Superintendência Regional de Ensino promove semana da paz nas escolas
CARATINGA – As 91 escolas que pertencem à jurisdição da Superintendência Regional de Ensino (SRE) desenvolveram a “Semana da Paz”, dos dias 22 a 26 de setembro. O projeto da foi orientado em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e com o apoio dos inspetores escolares e diretores.
De acordo com a diretora da SRE de Caratinga, Beatriz Gomes, cada escolha trabalhou com diversas atividades pautadas na cartilha do Ministério Público “Conte até 10”, que conta com toda estrutura para orientar as escolas. Foram feitas palestras, com participação de policiais, promotores e professores; mobilização da comunidade e passeatas.
O principal objetivo é promover a interação pacífica das comunidades escolares e da comunidade em geral, fortalecendo a cidadania e a relação dos alunos com suas instituições de ensino. As atividades da cultura pela paz deverão ser documentadas, para que seja encaminhado resumo à SRE, do que foi desenvolvido e os resultados obtidos.
Beatriz destaca que a intenção da Superintendência é que o projeto seja fixo no calendário escolar, sendo realizado todos os anos, na última semana de setembro. “O tema ‘paz’ já é trabalhado pelas escolas, mas de forma sistematizada. Este foi um trabalho elaborado desde o ano passado, quando foi feito o estudo da cartilha com os diretores das escolas estaduais. Depois nós tivemos, no mês de maio, um trabalho de mediação de conflitos e vamos dar continuidade a esse trabalho também”.
A diretora acredita que já é possível ver o benefício do projeto nas escolas e o envolvimento da comunidade. “Visitei duas escolas, de Patrocínio e Ipaba. Percebi o grande envolvimento dos alunos com o projeto. Na oportunidade, na Escola Estadual Sudário Alves houve passeata e palestra com o pastor Alacrino. E a gente vê que os meninos sabem responder as questões da cartilha que foram colocadas, as palavras de ordem. Eles vão mentalizando essas questões. É muito interessante. Outro tema abordado foi a inclusão social e o concurso de paródias, com as turmas do 6° ano ao EJA, um trabalho muito bem feito”.
NEEC
A Escola Estadual Professor Joaquim Nunes, o Neec, teve um envolvimento intenso com as ações propostas pela SRE. Após passar por um problema recentemente, em que dois alunos foram encontrados com arma de fogo dentro da sala de aula, a escola se uniu para combater a violência. “Além das palestras que foram ministradas, houve um envolvimento muito grande dos alunos e no final das atividades, com balões na sacada, chamavam o nome da escola, como escola de paz. Inclusive lá eles vão separar essa semana em várias outras, semana da paz no trânsito, na família”, destaca Beatriz.
Beatriz acredita que a escola não desanimou e buscou forças para reverter a situação. “Conseguiu forças para superar as próprias dificuldades. Esse tipo de trabalho é feito pela escola com muita dedicação e mostra a força que as escolas têm dentro da sociedade de mudar realmente esse perfil que a gente tem visto, como um todo. O compromisso do professor em fazer a diferença passa pelo desenvolvimento desses projetos, de uma forma muito concreta. É um trabalho que deve ser cultivado no dia a dia das nossas escolas e da sociedade. O tema que a gente quer levar para as nossas escolas é: paz, essa é a atitude”.
O PROJETO
A analista educacional/inspetor escolar, Karina de Cássia Ferreira Lima, explica detalhes do projeto. De acordo com Karina, primeiro é necessário pensar que todos os espaços de formação, no âmbito educacional ou no local de trabalho, são de reflexão e, principalmente, articulação. “A gente vai precisar de diferentes atores para que essa proposta realmente aconteça de fato. A SRE vai implementar especificamente essa proposta, a gente vai precisar dessa articulação para buscar o envolvimento de outros parceiros da sociedade, uma vez que a gente entende que essa questão da violência não é um problema da escola, mas sim da sociedade como um todo. E dessa forma a gente vai precisar de outros atores para auxiliar , para que possamos realmente modificar o que a gente tem visto dentro das nossas escolas”.
Para Karina, as escolas precisam parar e pensar quais são os reais motivos da geração de conflitos, que proporcionalmente podem se agravar e se transformar em violência. “A partir dessa reflexão, a escola precisa buscar essa formação. A formação de alunos, professores, dentro dessa proposta, que é a mediação e justiça restaurativa, tendo como ferramenta, o principal elemento, que é a prática do diálogo dentro das escolas. Toda a proposta tem técnica específica, mas em resumo, a ferramenta principal que nós vamos utilizar é fomentando o diálogo. Essa convivência saudável, harmônica dentro da escola, só vai ser possível a partir do momento que a gente entender que as situações e conflitos que acontecem, nós vamos saber gerenciar da melhor maneira possível”.
A analista educacional acredita que quando se fala em escola, se pensa em um ambiente em que todas as situações são possíveis. “É um ambiente de formação, sentimentos e emoções, tudo é aflorado ao mesmo tempo. Essas mesmas sensações que são benéficas, em alguns momentos trazem conflitos. O confronto delas trazem conflitos, às vezes até por divergência de opiniões, ideias. É um espaço que se soubermos aproveitar desses conflitos, eles vão gerar aprendizado, na convivência professor-professor e professor-aluno e consequentemente em todas as relações da escola. E se os conflitos são agravados dentro da escola, chegam a gerar a questão da violência que é o que a gente vai trabalhar realmente para o seu enfretamento, e tendo como suporte esse trabalho”.
MEDIAÇÃO
A Superintendência está trabalhando com as escolas a mediação, envolvendo cada elemento que faz parte da escola, principalmente os alunos. “Para que eles entendam como tratar os seus conflitos e divergências com as demais pessoas de outra forma que não seja da prática da violência. Eles vão ser tratados através da prática do diálogo. A gente viu pelos relatos dos inspetores que acompanharam a organização, a elaboração para essa semana da paz, que as escolas já têm muita essa cultura de trabalhar essa cultura da prática do diálogo. O que a gente vai fazer agora é organizar dentro de um formato de projeto, que hoje já é tratado como política pública, para que possamos trabalhar essa questão como uma cultura, prática diária”.
CONFLITOS EM REDE
Outra proposta da SRE é a formação de rede, envolvendo também a sociedade no projeto, buscando parcerias com o Ministério Público, Promotoria e Conselho Tutelar, expandindo o assunto além dos muros das escolas. “Para que a gente possa, em situações em que esses conflitos ultrapassem o fazer da escola, depois de todas essas tentativas de resolução, realmente lançar mão de outras instituições para nos ajudar, que essa rede seja mobilizada. Todos vão estar diretamente ligados, corresponsáveis na resolução desses conflitos dentro das escolas”.
A proposta ainda será apresentada, para que, posteriormente, o projeto seja implementado em algumas escolas, como piloto e depois atingir definitivamente todas as escolas. “Queremos que cada um assuma a sua parcela de responsabilidade, abrace o projeto. A gente vê que é um trabalho que tem dado resultado e esperamos conseguir realmente fomentar isso dentro da nossa superintendência. Realmente colocar que a paz é uma cultura dentro das nossas escolas, a nossa prática do dia a dia”.
Para finalizar as ações, as escolas são convidadas a um encontro previsto para acontecer nos dias 10 a 14 de novembro, onde os professores levarão projetos que falem da promoção da cultura da paz e combate à violência. “Esses projetos serão selecionados e acontecerá uma troca de experiência com todas as escolas do estado. A gente acredita que muito do que foi tratado pelas escolas e aprimorado agora, com essa proposta, elas poderão utilizar para apresentar pra gente como projeto e sendo selecionado, mandar muitos professores para o evento”, finaliza Karina.