conduzia a moto. A vítima caiu às margens da estrada e morreu no local.
Na ocasião, a irmã de Sérgio relatou à polícia que, na tarde do dia anterior, ele teria prestado depoimento na delegacia sobre um homicídio ocorrido há alguns meses em uma fazenda da região. Ela afirmou ainda que Sérgio vinha relatando ameaças, possivelmente feitas por familiares da vítima desse crime, e temia por sua segurança, já que estaria sendo apontado como um dos suspeitos.
Reconhecimento da atuação policial
O delegado Sávio Moraes enalteceu o trabalho da Delegacia de Homicídios de Caratinga, classificando a equipe como pequena, mas extremamente competente e incansável na busca pela elucidação do crime. Ele também destacou a atuação integrada com a PM de Goiás e a Delegacia de Campos Altos, cujo apoio foi essencial para o sucesso da operação. “Em Goiás, eu registro aqui meu agradecimento ao tenente Diego, que estudou comigo durante a faculdade, hoje exerce um brilhante trabalho lá em Goiás, lotado em Caldas Novas. Inclusive, ele estava de férias e colaborou bastante, intermediou a comunicação com a equipe dele”, disse o delegado.
“As investigações continuam, e conseguimos provas objetivas de que a vítima fatal foi assassinada equivocadamente. Esta foi uma ação criminosa premeditada, praticada a várias mãos”, concluiu o delegado.
As investigações seguem para identificar outros envolvidos e confirmar as conexões entre os crimes.
Linha do tempo dos crimes
* 6/2/2025 — Homicídio de João Batista Ribeiro (60 anos) na Fazenda Varginha, zona rural de Caratinga.
* 3/6/2025 — Tentativa de homicídio contra o ex-sócio do mandante do crime.
* 10/6/2025 — Homicídio de Sérgio da Silva Paiva (52 anos), possível queima de arquivo.
* 7/7/2025 — Deflagrada a Operação Sahara, com prisões em Goiás e Campos Altos.
Operação Sahara
A operação foi batizada de Sahara em alusão à motocicleta Honda Sahara utilizada na execução do crime. O trabalho contou com a participação de policiais civis e militares de Minas Gerais e Goiás.
Equipes envolvidas:
Delegacia de Homicídios de Caratinga – PCMG: Delegado Sávio Moraes; escrivães Camilo e Diego; investigadores João, Jânio e Ana Paula.
Delegacia de Polícia Civil de Campos Altos – PCMG: Delegado Jeferson Leal; escrivão Ítalo Andalécio; investigadores Eudes Antônio, Fábio José e Rodrigo.
Polícia Militar de Goiás – Força Tática BPTUR / 19º CRPM: Policiais militares Ali (BPTUR) e Ari (19º CRPM).