CARATINGA – Quem não conhece a história de alguém que deixou tudo para trás para tentar a sorte numa cidade grande? Muita gente deixa o interior em busca do sonho nas capitais. São Paulo costuma ser a preferida. Mas, ficar desempregado num lugar deste pode revelar uma realidade bastante cruel. É o caso da família do senhor Antônio Luís Lima dos Santos. Baiano, 59 anos de idade, quarenta vivendo na capital paulista, sendo dezenove deles casado com a mulher com quem teve oito filhos, bastaram sete meses desempregado para que o sonho virasse pesadelo. A família decidiu deixar São Paulo e voltar para a terra natal. A esposa de ‘seu’ Antônio, Crezenice Maria Soares, de 46 anos, é de Caratinga e, há alguns meses, vive com o marido e os filhos num pedacinho de terra da mãe dela, no Córrego do Calixto. Mas a realidade continua dura.
“Ficar desempregado é muito difícil e em São Paulo parece que é pior ainda. Vivíamos em uma área da prefeitura em Carapicuíba, mas as condições estavam bem precárias”, lembra Antônio.
A reportagem encontrou ‘seu’ Antônio quando ele chegou ao Centro de Assistência à Saúde/UNEC (CASU) à procura de ajuda médica para dois filhos que o acompanhavam. A mãe das crianças não estava presente no momento porque também está em tratamento de saúde. “De pronto, a família foi acolhida integralmente pela equipe do CASU e já iniciaram os tratamentos, passando pelas triagens de atendimento social, apoio psicológico, consulta médica especializada, exames e orientação nutricional. As crianças receberão, a partir de agora, todo o suporte clínico e cirúrgico do qual necessitam”, informa a coordenação do CASU.
Uma das crianças, S., o mais velho, de onze anos, tem vitiligo. Já o outro, menorzinho, apresenta situação mais delicada. Desnutrido, S., de nove, necessita de um acompanhamento mais de perto. Ele aparenta ser bem mais criança do que é. Apático e olhos tristonhos, está com um metro e dez centímetros de altura, mas deveria estar com 1,36m; pesa vinte quilos, mas deveria estar pesando mais de trinta.
“Ele passou por uns probleminhas sérios de saúde, chegou a ficar com o intestino obstruído, teve complicações e não cresceu direito”, conta o pai, meio sem saber o que fazer.
Vítima de teníase, mais conhecida como solitária, um tipo de parasita que debilita o organismo, S. sofreu muito quando era menor devido à falta de saneamento no lugar onde morava, em São Paulo. Tratou a verminose, mas ainda carrega sequelas. Ele será submetido a uma pequena cirurgia que será conduzida pelo próprio CASU e precisará de uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, leite e carne. Atualmente, só tem se alimentado de arroz e ovo.
As estagiárias do curso de Nutrição do UNEC que fizeram o primeiro acompanhamento nutricional, sob a supervisão de médicos preceptores, ficaram emocionadas com o contato com as crianças. “É muito gratificante saber que a gente pode fazer alguma coisa pela saúde delas”, disse Camila Faria. “Essa família precisa do nosso apoio, mas também de um apoio multidisciplinar, inclusive da própria comunidade, para que os resultados sejam alcançados com êxito”, completou Pamela Oliveira.
‘Seu’ Antônio, que trabalhava como pedreiro e vendedor de plantas na capital paulista, ficou desempregado depois que os joelhos não aguentaram mais a lida pesada do dia a dia. Hoje tem problemas nos dois joelhos e está tentando se aposentar. “É difícil a gente (sic) não ter um salário para ajudar as crianças; quando precisa sair para ir ao médico precisa ser a pé, e fica ainda mais difícil procurar ajuda”, diz.
Você também pode ser solidário e ajudar esta família que retrata um pouco da fragilidade social do nosso país. Entre em contato pelo telefone (33) 8434-4959 (contato da mãe de Crezenice) ou no próprio CASU, no bairro das Graças, anexo ao Campus II do UNEC, pelo telefone (33) 3322-7900 (ramal 7975).