CARATINGA- Na manhã de ontem, funcionários do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA) realizaram uma manifestação pacífica pelas ruas de Caratinga. Eles saíram do hospital, passaram pelo centro da cidade, atravessaram o perímetro urbano da BR-116, onde pararam o trânsito por alguns minutos e seguiram pela Avenida Catarina Cimini. Nas faixas e cartazes, as frases eram realistas: “O hospital pede socorro”, “O povo está morrendo” e “Saúde não se vende, saúde se defende”.
De acordo com a líder do movimento, Denise Melo, participaram da passeata funcionários de todos os setores do HNSA. O objetivo é chamar atenção para a grave situação enfrentada no hospital. “A nossa maternidade já está fechada e o nosso hospital geral também vai fechar as portas se não tomarem medidas urgentes. Por isso estamos nessa mobilização. Não estamos reivindicando salário, porque até então nosso salário vem sendo pago, estamos reivindicando mesmo o hospital não fechar, porque se ele fechar para onde vão os nossos pacientes de Caratinga que não têm condição de pagar, sendo a Casa de Saúde hoje particular? Estamos lutando pela população carente, que precisa do SUS (Sistema Único de Saúde) e também para os funcionários, porque para onde vão mais de 440 funcionários? Como vai ser, sendo que temos lá pai e mãe de família que trabalham no hospital?”.
De acordo com documentos apresentados pela administração do hospital na última semana, a soma das receitas e despesas de R$ 1.863.430,73 frente a uma despesa de R$ 2.783.173,09 (ambos considerando HNSA e PAM). O déficit mensal é de R$ 919.742,36. Já o débito com os médicos, valor atualizado até setembro deste ano é de R$ 6.520.832,09. Denise, que trabalha há 14 anos no hospital afirma que nunca vivenciou uma crise tão severa na instituição. “Desde quando entrei, o hospital vem enfrentando crises financeiras, mas agora, como essa nunca vi. A ponto de pensar em fechar as portas, isso pra nós é amedrontador. Já tivemos uma outra mobilização porque a maternidade iria fechar, reivindicamos e graças a Deus houve uma intervenção e ela não foi fechada. Mas, agora está muito crítica a situação, nossas UTIs já estão fechadas, então não adianta termos técnicos de enfermagem, toda estrutura do hospital funcionando, pacientes, se não temos médico. Então não tem como atender”.
Ainda segundo Denise, todos os setores do HNSA estão com a situação crítica. “Anteontem (sábado), o número de pacientes no hospital todo era 21. Só no de baixo. O de cima já não está atendendo nada. Queremos chamar atenção de todos os governantes, todo mundo intervir, as prefeituras circunvizinhas também que utilizam o nosso serviço e que têm débito com o hospital. Temos que alertar pra isso, tomar as providências para que o hospital não feche”.
Recentemente, em resposta ao DIÁRIO DE CARATINGA, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou que repassa recursos ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, por meio dos programas Pro-Hosp Incentivo e Rede de Resposta Hospitalar às Urgências e Emergências. Segundo a Secretaria, ainda este ano, está previsto o pagamento de R$ 1.103.297,67 pelo Pro-Hosp Incentivo e R$ 2.400.000,00 pela Rede de Resposta às Urgências e Emergências.