Nossa Senhora das Graças, o bairro que nasceu de uma promessa

Monsenhor Aristides Marques da Rocha nasceu no distrito de Joselândia, município de Santana dos Montes, em Minas, aos 25 de janeiro de 1888. Foi ordenado presbítero em 1912 e chegou a Caratinga com 31 anos, em 1919. Foi vigário da catedral de Caratinga, vigário forâneo, vigário geral e administrador da diocese de Caratinga. Faleceu em 25 de julho de 1979 (foto: arquivo)

CARATINGA – Às margens da BR- 116 localiza-se o Bairro Nossa Senhora das Graças. Conforme descrito no site da Secretaria Municipal de Educação de Caratinga, antes de ser habitado o “Bairro das Graças”, como é popularmente chamado, era “um grande brejão de taboas, como conta a família de dona Maria de Jesus da Conceição (Anita), moradora falecida do bairro e residente desde sua formação”.
Ela relatava juntamente com seus irmãos que, por volta de 1912, surgiu os primeiros moradores, sendo João Caetano (violinista Antônio Grosso) e Dodô de Barros. Já o nome bairro Nossa Senhora das Graças é fruto de uma promessa. “Ao receber uma cura, a esposa de Miguel Rezende, em gratidão doou uma imagem de Nossa Senhora das Graças e por isso o nome do bairro, com isto foi criada uma capela para virgem”.
O morador Miguel de Sousa Rezende, dono de quase todos os terrenos, homenageado com seu nome na avenida principal do Bairro das Graças, doou o terreno para construção da igreja Nossa Senhora das Graças e da escola.
O texto ainda narra que o primeiro padre a celebrar missa no bairro foi Monsenhor Aristides Rocha, que também tem um nome na avenida. “O transporte era muito difícil, pois o bairro das Graças está localizado distante do centro de Caratinga, se usava ir pé e a cavalo, aí a importância da igreja e da escola para o desenvolvimento social da comunidade. Com a ajuda de Juvenato Teixeira, Imídio Teixeira e vários moradores foi construída a igreja pondo tijolo por tijolo”.
O primeiro comércio do bairro foi a loja de tecidos de propriedade de José Teixeira (José Imídio). “As casas eram bem típicas de Minas Gerais e as ruas também: casas baixas, simples, ruas estreitas, umas bem juntas das outras. A maioria das ruas receberam nomes de políticos como: Joaquim Teixeira, José Alexandrino Campos, Joaquim Vieira, etc., isto foi um fenômeno típico do coronelismo, pois na República do Café com leite, era os políticos mais homenageado com nomes de ruas, cidades e avenidas”.
Ao longo do tempo o bairro Nossa Senhora das Graças, foi se desenvolvendo e hoje é um grande marco na educação, pois possui um polo do Centro Universitário de Caratinga, o Centro de Educação Infantil Municipal Ilha da Fantasia, a Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo vinculada e Escola Estadual Isabel Vieira. Também se destaca com dois hospitais, sendo o Casu Hospital Irmã Denise e o Hospital Veterinário Joaquim Felício.

Comunidade pede investimentos
Mas, se por um lado há as marcas do desenvolvimento comercial, algumas localidades ainda guardam boa parte das características do passado. A essência do bairro das Graças, partindo das margens da BR em direção a Avenida Miguel Resende e Rua Joaquim Teixeira, ainda necessita de investimentos, como apontam os moradores.
Edson Jovelino dos Santos, 66 anos, foi nascido e criado na Avenida Monsenhor Rocha, Bairro das Graças. Ele relata que o local sempre foi agradável para se viver, mas, assim como outros lugares, tem sofrido com a criminalidade. “Minha infância era maravilhosa, pena que muitos dos amigos estão indo embora. Sempre foi um bairro muito bom, que não tem violência, embora esteja precisando de mais policiamento, pelo menos visitar mais vezes, percorrendo o bairro, para intimidar alguma coisa, alguns novos que chegam no bairro, que não está adequado ao crescimento”.
Para Edson, o Bairro das Graças é o “melhor da cidade”. “Aqui tem pessoas de boa índole. Você encontra posto de gasolina, supermercado, hospital… O que falta aqui é mais presença de prefeito, de vereador. O que precisa para completar aqui é pouca coisa, falta de interesse talvez da população que não tem um líder comunitário, o que faz muita falta. Que saiba cobrar, pedir, a única coisa que faz justiça aos nossos votos são as cobranças e o interesse da população. As pessoas mais novas que estão vindo aí não estão tendo esse interesse”.
Edson ainda cita que este é um dos bairros que mais cresceu em Caratinga. No entanto, o morador sente falta de mais investimentos na localidade, voltados para o desenvolvimento e bem-estar da comunidade. “Está unindo. Há 20 anos era espaço ao lado da BR-116, hoje está ligado, mas está muito esquecido, tinha que ter uma presença muito maior. Único trabalho bem-feito aqui foi na época do prefeito Ernani Campos Porto que embelezou a chegada do bairro, depois disso acabou. Está faltando entusiasmo do povo e do prefeito, está esquecido um bairro que tem 4 mil votos. Estamos precisando de um prefeito que olhe mais para o bairro das Graças, essa rua nova, que é a chegada do bairro, quem vem de Caratinga, um trevo melhor, porque tem carro parado dos dois lados, carros entrando na contramão, precisa chegar um policial e cobrar. Falta pouca coisa aqui, e acho que isso é politicamente, o prefeito tem que ver o bairro das Graças com mais carinho”.
Um dos grandes empreendimentos no Bairro das Graças, ele chama atenção para o entreposto da Ceasa de Caratinga. “É o giro da economia de Caratinga, duas vezes por semana, um montante muito alto de dinheiro que circula por ali”.
Elza Joana de Freitas Gonçalves, 75 anos, também nasceu no Bairro das Graças. E se recorda que como era o local anos atrás e faz um paralelo. “Nasci e vivi aqui, morava onde era a exposição hoje em dia, naquela área tinha um campo muito bom. Mas, agora o dono lá pegou e acabou com o campo. Mas era um campo de futebol muito bom. Não tinha muitas casas, só tinha a casa da minha sogra e a casa que a gente morava. Tem 50 anos que vim aqui dentro bairro, me casei com 25 anos. O bairro já era bom, tinha um cinema. O lugar é tranquilo, agora, infelizmente, alguns problemas de drogas, tirando essa parte que tem em todo lugar. A rua José Alexandrino precisa muito de melhorias, porque quando chove arranca tudo, então precisa melhorar. Mas, me sinto feliz aqui, graças a Deus”.

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