Fisioterapeuta fala sobre os perigos de carregar mais do que 10% do peso da criança, valor recomendado por especialista
CARATINGA – Dados apontam que muitas crianças levam mais de cinco quilos em material escolar, valor bem acima do recomendado por especialistas, que é de até 10% do peso do aluno.
Carregar livros, cadernos, agenda, estojos e outros materiais trazem sérias consequências para as crianças. Rapidamente, elas começam a se queixar de dores nas costas e essa passa a ser a grande preocupação dos pais. Afinal, como lidar com o excesso de peso na mochila?
O DIÁRIO conversou com a fisioterapeuta Anna Paula Moreira de Souza, que ponderou que os prejuízos para as crianças são diversos, desde psicoemocional a psicossocial. “A criança pode ter, ao longo do tempo, dores na coluna e prejuízos como hérnias discais, quando estiver mais velho; estenose, redução do canal medula. Tudo pelo peso que esteja carregando. Hoje a gente sabe que as crianças carregam, em média, de 10 a 15 quilos. Uma criança em uma idade de 7 a 8 anos carrega oito quilos de forma errada. Às vezes de um lado só, não coloca a mochila nos dois ombros, dividindo o peso”.
A fisioterapeuta recomenda que os pais devam estar atentos a qualquer sinal de que o mal estar já se manifestou em seus filhos, devido ao excesso de peso. Isso pode trazer prejuízos até mesmo para a aprendizagem. “O ser humano não foi feito para carregar peso. A gente já deve vir com esse conceito desde criança, de procurar uma melhor forma para carregar esse peso. Mas, visto que a gente não consegue fazer isso, mudar o sistema, temos que avaliar a criança, procurar saber o que está acontecendo. Será que ela está indo bem na escola? Em caso negativo, será que está sentindo dores? Será que está prestando mais atenção na dor, carregando peso, do que na matemática ou português? Temos que olhar esse lado também, falamos muito no peso da mochila, muitas mães começam a levar o peso para a criança e questionam o caso de usar aquela mochila de rodinha. É só prestar atenção como a criança vai puxar o peso”.
Para a fisioterapeuta, o que as crianças carregam está longe do recomendado. Por isso, é necessário buscar mecanismos entre a escola e a comunidade, para reduzir estes transtornos. “As escolas falam que é muito caro manter um armário, além da responsabilidade pelo material que está lá dentro. A gente compreende o lado da escola, mas existem outros meios também para olhar isso. Os pais precisam procurar interagir mais na escola, para avaliar como melhorar essa questão e, principalmente, se estão carregando o necessário. Procurar um especialista e verificar se a criança está sentindo dor, que não é só nas costas, pode ser na cabeça, na boca, ouvido e às vezes até problema de urinar”.
PESO PREOCUPA
A Reportagem conversou com os responsáveis por alguns estudantes. Eles manifestam preocupação com o peso carregado pelas crianças. Lourdes Aparecida afirma que está atenta ao peso da mochila do filho. “É um pouco pesada pelo tamanho dele. Acompanho sempre para ver o que ele está trazendo a mais, às vezes trás algo escondido, que a gente não está vendo. Mas, são muitos livros e cadernos”.
Carla Ribeiro da Costa também se mostra preocupada com a situação e busca um acordo com a escola. “É muito pesada. Já comentamos com a professora para trazermos os cadernos agendados. Isso prejudica a coluna da criança, inclusive, eu mesma carrego para ela. Mas, com certeza isso vai gerar uma doença em longo prazo. Eu já tenho problema de coluna, ela também vai ter com todo esse excesso de peso”.
Eliana Nunes é avó de três alunos. Ela também alerta para os materiais que as crianças acabam levando desnecessariamente para a escola. “Certo dia eles chegaram lá em casa e percebi que a mochila de um deles estava muito pesada. Meu neto estava levando livro que não era de necessidade e ele estava reclamando de dor nas costas. Por isso, temos que estar olhando sempre”.