– E eu, que não tive uma mãe amorosa – como fica a questão do sacerdócio?
Nem toda história começa com um colo quente e um cheiro de bolo no forno. Há filhos e filhas marcados por ausências, por palavras que ferem, por olhares que nunca disseram “eu te vejo”. E mesmo assim, é possível que, no meio da dor, floresça uma outra forma de maternidade: aquela que se levanta como um sacerdócio da justiça.
Essa mãe não nega as feridas do passado, mas as transforma em bússola. Ela sabe que carinho não é fraqueza, que firmeza não é dureza, e que justiça começa com os pequenos — defendendo, protegendo, ensinando o valor do respeito, da verdade e da dignidade humana.
Ela não repete o ciclo. Ela o interrompe.
Ela não teve o modelo ideal, mas decidiu ser diferente. Onde houve gritos, ela oferece escuta. Onde houve frieza, ela oferece calor. Onde faltou proteção, ela se torna escudo. Essa mãe é a resposta às orações de uma criança esquecida.
Ser mãe, para ela, é reescrever a história — não com raiva, mas com propósito. É restaurar a esperança que quase se perdeu. É provar que o amor não precisa nascer perfeito para ser verdadeiro.
Talvez ela chore sozinha de vez em quando. Talvez duvide se está acertando. Mas ela segue. Porque sabe que justiça começa em casa — na maneira como trata seus filhos, na forma como ensina a pedir desculpas, a dividir, a resistir ao egoísmo.
Ela é forte o suficiente para perdoar, corajosa o bastante para educar com empatia, e justa o suficiente para saber que o amor também corrige — sem humilhar, sem machucar.
Se você teve uma mãe assim, ou se você se tornou essa mãe, saiba: o mundo é menos injusto porque você está nele.
E mesmo que ninguém te aplauda, Deus vê. Ele honra cada pequeno ato de justiça feito em nome do amor.
Rev. Rudi A. Kruger – Faculdade Uriel de Almeida Leitão, Doctum – [email protected]