EM BUSCA DO DIREITO DE IR E VIR

Jenadir João destaca dificuldades de acessibilidade enfrentadas em Caratinga

Presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Caratinga fala sobre dificuldade de acessibilidade na cidade

 

CARATINGA- Sem rampas. Um poste no meio da calçada. Pisos irregulares. Circular pelas áreas públicas de Caratinga não tem sido tarefa fácil para os pedestres em geral, principalmente, os deficientes físicos e com mobilidade reduzida.

O DIÁRIO acompanhou as dificuldades encontradas pelo presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Caratinga (Adefic), Jenadir João de Oliveira, ao transitar pela Praça da Estação, no centro, por exemplo. A reportagem fez o trajeto com Jenadir para mostrar os principais obstáculos. Em um ponto, Jenadir precisou pedir ajuda ao repórter cinematográfico para acessar a calçada.

Jenadir chama atenção, principalmente, para um trecho em que a Prefeitura de Caratinga retirou o asfalto, retornando ao calçamento de pedras, o que dificultou ainda mais a travessia. “Infelizmente, em Caratinga temos sofrido um retrocesso nos últimos cinco anos. As calçadas, a cada dia que passa, piores. As pessoas estão construindo em cima das calçadas e o Poder Executivo está fazendo de cego para não enxergar o que está acontecendo. Além disso, o próprio Poder Executivo ainda vem trazendo mais retrocesso para a nossa cidade, como, por exemplo, na Praça da Estação, onde ontem (terça-feira) mesmo tive que passar por vários problemas de pedir ajuda das pessoas para transitar onde a pessoa arrancou o asfalto e vai deixar em pedras, da forma que se encontra nesse momento. E não é transitável, não temos calçada no local, portanto, a gente já usava disputar o asfalto junto com veículos. Sou usuário de cadeira de rodas, então, para a pessoa com deficiência, com mobilidade reduzida, a cidade está ficando caótica”.

Ele explica que o piso de pedras não é adequado para circulação das cadeiras. “Cadeiras de rodas são feitas para andar em piso liso. Aderente, mas, em piso liso, não é feito para transpor buracos, nem barreiras, não é para subir degraus. Cadeira de rodas não foi feita para isso. Inclusive estava ontem (terça-feira), numa cadeira motorizada, que apresentou vários problemas nesse trecho. Vou ter que ter gastos para fazer a manutenção dela, por causa de uma obra que está sendo executada, que vai ficar desta forma aqui na Praça”.

Além desta localidade, outras ruas da cidade apresentam dificuldades de locomoção, como enfatiza. “Lamento esta situação e venho mais uma vez pedir, temos cinco anos que não temos uma rampa de acessibilidade nas faixas de pedestres reformadas, que o nosso secretário de Obras está mudando as faixas de pedestres de local e não fazendo as rampas de acessibilidade. Isso está na Constituição, na Lei Brasileira de Inclusão, na Lei 13.146/2015; no Decreto Federal 5.296/2004. Tem que ter acessibilidade, não me venha com essa de patrimônio tombado, patrimônio histórico. É obrigado a fazer a acessibilidade para pessoa com dificuldade de locomoção ou deficiência. Todos os seres que vivem no território nacional têm todo direito de ir e vir, garantido pela Constituição Federal”.

Jenadir também frisa a questão do Passe Livre Municipal para a pessoa com deficiência que, segundo ele, ainda não foi implementado na cidade, embora a lei tenha sido sancionada pelo prefeito em 2018. “É mais um caso que já está virando uma história de quadrinho em Caratinga. Estou movendo um processo que está no Ministério Público desde 2019, o prefeito vai lá e diz que o passe está funcionando e eu desminto. O prefeito está mentindo, não tem passe livre funcionando em Caratinga. Estamos trabalhando para que isso comece a funcionar”.

A questão das calçadas, que estão bastante danificadas, também já foi apresentada ao executivo. “Estou falando em nome da Associação dos Deficientes Físicos, mas, posso também falar em nome do Conselho Municipal de Defesa dos Diretos da Pessoa com Deficiência, ao qual estou como vice-presidente. Remeti para o Conselho esta demanda e a questão das calçadas em Caratinga. Marcamos uma reunião com os secretários de Obras e de Meio Ambiente, eles não compareceram no mês passado. Oficializamos eles novamente, para que compareçam agora para discutirmos a situação. Se eles não aparecerem, vamos remeter essas peças para o Ministério Público, porque, a única alternativa que o executivo está nos dando. A falta de oportunidade para discutir e tentar resolver os problemas não houve, tenho documentos desde 2019, ofícios e mais ofícios para que discutíssemos e resolvêssemos isso”.

A respeito deste o assunto, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Caratinga. Até o fechamento desta edição não houve resposta.