CARATINGA – Um idoso feliz e respeitado reflete uma sociedade que não se esquece de suas raízes. O sorriso de um idoso bem cuidado pode esconder “um obrigado” não dito. Um idoso com uma velhice saudável revela que é possível pensar no futuro das novas gerações, sem se esquecer do passado de quem plantou sementes para serem colhidas hoje.
O Asilo Monsenhor Rocha, no bairro Santa Cruz, esteve em festa por conta do Arraiá da Solidariedade. A iniciativa partiu dos alunos do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), como forma de recepcionar os calouros do 1º período mostrando um pouco do trabalho especializado e social desenvolvido pelo curso na entidade.
“Sinto-me jovem de novo de tão boa que está essa festa”, dizia, sorridente, Francisco Simão de Souza, um dos idosos assistidos pela entidade.
“Esta acolhida junto aos idosos é muito importante para a socialização deles, porque muitos estão aqui sem contato com familiares há muitos anos. Os alunos tiveram a iniciativa de, em vez de um trote convencional, promoverem um trote social. Acadêmicos, professores, colaboradores e voluntários se envolveram para preparar uma animada festa para os assistidos e arrecadação de donativos que foram entregues ao asilo”, expõe a coordenadora do curso, professora Juliana Carvalho dos Reis, enaltecendo a ideia. “Foi um jeito de fazê-los sorrir mais, porque eles merecem”, completa a veterana Raquel, bastante animada com a festa.
Além de agregar valor em conhecimento à formação profissional dos alunos, ao ter contato com a prática de atendimento no asilo “a turma desenvolve ainda mais o lado humano da profissão”, concorda a aluna veterana Raquel Naira. “Arrecadamos materiais de higiene pessoal, que serão de grande utilidade para a entidade”, ela reforça.
Alguns dos idosos estão até trinta anos sem verem seus familiares. Uma triste realidade. Uma verdade que machuca, mas que também mostra a importância do papel social do Asilo Monsenhor Rocha, o mais antigo do município, que resiste à falta de recursos suficientes para todas as despesas, porém não deixa de compensar o amor que outros renegaram.
“Não contamos com recursos provenientes do governo estadual. O governo federal nos envia R$ 3.921,00 para compra de remédios, que é insuficiente. A prefeitura ajuda, mas os recursos nem sempre são suficientes para todas as despesas. Devem entender que o asilo é responsabilidade do Município, do Estado e da União. Contamos muito com o apoio da sociedade, que prestigia nossos eventos, como a feijoada beneficente e outros, além das doações que são feitas de forma espontânea”, revela o presidente do asilo, Edgar Nunes Corrêa, o “Bizuca”.
Ele confirma que muitos idosos assistidos pelo asilo são deixados por familiares, que nunca mais voltam para revê-los. “A família vem uma, duas, até três vezes, logo que deixa seu idoso aqui, mas depois acaba não voltando mais. Tem idoso aqui que não recebe visita de parentes há trinta anos”, diz.
Mas o momento, definitivamente, não era de tristeza. Era sim de diversão, ação social, guloseimas, bingo, jogos, prendas, visitas, confraternização. “Um dia de afeto”, ressalta o presidente.
“Está bom demais!”, agradecia, a todo momento de sua cadeira de rodas, dona Geralda de Castro, toda serelepe com as brincadeiras dos alunos. “Nem dá vontade que acabe”, completou dona Ambrósia, uma ‘velhinha’, que recebia a todos com um abraço apertado, sorridente e simpática.